Sonhos

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O calor era insuportável, por todo lado que olhava, apenas areia me rodeava. Definitivamente aquilo era o inferno. Sentir seu corpo desidratar e perder as forças a cada passo é horrível. Não sei por quanto tempo havia ficado exposto nessas condições terríveis, com o sol a pino cozinhando o pouco de sanidade que ainda me restava. Será que seria realmente o fim, dessa forma solitária, sendo cozido aos poucos por um calor infernal em meio as areias infinitas? Meu corpo iria apodrecer e secar sem nem mesmo servir de alimentos aos vermes e abutres, pois nesse lugar não há nada vivo, além de mim.
Meus olhos ardiam com o suor que escorria por minha testa, minha visão estava turva, devido a insolação. Realmente estava no fim. Meus últimos momentos seriam agonizantes sob o sol, lentamente perdendo a consciência e por fim desmaiando e sendo cozido igual a um porco no forno. Eram as ironias da vida, sempre tão sarcástica e seca.

A queda finalmente havia me libertado do sonho. Não que cair da cama no meio da noite, sendo um ser já adulto, fosse a melhor maneira de fugir de alguma coisa, mas era melhor que a imagem de seu corpo secando e perdendo a vida em meio ao deserto. Havia tempo que não sonhava com nada, afinal, dormir não era algo que fazia muito bem. Tenho insônia desde que me lembro por gente e os raros momentos que conseguia desligar completamente eram embalados pelo doce e terno nada. Nem uma centelha de imagens irreais me dando esperanças falsas de que as coisas poderiam, de alguma forma mágica, irreal e por mim desconhecidas, ser boas. Minha "curta" existência sempre fora abalada por dissabores e tragédias.
Me pergunto até o porquê de escrever estas coisas, sendo que vocês só se importam com romances irreais, distopias sempre seguindo a mesma fórmula tediosa e manssante e livros cujo teor sexual se resume à um quarto vermelho da dor... Esse último me tirou um riso quando vi.
Não que eu os ache burros, incapazes de apreciar obras do nível shakesperiano de outrora, obras cuja mente realmente é forçada a trabalhar, interpretar e entender seu real objetivo. Muito pelo contrário, eu me questiono por ser apenas mais um a escrever linhas tortas em um lugar que somente os "famosinhos" tem algum tipo de reconhecimento, onde histórias bobas levam legiões de fãs insandecidos a loucura suprema. Eu questiono minha própria existência aqui, em meio a vocês, tão famigerados por histórias com finais perfeitos, tendo os protagonistas perfeitos e os finais alegres, românticos e perfeitos. Eu, enquanto ser "vivo" não me encaixo nisso, isso sim me parece utopia, mesmo que ela seja ruim.
Em momento algum quero parecer arrogante ao ponto de dizer o que vocês devem ou não ler, afinal, se aqui estou, é por acreditar que algumas pessoas não se prendem apenas a esse tipo de leitura.
Talvez seja apenas a "idade" falando mais alto, mas apenas quero dizer que não irão encontrar aqui algo que seja como esperam, não irão encontrar romances e casais perfeitos. Somente relatos que colhi por eras e que, dado ao momento que o mundo vive, seria legal compartilhar. Quem sabe assim posso voltar a dormir e ter lindos sonhos com felicidades falsas e romances ainda mais falsos.
Também aviso que não sei com que frequência irei postar algo, nem sei se deveria postar sem ter tudo pronto. Talvez eu precise apenas esperar e ver se consigo escrever mais de 200 palavras soltas e aleatórias.
Dou a todos aqueles que decidiram ficar até aqui as boas vindo ao The Kaiju Freak Show e eu serei seu humilde guia ao mundo insano e confuso que se chamam de minha mente.

É estranho escrever e postar duas partes assim, num só dia. Geralmente eu não consigo encaixar e/ou seguir um fluxo/frequência. Minha mente não roda assim e esse é um dos motivos de eu nunca terminar nada do que começo a escrever, não consigo juntar as peças e ver a imagem se formando na frente dos meu olhos. Talvez (eu amo essa palavra apesar de saber que não devo usar muito, passa insegurança pra quem lê) seja algum problema de eu não querer ver o fim. A ideia de algo que eu tenha feito com tanto trabalho e dedicação chegar ao fim é dolorosa demais.
Sendo quem sou, muitas vezes me desconcentro e perco a linha de raciocínio. Já me aconteceu de apagar algo que estava ficando muito bom, no meu ponto de vista, apenas por eu me distrair com um gato dormindo. São essas pequenas coisas que me fazem pensar se realmente tenho alguma capacidade de ser um escritor. E talvez por isso eu seja tão frustrado nessa parte de mim, por que eu sei das minhas incapacidades, sei das minhas  dificuldades em em terminar qualquer coisa que seja.

Penso que essa dificuldade seja embasada nas muitas percas que tive na vida, não somente de coisas materiais mas também de pessoas.
Não são totalmente perdas mas sim o livre arbítrio que faz com que as pessoas sigam sua vida, que faz com que elas sejam livres pra partir.
A vida é igual uma rodoviária. As pessoas chegam, ficam algum tempo e depois se vão. São os caminhos estranhos que a vida toma.

De forma alguma estou criticando a vida, apenas fazendo uma analogia pelo meu ponto de vista (você certamente tem outros pontos de vista e possivelmente não concorde comigo, mas isso é problema somente seu).

Acho que, pra um princípio de escrita, consegui me sair bem, deixando alguns pontos explicados e outros ainda em dúvidas. Talvez eu os responda algum dia, se tiver vontade.

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