Prólogo.

108 4 1
                                    

You should stay another night with me ..

As nuvens nubladas no céu, avisavam que logo não agüentariam a chuva que estava por vir. Quase não havia pessoas nas ruas, exceto aquelas que estavam abrigadas em seus carros caros e luxuosos. Miranda caminhava encolhida e apressadamente nas ruas de Los Angeles já imaginando a brinca que levaria de Goico ao seu chegar atrasada mais uma vez ao seu serviço. Levava consigo a costumeira expressão de impotência e fragilidade no rosto delicado e jovem. Os olhos azuis não tinham mais o mesmo brilho cativante e doce de um ano atrás. As bochechas antes, rosadas como se ela se envergonhasse o tempo todo, estavam mais esguias e ressecadas. Os cabelos tão sedosos e brilhantes, estavam opacos e escorridos pelas costas, agora magras da moça. Alguns diziam que fora pela perda recente da mãe, a qual era extremamente apegada. Outros, comentavam que havia se tornado mais uma no mundo dos vícios, tendo em vista o estado que sua casa se apresentava ou até mesmo as roupas que vestia.

Mas para ela, nada do que seus vizinhos dissesse importava. Eles não faziam idéia do que ela passava e ainda estava passando para sobreviver. Fazer o que fazia agora, era o modo que encontrara para comer e pagar suas despesas para viver como um digno cidadão americano. Era de longe o emprego digno de qualquer um, mas a manteria por um tempo até que a aceitassem na NYU, arrumasse um novo emprego e se mudasse para Nova Iorque. Quanto a isso, a garota se mantinha otimista, se permitindo sonhar um pouco mais longe e sorrindo pela primeira vez.

Ouvindo somente o pequeno estalar de seus antigos oxford, virou o último quarteirão e encontrou a avenida movimentada onde já podia ver o estabelecimento onde trabalhava. Caminhou relutante até o local e fitou as letras brilhantes que lembravam muito os cassinos de Vegas que via pela tevê. Respirou fundo e entrou porta a dentro.

O ambiente era quente e chamativo. O vermelho predominava, assim como o veludo que envolvia as poltronas. O palco lembrava aos cabarets dos anos cinqüenta. Miranda se praguejava amargamente por sorrir observando aquele lugar. Por mais que não se orgulhasse de trabalhar ali, ela se sentia em casa, acolhida por pessoas que nem se quer eram da sua família.

Only One NightOnde histórias criam vida. Descubra agora