Capítulo 6: Sing Of The Times

126 24 6
                                    

Respirei fundo fechando os olhos e relembrando um doloroso passado.

Da maneira em que revivia o passado, eu narrava tudo para a Alessandra.

Depois de um tempo, o tempo em que meu irmão fora agredido, ambulâncias o socorrera, ele mal conseguia respirar, e aquela cena estava a ser uma das piores que eu pude ver.

Achei melhor me afastar, me afastar de tudo e de todos, e só voltar quando me tornar digno para conviver com, quem sabe uma família...

Eu não parei de beber, não por completo, ainda tinha minhas recaídas.

Havia se passado um tempo, talvez meses que não recebia nenhuma notícia de minha família. Achei melhor assim, melhor assim até eu conseguir ser uma pessoa melhor, e aprender a conviver com meu pai, não o perdoar, não sou capaz de tal coisa, mas a convivência poderá ser um passo.

Não tenho misericórdia de meu pai, ele não teve misericórdia por nós.

Por um momento eu parei de falar, apenas para pensar; então Alessandra me olhou estranho e abriu a boca para dizer.

— O que aconteceu? O que você se tornou?

Mais uma vez respirei fundo falando para a mulher diante de mim ter calma, pois já iria chegar ao ponto.

Estava parado em frente a minha casa, a casa de minha família. Não precisei de tempo para sair do grupo que estava me guiando para um caminho pior do qual eu me encontrava.

Não posso me considerar a melhor pessoa de todas, porém consegui um emprego de balconista em um dos bares que eu visitava. Não, eu não parei de beber, mas não sou mais um bêbado que foge por abandono, que se entrega a um mundo que não é dele em negação a realidade.

Olhei mais uma vez para a casa de tamanho médio, a casa que passei a minha infância me divertindo e sorrindo como a criança mais feliz do mundo. E então, com uma das mãos no bolso encarei a porta de verniz, e toquei a campainha.

Demorou cerca de minutos, sim, minutos para que alguém abrisse a porta, e quando a mesma fora aberta, pude enfim encarar aquele homem cujos olhos eram verdes se encontrava mais vivos.

— Filho... – Com os olhos arregalados e lábios secos meu pai pronunciará tal palavra.

Engoli em seco começando a ficar nervoso, a presença dele me incomodava de tal forma que, se eu pudesse andar quilômetros até meus pés sangrarem apenas para ver esse homem longe de mim e de minha família, eu andaria.

— O que faz aqui? Não temos notícias de você a tempos. Chegamos a pensar que... – Ele abaixou os olhos não terminando a frase.

— Que eu tinha morrido?! – Então completei desviando meu olhar do seu.

Pude perceber o quão mudado Jorge estava, sua fisionomia mais feliz, pele saudável e com uma cor mais natural. Além de seu rosto e corpo que antes magro, agora estava preenchido.

— Não falamos mais sobre você há algum tempo, pois... – Jorge fora interrompido por uma voz conhecida.

— Jorge, por que a demora? Nosso filho precisa de você. Sabes que não podemos deixa-lo sozinho. – Dissera minha mãe se aproximando aos poucos, pude ouvir sua voz cada vez mais perto.

Não pude processar muito o porquê de "não deixa-lo sozinho", pois ela havia parado me encarando profundamente como se estivesse a ver um fantasma. Estava eu, Jorge e Rosana; os dois parados na porta dentro de casa e eu ao lado de fora.

Perdão - Encontrando a salvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora