Após uma noite calma e tranquila, os raios de sol invadiram o quarto branco daquele hospital, fazendo os meus olhos abrirem-se vagorasamente. Os meus músculos ainda estavam doridos, a minha cabeça doía, parecia tudo igual. Desviei a minha cabeça ligeiramente para a direita, no mesmo movimento o meu campo de visão foi invadido pela minha mãe, que dormia no sofá, soltei um longo suspiro por entre os meus finos lábios imaginando o quanto desconfortável ela poderia estar, queria-me levantar, queria abraçá-la, mas isso parecia impossível naquele curto espaço de tempo até que o som da porta se faz ecoar naquela sala. A voz melodiosa da minha avó e do pequeno Franciso fizeram-se ouvir, levando o meu olhar rapidamente para os mesmos, esboçando um meigo e fraco sorriso.
"Blue!" Franciso disse, no seu tom de criança de 3 anos, correndo desajeitadamente até à maca onde o meu corpo relaxava, estendi-lhe a minha mão, podendo assim sentir a sua pele suave da sua bochecha, acariciando a mesma.
"Shh." Falou a minha avó calmamente, num tom meigo, aparecendo agora atrás de Francisco, depois de ter depositado uma manta sobre a minha mãe, que agora, já acordada, andara até nós.
"Filha." Ela murmurou, passando a sua mão pela minha bochecha num ato maternal, esboçando um meigo sorriso. Queria-me levantar e poder envolver a minha família nos meus braços, mas algo de mal se passava.
"E-Eu." Gaguejei, tentando que os músculos das minhas pernas se movimentassem. "E-Eu não sinto a-as pernas." As lágrimas de desespero invadiam agora as minhas bochechas, fechando os olhos com força. "Eu não sinto as pernas." Falei, num tom mais alto, deixando que o desespero tomasse conta do meu corpo totalmente.
Francisco apertava a minha avó, talvez um pouco assustado com a minha reação, enquanto minha mãe e minha avó continham as suas lágrimas, podendo sentir a minha mãe nervosa.
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Hoje iria finalmente sair daquela maca, pensando que até uma cova se tinha formado depois dos 7 dias e 6 noites que tera passado lá. Sentei-me lentamente, com a ajuda das minhas mãos, 'transportei' as minhas pernas para o lado da cama, podendo agora sentar-me. Desapertei os botões da bata do hospital, deixando-a cair lentamente revelando o meu corpo semi-nu, peguei na minha camisola preta deslizando-a pelo meu tronco, retirando os meus cabelos loiros que tiveram ficado no interior da camisola. Agora a parte mais difícil, as calças. Olhei em volta, observando todos os recantos do quarto, vendo as calças no pequeno sofá localizado num canto do quarto, soltei um longo suspiro e engoli a seco, apoiei todo o meu peso nas minhas mãos posicionadas ao lado das minhas pernas. Tentei fazer forças nas mesmas, tocando com a palma dos meus pés no chão, tremia por todos os lados, levando assim uma das mãos à mesinha de cabeceira, posicionando o meu corpo agora na oblíqua. Estendi a minha outra mão na direção das calças, porém não tera conseguido chegar lá, caindo no chão de seguida. Começara agora a chorar de raiva, sentindo-me inútil e incapaz. Rapidamente o meu corpo foi envolvido pelos braços da minha mãe, que me puxava para a cama. Quando me sentei, de novo, minha mãe depositou um demorado e ternurento beijo sobre a minha testa, enxugando as minhas lágrimas de seguida.
"Eu estou aqui, agora, meu amor." Ela murmurou, esboçando um sorriso meigo entre as lágrimas que não tera conseguido evitar. Após alguns minutos, com a ajuda da minha mãe, já me encontrava vestida. Observei a cadeira de rodas a aproximar-se de mim, empurrada pelo pequeno Francisco que até agora não era visível visto que a cadeira de rodas tapava a sua pequena e frágil estatura. Um sorriso brincalhão aflorou-se nos seus lábios, olhando-nos.
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Heya bbys :)
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