Ajudando o Inimigo

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— Olha! O monstrinho chegou! Você ainda tem coragem de aparecer com essa sua cara aqui? – questionou Baekhyun, rindo e fazendo a turma o seguir em um couro traumatizante de risadas.

Chanyeol ouvia coisas do gênero todas as manhãs ao pisar na sala de aula. Era algo tão ridículo... Qual o motivo de menosprezar alguém por uma simples cicatriz?

Chanyeol também não entendia, mas nunca perguntou isso, não falou muito também, fazia de tudo para ser invisível naquela sala de aula, mas Byun Baekhyun não permitia.

Chanyeol acidentou-se enquanto caçava com seu pai, quando era pequeno. A faca que estava na mão de seu pai atingiu seu rosto, deixando assim, uma cicatriz que ia do olho direito ao lábio inferior esquerdo.

Esse era o motivo para que todos tirassem sarro de si todos os dias.

Para o garoto de apenas quatorze anos, isso era quase como facadas. A humilhação diária o afetava internamente, mas Chanyeol nunca reclamou para seus pais ou professores – que também não notavam sua dor por não se importar. Ele sempre ficou com isso na cabeça, de que seria um incômodo, então apenas aguentava calado, voltava para casa e ajudava sua mãe nas tarefas diárias.

...

Houve um dia em que ninguém falou mal da sua presença, nem sequer a tinham notado. Esse dia viraram semanas, semanas de um silêncio quase absoluto nas salas de aula. 

Chanyeol não demorou a perceber que a carteira ao fundo da sala estava vazia, não era motivo de chacota, pois o causador delas não aparecia na aula há um bom tempo, Baekhyun havia sumido sem dar notícias.

Chanyeol pensou em procurar o garoto. Seu coração era puro o suficiente para perdoar, mas antes que pudesse fazer isso, o pequeno retornou à escola em uma cadeira de rodas e cego de seu olho direito.

Houve um tumulto no início, todos queriam saber o que tinha acontecido com o pequeno.

Chanyeol ouviu pelos corredores que na volta da escola, no mês anterior, o pai de Baekhyun perdeu o controle do volante e bateu com o carro, o pequeno estava no banco da frente e alguns estilhaços entraram em seu olho o deixando cego de maneira irreversível.

...

Alguns dias haviam se passado desde a volta do Byun para a escola.

Agora o pequeno havia "tomado" o espaço que antes era somente do Park. Ele ficava todos os dias solitário em algum lugar da escola, guiando sozinho sua cadeira de rodas e com o rosto cabisbaixo, como se estivesse sempre a ponto de chorar.

No fundo Chanyeol morria de medo da reação de Baekhyun, mas não deixou de morder o lábio inferior e seguir a passos firmes em direção ao garoto.

— Err... Você está aqui sozinho... posso almoçar com você? 

Baekhyun apenas olhou com as bochechas levemente enrubescidas e assentiu.

Os dois comeram em silêncio, nem se olhavam, mas aquela aproximação e só o fato de ter alguém ali... parecia trazer um calor acolhedor para os dois, que antes pareciam apenas conhecer a solidão. Afinal, mesmo com amigos, Baekhyun sempre se sentiu solitário.

 ...

Passar os intervalos juntos já havia virado uma rotina entre os dois, mas sempre em silêncio, apenas observando os outros alunos da escola.

Mas Chanyeol resolveu novamente mudar as coisas, o máximo que aconteceria era tudo voltar ao silêncio habitual.

— Baekhyun, o que aconteceu afinal?

— Como assim?

— O acidente, como aconteceu?

— Ah... É um pouco complicado...

Pedidos Escritos por @_AvallonOnde histórias criam vida. Descubra agora