To Build A Home

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Harry teria uma vida digna agora, iria procurar um emprego e um lugar para morar, poderia ser feliz sendo ele mesmo. 

Estava frio, mas o dia não poderia ser mais belo para Harry. Uma garoa fraca caia, ele não se importava com mais nada agora, estava livre. 

Quando o guarda abriu os portões, Harry passou depressa por eles e puxou o ar com força para dentro dos pulmões, o cheiro da terra molhada, as gotas de água que caiam sobre sua cabeça. 

Começou a caminhar em passos largos para longe dali, logo mais à frente um taxi estava parado, alguém da BredBridge deveria ter pedido para ele, ele não conseguia nem se incomodar com o fato de que não tinha nada ali fora, dinheiro, uma casa, ele apenas sentia seu coração ser esmagado pela felicidade de estar livre. 

Mas então alguém desceu do banco traseiro do taxi, um rapaz vestido de preto segurava um guarda-chuva e seguia em sua direção, Harry parou de caminhar no mesmo momento, ele conhecia aquela pessoa. 

Louis. 

Ele estava ali parado a alguns metros de distância. Ele sorria para Harry.

– Eu disse que viria. – Louis falou com o grande sorriso nos lábios que deixavam seus olhos apertadinhos, com ruguinhas nos cantos, que agora estavam marejados. 

Naquele mesmo instante Harry começou a chorar como uma criança, ele havia lembrado da promessa que fizera alguns anos atrás, quando eles estavam escondidos atrás das cortinas nos corredores. Ele viera o buscar, cumprindo com sua palavra. 

Harry soltou as malas no chão e correu em direção a Louis, jogou seu corpo molhado pela chuva contra o corpo quente de outro que agora era um homem feito, tinha vinte anos, havia até barba em seu rosto. Louis soltou o guarda-chuva sem se importar e abraçou Harry contra o seu corpo com toda sua força. 

–Você veio, Louis, eu não consigo acreditar. Eu senti tanto, mas tanto a sua falta. – A voz do garoto saiu abafada contra o pescoço de Louis, ele mal podia acreditar que tinha o seu menino de cabelos cacheados em seus braços de novo. Ele teve tanto medo de não o vê-lo outra vez. 

– Eu também senti a sua falta, Harry, mas agora estamos aqui, finalmente livres, nada vai nos separar. Eu te amo, Harry. – Os dois choravam com os corpos colados, seus corações batiam em sincronia acelerados dentro do peito, quase como se fossem um só. 

– Eu te amo, Louis, tanto, tanto, tanto. Meu Deus do céu, eu pedi tanto para que pudesse te ver novamente. – Harry chorava afobado, em êxtase. 

Louis separou seus corpos para poder olhar no rosto do outro, bochechas vermelhas, olhos verdes tão brilhantes, ali estava seu menino dos cabelos cacheados. 

Ele avistou uma coisa que não poderia acreditar, Harry estava com o crucifixo que ele o dera na noite em que foram pegos, ele havia guardado consigo. Louis sorriu terno para o garoto e limpou as bochechas dele com seus dedos. 

Vamos para casa, Harry.– Ele sussurrou e se abaixou para pegar as malas. 

Harry pegou uma das malas de suas mãos e entrelaçou seus dedos nos dele. Durante a viagem de táxi, Louis o contava de como ficara sabendo da data em que Harry sairia. Lhe contou também que agora dava aulas de pianos para crianças em uma escola e que tinha comprado um pequeno apartamento em Londres, onde ele morava com sua gata chamada Olívia. 

Harry escutava todas as histórias com a cabeça apoiada no ombro de Louis e seus dedos entrelaçados nos dele, de vez em quando olhando a paisagem pela janela.

Já era fim de tarde quando eles chegaram ao apartamento. Louis subiu as escadas com as duas malas de Harry e parou em frente a porta do apartamento vinte e oito. 

–Bem vindo a nossa casa, Harry!– Ele disse com um sorriso quando destrancou a porta. 

Harry entrou primeiro, era tudo tão aconchegante, não era grande, mas era o suficiente, a sala tinha um sofá com uma manta e um carpete cinza no chão. Havia uma grande estante em uma das paredes, cheia de livros de todos os tamanhos e cores diferentes. Ao lado direito tinha um balcão e uma pequena cozinha atrás dele, uma mesa redonda em frente a pia que tinha uma janela, com vista para a rua, e algumas plantinhas apoiadas ali. 

Quando Louis fechou a porta atrás de si, Harry o abraçou com força novamente, depois o olhou nos olhos com ternura. 

–Eu te amo.– Ele não se cansaria de dizer aquilo nunca. 

Em seguida, fez o que sonhara em fazer por anos, o beijou, com fervor, seus lábios finalmente se encaixando aonde eles pertenciam. Era um beijo quente, a língua de Louis escorregava contra a do outro, mas nunca perdendo o toque de carinho e ternura.  

Harry passou suas mãos pela cintura de Louis, o sentindo contra seu corpo, e as adentrou por debaixo da blusa dele, subindo pelas costas. Seus dedos alcançaram marcas do que pareciam ser cicatrizes ali e ele se assustou com o tamanho delas, se afastando de Louis e o olhando com o cenho franzido. Louis havia sido torturado também? Haviam batido nele e tinha sido pior do que fizeram com Harry. 

–O que é isso nas suas costas, Lou?– Louis passou seus dedos pelas bochechas do menor, que agora não era tão pequeno assim. 

–Depois que fomos pegos naquele dia, eu fiquei apenas duas noites na Bredbridge e fui transferido. Esses foram os piores anos da minha vida, Harry, mas a nenhum momento eu conseguia me esquecer de você. Me lembrava todos os dias do seu sorriso e de como seu rosto mostrava medo quando fomos pegos. Eu fiquei me sentindo tão mal, se não tivesse te convencido a fugir nada disso teria acontecido, eu mereci cada um dos castigos que me foram impostos por ter feito aquilo para você, mereci cada tortura que sofri.  E quando eu saí de lá no fim daquele ano, estava decidido a te tirar dali, então, fui atrás do advogado do meu pai e dos meus tios, peguei a minha herança, mas não consegui fazer nada. Eles não me deixavam entrar para te ver e não recebiam as cartas que eu escrevia e pedia para te entregar, eu tentei te tirar de lá, mas não consegui. Sendo assim, eu me dediquei a construir uma casa para você, para nós dois, para quando você saísse de lá. Estou tão feliz que esse dia tenha chegado. 

Harry não podia acreditar no que ele estava ouvindo, Louis pensara nele nesses anos, não tinha desistido como ele imaginou. 

–Você não mereceu nada daquilo, Louis. Não foi sua culpa o que aconteceu, nós não merecíamos nada daquilo.– Eles se abraçaram, estavam chorando mais uma vez. Um misto de tristeza pelo que acontecera e felicidade por estarem juntos finalmente. 

Tudo o que havia acontecido para Harry e Louis, nada fez com que eles esquecessem o que sentiam um pelo outro. Nada jamais poderia fazê-los esquecer, porque o que tinham era muito maior que tudo aquilo.

Suas linhas da vida eram eternamente cruzadas, e apesar de todas as pedras no caminho eles se encontrqram, exatamente como deveria ser. Eles agora poderiam viver o amor livre de tudo e todos que tentaram os separar, um verdadeiro amor jamais morre na história.

A noite caíra devagar mais uma vez naquele fim de inverno. Fazia frio e Louis havia chegado há pouco do trabalho, estava deitado contra o peito de Harry na cama do quarto, em uma das suas mão ele tinha sua xícara de chá e a outra estava entrelaçada entre os dedos de Harry. Estava a ouvir a voz suave e grave do garoto enquanto lia um dos livros da estante da sala para ele.

"Amor é um marco eterno, dominante, que encara a tempestade com bravura; 
É astro que norteia a vela errante, cujo valor se ignora, lá na altura. Amor não teme o tempo, muito embora seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora, antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou, eu não sou poeta, e ninguém nunca amou." 

Harry estava feliz, ele estava finalmente nos braços de Louis, em paz. O mundo parecia um lugar tão bom agora, porque o seu mundo havia se tornado Louis, sua casa era em Louis e ele estava finalmente em casa.

––––– 

Fim.

Espero que tenham gostado da história :)

All the love.

See ya around. xoxo

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