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Fuckin' Perfect

Acordei na manhã seguinte com o sol que entrava pela fresta aberta da cortina, batendo diretamente no meu rosto. Sentia o calor no meu pescoço da respiração de Ally, seu corpo encolhido contra o meu embaixo das cobertas pelo frio que o ar condicionado ligado causava. Olhei para a pequena garota ao meu lado, e me deixei sorrir, meus dedos traçando a lateral de seu rosto, do queixo até sua testa, e alcançando os fios de cabelo. Deixei que eles deslizassem sobre os fios curtos. Sim, curtos. Depois que Ally saiu do banheiro na noite anterior, seus cabelos estavam curtos. Pouco maiores que os das garotas das fotos que vi na noite anterior, eles batiam poucos centímetros abaixo de suas orelhas. E ela estava linda. O corte era desleixado, Ally não era profissional nisso, claro, mas seria concertado antes do show de hoje a noite.

O show de hoje a noite. Eu tinha ideias voando na minha mente sobre o que eu planejava fazer nele, uma surpresa que provavelmente bateria na cara da realidade com toda a força que tinha. Me deixei suspirar, eu estava decidida sobre o que eu faria. Me afastando um pouco do corpo de Ally, eu me levantei da cama. O quarto estava vazio, Dinah foi dormir na minha cama provavelmente, pois eu não vi nenhuma das duas depois que sai do banheiro pela primeira vez na noite anterior. Caminhei a passos lentos até a janela, puxando a cortina um pouco para o lado. Ao olhar para baixo, pude ver um grupo de fãs lá em baixo. Caracterizados com camisas da banda, bandeiras e cartazes. Sorri e deslizei meus dedos sobre o vidro liso para abrir a janela, nesse momento a cantoria me atingiu.

-Flex, time to impress, come and climb in my bed, don't be shy do your thing... - eu sorri, e ouvi os gritos se espalharem quando eles me viram. Acenei pra eles. Eu estava boba, os lugares que passamos sempre demonstraram energia, carinho, amor e todos os sentimentos possíveis ao nos receber. Mas o Brasil... Era outro nível. A energia era imensa, o carinho era visível nos olhos, no jeito que eles cantavam. Era possível sentir o amor dos fãs dês do momento em que botamos os pés no aeroporto.

Gritos diferentes se espalhavam, e eu pude identificar alguns como "I love you", "We love you, Lauren", "Marry me", e outros como "Ally's room" e "Ally's window", mas gritos como os dois últimos eu fingi não escutar, mandando corações, beijos e acenos para todos eles, até que uma voz se fez presente no quarto.

-Lolo - ouvi seu resmungo fraco e manhoso, me fazendo olhar para trás e sorrir. Acenei uma última vez para os fãs e fechei a janela, ouvindo os gritos abafados ainda do outro lado. Caminhei até a cama e me deitei por cima de Ally, enterrando a cabeça no seu pescoço. - Será que eles vão gostar? - seus dedos agora estavam enrolados nos seus fios de cabelo, seus lábios tortos.

Eu olhei em seus olhos enquanto meu dedão deslizava pela sua bochecha. A insegurança nos olhos castanhos era nítida, e isso me matava por dentro.

-Você gostou, Allz? - perguntei, observando enquanto ela mordia o lábio inferior. Sua cabeça subiu e desceu lentamente, assentindo. - Se você gostou, Ally, eles vão gostar. E não importa se eles vão gostar ou não, okay? O que importa é o que você acha sobre isso. Você tem que estar bem consigo mesma, não importa o que os outros pensem - biquei seus lábios com os meus, vendo suas bochechas corarem. - Ah, e não que importe, mas, na minha opinião, esse cabelo está fodidamente perfeito - ri baixinho ao ouvir a pequena risada que saiu de seus lábios, fazendo meu peito inflar. Sorri e aproximei mais meus lábios do seus, iniciando um beijo calmo e lento, sem passar do toque superficial dos lábios, afinal, tínhamos acabado de acordar.

Me forcei a me afastar de seu corpo ao ouvir as batidas na porta, e logo ela foi aberta. Vi Ally puxando o lençol pra cima de seu rosto, escondendo até o topo de sua cabeça e ri baixinho enquanto me sentava na ponta da cama, observando Dinah adentrar o quarto dando um bom dia estridente. Camila, com cara de sono, estava agarrada na cintura de Dinah, praticamente dormindo enquanto andava. Normani cantarolava enquanto empurrava um daqueles carrinhos de hotel, cheio de comida em cima.