Prólogo

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Não sei exatamente como tudo aconteceu, em um minuto eu estava debruçada sobre a margem, tentando pegar - em vão - a minha pasta que já flutuava longe, imaginando veemente que todo aquele mar não passava de uma pequena poça d'água, pois só assim eu teria coragem de sequer encostar meus pés. Em outro, eu estava submergindo até o mais profundo oceano, na escuridão das águas eu sentia e via meu corpo se metamorfosear, minhas pernas ganhando um estranho  brilho verde azulado, meus antebraços se destacando com pequenas membranas, meu cabelo crescendo mais do que se eu tivesse feito uma hidratação milagrosa... E o mais louco, é que toda aquela agitação que eu senti só de pensar em entrar no mar deu lugar a uma tranquilidade, como se eu sempre tivesse feito parte dele. Como se eu fosse uma daquelas ondas que quebram na praia. O frio não me incomodava, os peixes abissais não me davam medo, a pressão nos meus ouvidos se igualava a sussurros do vento sobre a superfície.

Tudo era estranho, diferente e interessante ao mesmo tempo, até o momento em que senti a água perfurar os meus pulmões, só aí me dei conta que estivera o tempo todo respirando embaixo d'água. Comecei a me debater, sentindo o quão frágil meu corpo podia ser, e o quão burra eu era por estar naquela situação. Sozinha. Morreria sem nem ao menos saber o que estava acontecendo. Mas antes que eu pudesse me contorcer de dor e lembrar do meu pai no último momento, a mesma corrente marinha que me arrastou para o fundo também me levou para fora. Encharcada, porém intacta. De perto ainda podia se ver o brilho de pequeninas escamas cobrindo boa parte das minhas pernas, embora todo o resto estivesse simplesmente sumindo. O sol já tinha se escondido no horizonte, e a lua brilhava como se fosse coberta por pequenas luzinhas. Eu havia passado um dia quase inteiro no mar? Pois, para mim, não havia passado mais que cinco minutos.

Então eu chorei, chorei como uma criança que perdeu a mãe, estava escuro, frio e eu me sentia totalmente exposta. Não havia nem mais sinal da minha pasta, as pessoas que passavam me olhavam de longe com pesar. Eu parecia uma maltrapilha. Meu primeiro pensamento sobre o que tinha acontecido foi eu ter sido drogada, ou ter me afogado sem querer... as pessoas contam relatos incríveis sobre o pós morte. E se fosse meu caso? E se fosse o primeiro sintoma de uma doença incurável, daquelas que causam alucinações?...

Eu sei, estou realmente calma escrevendo esse relato, mas o que posso fazer agora? Gritar? Chorar? Contar ao meu pai que agora tenho guelras atrás das orelhas e escamas no corpo?... "Sim, enfermeiro, aqui está minha filha, devido a natureza do meu trabalho e as constantes ausências de casa, ela ficou louca." Não quero que essas sejam as últimas palavras do meu pai antes dele ir me visitar num quarto alcochoado. Sério, isso seria o fim...

                 ⚓⚓⚓⚓⚓

Então, gente, essa é a minha primeira história envolvendo o mundo mágico das sereias, confesso que não sou muito boa no quesito fantasia 😭😭..  Mas não custa nada tentar, certo?!
Como eu também não tenho muito tempo pra estar sempre atualizando, vou fazer uma boa quantidade de capítulos antes de postar algum.

Espero que vocês possam gostar!

😘😘😘


**Capítulo repostado devido a bugs no wattpad.

Destinada ao Mar [Projeto Sereias][Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora