5: Corações

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-Sua irmã? - Júlia perguntou surpresa - Não sabia que tinha uma irmã.

-Você nunca perguntou. - Salvatore disse ao voltar à posição adequada - Carine, quando acha que conseguimos chegar lá?

-Segundo o GPS, em quinze minutos. - ela disse enquanto fazia uma curva - Mas ainda têm os semáforos e imprevistos. Difícil dizer.

-Como você conseguiu descobrir tudo tão rápido, Júlia? - Elena perguntou - Foi impressionante.

Júlia sorriu encabulada. Maria repetiu o que já havia dito antes no hotel, e Elena continuou elogiando Júlia por alguns minutos. Júlia ficou interessada na maneira que Elena estava encarando tudo aquilo. Ela não parecia assustada com o fato de seu namorado estar morto, mas também não parecia animada por fazer parte da investigação.

Era isso que Júlia achava, mas a mente de Elena estava a mil por hora. Ela estava tão braba horas atrás que chegou a pensar em matar Raio. Agora ele estava morto mesmo. Ela sabia que não era sua culpa, mas algo ainda a perturbava intensamente. A chave. A misteriosa chave que ela pensou ser só um pingente num colar, tinha causado a morte de seu namorado. E o que ele queria mostrar em um futuro distante? A não ser que os planos dele fossem aproximar um casamento. Tantas perguntas que não seriam mais respondidas.

-Vamos logo com isso, temos que responder mais perguntas. - disse Maria, chamando a atenção de Elena.

-Esse veículo não é policial, eu não posso ultrapassar o limite de velocidade. - Carine respondeu - Não tem ninguém perto de lá?

-Minha irmã e outros policiais estão nas redondezas, esperando o carro branco ou alguém parecido com as características que você deu ao retratista. - Salvatore informou olhando impacientemente para o celular.

-Eles ficam na surdina pra não dar sinal de que nós sabemos de algo, não é isso? - Elena perguntou.

-Exatamente. - Júlia confirmou.

Os minutos seguintes se passaram em silêncio. Todos estavam um pouco nervosos. Em especial, Carine estava tensa. Ela precisava resolver esse problema antes que seu hotel ficasse com a fama negativa de "cena do crime". Seu amigo havia perdido uma boa franquia de quiosques exatamente por esse motivo.

Maria estava sentada atrás de Carine e conseguiu sentir a tensão no corpo dela. No começo do dia, ela pensou já ter resolvido o mistério, mas seu palpite original era inocente. Carine tinha culpa dentro dela, mas não era dos assassinatos. Era um tipo diferente de culpa. Era algo que ela não poderia superar, não poderia se curar da culpa.

Culpados podem se arrepender e eventualmente os sintomas da culpa abandonam seus corpos. A esse tipo de culpa, Eva e o homem deram o nome de einmal, que significa "súbita", por poder aparecer e sumir rapidamente, dependendo somente de quando o culpado se arrependeria.

A culpa em Carine era diferente, ela não conseguiria se livrar dela só ao se arrepender. Algo que Carine havia feito tinha marcado tanto sua vida, que ela nunca seguiria em frente por completo. Krebs, "câncer", era o tipo de culpa que dominava Carine. Não era a culpa que Maria estava interessada no momento, mas ela não deixaria esse aprendizado escapar.

O telefone de Salvatore começou a tocar e ele atendeu rapidamente.

-Pegamos o carro branco. - uma mulher falou do outro lado da linha - Mas temos um problema sério.

-O que foi? - Salvatore perguntou.

-Ela está ameaçando cometer suicídio se não deixarmos ela passar. - a mulher explicou - É um revólver apontado pra cabeça dela, não consigo dizer se está mesmo carregado dessa distância. Estamos alguns metros antes do bar que você falou, vai conseguir nos alcançar antes que algo pior aconteça?

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⏰ Última atualização: Apr 04, 2017 ⏰

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