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foi tão bom quando te conheci aos 7 anos. sempre brincávamos, você sempre vinha na minha casa. enquanto eu, nunca fui na sua, você nunca me chamava para ir. sempre achei isso estranho, mas não importava. só tinha 7 anos mesmo, a única coisa que importava era a sua amizade. você era meu único amigo, o único que podia contar de verdade.

seus olhos eram minha parte preferida em você. principalmente quando sorria, ficavam apenas dois risquinhos. eles abertos me lembravam a galáxia, o universo. uma imensidão escura com pontos brilhantes. realmente muito lindos. assim como você.

eu te contava todos os meus segredos, todas as meninas que gostava. te contava o que acontecia comigo no colégio, quando algum professor brigava comigo por não prestar atenção, sendo que na verdade estava pensando em o que dizer pra você quando chegasse em casa.

minha mãe um dia perguntou quem que eu ficava conversando o dia todo. foi nesse dia que eu lhe apresentei. apontei pra onde você estava, ela olhou para você, sorriu sem mostrar os dentes e acenou. a mamãe era tão engraçada, sempre que lhe contava as suas histórias, você sempre ria. eu adorava sua risada. o papai dizia que você era meio quieto, e que só eu falava.

ele dizia que nunca escutava sua voz, mas eu sempre a escutava, e pra mim você sempre foi o que mais falava.

meu aniversário de 11 anos foi um dos melhores. você estava lá, cantando parabéns pra mim, só conseguia escutar sua voz de tão alto que cantava. comecei a brincar com meus amigos, e você não foi. te chamei várias vezes, para brincar com a gente, você apenas negava com a cabeça e brincava com a casa de lego que eu tinha ganhado de aniversário.

um dia, tentei te socializar com meus amigos, mas eles te ignoraram. não sei por que fizeram isso. acho que foi porque você não falou nada. porque você não falou nada? se tivesse dito, teria feito amizade com eles. acho que você achou que eles eram chatos, não é mesmo? mas eles não eram.

quando tinha 14 anos, perguntei a você se podia ir pra sua casa. você me disse que não. perguntei o por quê e você não me respondeu. deixei pra lá, devia ser algum problema em casa que não queria me contar.
mas não era um problema de casa.

parecia que você não crescia. enquanto eu já estava com 14 anos, cheio de espinhas e pele oleosa, você ainda tinha cara de criança, pele macia, sem nenhuma imperfeição.

quando estava com 18 anos, você me fez passar vergonha na frente da minha namorada.
porque entrou no quarto naquele momento?
mesmo assim, não consegui brigar com você, seu rosto delicado me fez deixar isso pra lá, e você prometeu não fazer isso de novo.

certo dia, você me disse que precisava ir. eu te perguntei porque, e para onde iria e você respondeu: "preciso ir, estão precisando de mim em um lugar muito especial. saiba que foi muito gratificante o ter em minha vida, ter cuidado de você. agora, preciso voltar para o lugar de onde eu vim."

então, eu me toquei.

me toquei por que me chamavam de estranho.

me toquei do motivo de meu pai nunca ouvir sua voz.

me toquei do porque meus amigos te ignoraram.

me toquei de você nunca ter me chamado pra sua casa.

me toquei que, em todo esse tempo, você nunca esteve comigo de verdade.

você veio á minha vida por um propósito, e esse propósito foi me fazer feliz. você realmente conseguiu fazer de mim um ser mais alegre e otimista.

obrigado, lee jeno.

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