Você não pode ir la fora

Eu quero sair

Estava sentado no parapeito da sacada, é algo perigoso de se fazer, porém me faz sentir o vento soprar em todo meu corpo.

Mamãe logo me viu e veio desesperada me tirar daquela posição.

"Você está tentando se matar Nelson?" Ela me perguntou me segurando pelos ombros, eu não respondi nada, afinal quase não falava com ela.

Entrei no meu quarto emburrado, uma rajada forte entrou comigo e mamãe lógico fechou a janela, fui para minha cama de pinho envernizada com verniz negro, mamãe sorrio para mim e me cobriu.

Ela saiu do quarto após me dá um beijo na testa e trancou a porta do meu quarto, a da janela ela também trancou como é costume. 

Observar as folhas baterem no vidro é o que me faz dormir nas noites de outono, logo será os flocos de neve, mas eu não vou poder sair de casa mesmo assim, não poderei ir no quintal e nem mesmo na escola.

Todos os dias, em horários específicos eu tenho que fazer as mesmas coisas: acordar; me banhar; comer; estudar; ler; sentir a brisa por sete minutos e quatorze segundos; deitar e dormir; reiniciar o ciclo.

Eu quero muito poder sair para brincar no quintal, ou simplesmente conhecer os outros cômodos da mansão eu nem sei quantos quartos a nessa enorme casa fora o meu, sei que tem uma cozinha gigante onde sua porta é selada com várias tábuas de madeira, uma sala grande com muitos sofás e um banheiro que parece um quarto de tão grande.

Tenho de fazer tudo acompanhado, menos o ato de dormir, é cansativo e chato, mas um dia eu vou sair desse lugar.