Capitulo Quatro

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Depois da noite passada, Margot passou o resto da noite acordada e vagando pelos corredores. Eu não conseguia pregar os olhos, com medo daquelas visões voltarem a me assombrar. Levantei da cama e segui para o corredor. De costas para mim Margot estava parada no fim do corredor, usava uma camisola vermelha e falava no telefone chorando baixinho. Me aproximei dela e percebi que ela estava falando com os pais de Anabell sobre o ocorrido. Aquela casa tinha virado o verdadeiro circo de horrores, e aquilo me deixava completamente triste. Segui para o andar debaixo e percebi que eu e Margot não eramos as unicas a estarem acordada. Na sala no sofá. Arabella e Marcus estavam no maior amasso, enquanto Doneva e Courtney chorava em um outro canto, e bem no meio da sala um caixão com o corpo de Anabell dentro, ela seria velada ali, na frente do seu amado dando uns amassos em sua namorada?, aquilo não seria falta de respeito?. Passei por eles ignorando o que eles estavam fazendo, e fui até o caixão de Anabell, ele tinha um vidro como uma caixa de boneca, e lá dentro ela estava com um belo vestido branco e os cabelos castanhos claros arrumados em um coque. Observei a textura da pele dela "É assim que ficamos quando morremos?, palidos?" Pensei observando a mão dela completamente palida. Sai de perto do caixão tentando mandar aqueles pensamentos morbidos para longe. Segui para fora da casa, para o mar que estava bem no fundo do terreno. Sentei sobre uma pedra e observei os céus estrelados da California. Seria lindo se não tivesse um cadaver no meio da sala e duas pessoas chorando envolta. Passei a mão pelos bolsos da minha jaqueta que eu havia pegado antes de descer, e tirei de lá um cigarro. Mas enquanto eu acendia algo chamou minha atenção saindo do mar, aquilo só podia ser mais uma das minhas visões. Saindo do mar e vindo até a mim, estava Anabell, ela usava o mesmo vestido que o do caixão, mas sua pele não estava nem um pouco palida, parecia cheia de vida. Tampei os olhos tentando não ver aquilo, mas logo ouvi sua voz também, sussurando nos meus ouvidos:

-Eu ainda vou me vingar- Ela dizia como se o vento sussurasse no meu ouvido.

-De que?- Perguntei

-Deles

-Deles quem?

-Marcus e Arabella, eles nem se quer me respeitaram- Anabell dizia e tinha um tom de magoa na voz dela.

-Ai- Eu disse levantando e seguindo de volta para a casa. Queria manter aquelas visões longe de mim, aquilo não era normal, ver gente morta não era normal para mim. Passei pelo caixão dela novamente, e lá estava ela, sem se mexer e sem vida, aquilo só podia ser mesmo coisa da minha cabeça. Mas do outro lado da sala algo muito bom conhecia. Marcus estava ajoelhado no chão e Arabella em pé pulando de felicidade com um anel nos dedos.

-Agora somos Noivos!!- Marcus berrou para todos ouvirem. Aquilo deu um nó no meu estomago, eles deveriam respeitar o momento, respeitar a dor dos que gostavam de Anabell. Olhei pela janela e vi novamente o rosto de Anabell, mas dessa vez ela estava com um tom de raiva. Subi as escadas correndo, tentando tirar aquilo da minha mente. Nos corredores Margot não estava mais lá. Corri para meu quarto e me tranquei. Me joguei na cama e coloquei a cabeça sobre o travesseiro, tampando minha visão.

-Eu não quero ver mais nada- Sussurei em panico com a cabeça sobre o travesseiro.

- Ah para de bobagem garota- Alguém dizia sentado sobre minha cama. Abri os olhos e vi uma mulher loira, de idade que parecia ter saido dos anos noventa. Ela usava um vestido dourado colado no corpo que ia até os joelhos,o cabelo loiro era curto e o rosto era enrugado.

- Quem é você?- Berrei

-Tereza- A mulher dizia com calma e levantou da cama seguindo até a janela do meu quarto e a abrindo, passou a mão sobre seu vestido e tirou um cigarro do bolso, acendeu e começou a fumar liberando fumaça para fora do meu quarto- Essa casa é um labirinto sem saida, quando eu vim aqui pela primeira vez, era anos noventa, queria transformar isso aqui no meu cabaré, mas não tive muita sorte, as pessoas ao meu redor morriam, todas noites durante o show, e eu não sabia explicar, até um dia...O mesmo acontecer comigo. Observei a mulher completamente chocada, aquilo tudo não era real. Tampei os olhos e berrei para a mulher com lagrimas descendo pelos meus olhos:

-Vai embora!!, Me deixem em Paz!!- Berrei

-Nunca lhe deixaremos em paz, se você não for embora- A mulher dizia, mas dessa vez na minha mente, eu podia ve-la direitinho, ainda um pouco embaraçada. Em desparada corri para fora do quarto e voltei para onde todos estavam, no andar debaixo. A familia de Anabell já haviam chegado, tinha um homem alto dos cabelos brancos que usava um chapeu preto, e a mulher uma senhora conservada dos cabelos castanhos como o de Anabell. Fui para perto deles ainda de pijama sem me preocupar, só queria tentar me sentir uma pessoa normal:

-Meus pezames- Eu disse tentando parecer triste.

-Obrigada- A senhora disse e me deu um abraço mas por trás da senhora e de todos, estava Anabell sorrindo de uma maneira assustadora. Soltei do abraço e corri para fora da sala. Dessa vez eu estava na cozinha, sentada sobre a mesa, sozinha novamente mas com muito medo do que eu iria ver naquela casa, quando eu ouvi um grito vindo de cima. Sai da cozinha e subi as escadas, ninguém alem de mim havia ouvido, todos estavam distraidos conversando ou chorando, Mas Arabella não estava perto de Marcus, dessa vez ele estava sozinho. Segui pelo corredor e segui para onde havia vindo o grito. Adentrei a um dos quartos cujo a porta estava aberta. Sobre a cama Arabella estava com os olhos abertos, mas se debatendo, ela parecia está perdendo a respiração aos poucos, como se alguém estivesse a enforcando. Minha visão ficou turva e eu logo vi Anabell sobre ela, passando a mão em seu pescoço.

-Não faz isso!!-Berrei para Anabell sem me preocupar se Arabella achasse estranha.

-Eu não fiz nada- Arabella dizia com uma voz rouca como se estivesse prestes a morrer. Fui para perto delas e pensei no que fazer em momentos daquele, como afastar um espirito por algumas horas, e então lembrei da oração da Ouijja.

-Pai nosso que estás no céu, santificado seja o vosso nome, venha o nosso vosso reino, seja a feita a vossa vontade- Sussurei para mim mesma a oração- Assim na terra como no céu, o pão nosso de cada dia nos dá hoje, perdoar a nossas ofenças, assim como nos perdoamos a quem nos tem ofendido- Eu dizia e sentia que Arabella estava parando de se debater aos poucos, e Anabell estava se afastando, como se estivesse uma barreira que a impedisse e continuei- Não nos deixeis cair a tentação, mais livrais do mal, Amem!!- Assim quem terminei ouvi Anabell berrar e sua alma sumir aos poucos.

-Eu irei voltar- Ela berrou antes de sumir completamente. Arabella levantou da cama sem entender. Sorri com um pouco de vergonha

-Co..mo?- Ela perguntou sentando na cama passando a mão sobre o pescoço que ainda doia um pouco.

-Você acredita em fantasmas?- Perguntei e vi Arabella assenti. Sentei sobre a cama e comecei a contar tudo para ela, deis das minhas visões e tudo. E agora eu tinha certeza que aquelas pessoas que apareciam na casa eram espiritos, espiritos presos a aquele lugar, mas por que?, Não sei, mas eu iria descobrir quantas pessoas haviam morrido ali.


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