Dois anos se passaram. Desde aquele dia, não tinha notícias de Giulia. Tentei manter contato, pois, por mais que nosso namoro não estivesse dando certo, eu gostava de conversar com ela, queria manter uma amizade. Mas, ela não.
Minha carreira só vinha deslanchando. Como levantador titular da seleção italiana ganhei uma Liga Mundial, pelo Trentino tive a oportunidade de ganhar o Mundial de Clubes sob o Cruzeiro, no Brasil. Não vou mentir, doeu não a ver na arquibancada, a todo momento vinham flashbacks da primeira vez que a vi, naquele mesmo ginásio.
Os primeiros meses foram os mais difíceis, tudo que acontecia na minha vida eu sentia a necessidade de contar a ela. Era uma tortura saber que não podia, por uma escolha minha. Foi difícil, mas vinha superando. Tinha tido pequenos relacionamentos, mas nenhum deu certo, nenhuma era ela.
Era dia 14 de fevereiro de 2021, estava em Paris, teríamos um jogo contra a seleção francesa, daqui a dois dias. Nosso treinador nos deu a liberdade de passear pela cidade. Estar ali me levou novamente à Giulia, era seu sonho estudar naquela cidade, conhecer a Torre Eiffel. Foi lá que decidi começar o meu tour.
Sentei em um banco e comecei a observar os turistas que se aglomeravam ali, tentando tirar uma foto que fizesse jus ao monumento. Uma turista em questão me chamou à atenção. Ela estava um pouco mais a trás e estava de costas para mim, mas pude ver que ela brigava com sua câmera, tentando enquadrar ela e a torre.
– Desculpe, mas você quer que eu tire uma foto para você? – Me aproximei e encostei em seu ombro, chamando a sua atenção. Seu perfume era familiar e já foi preenchendo meu corpo de sensações que apenas uma pessoa conseguia.
A garota virou na minha direção, meus olhos não estavam acreditando no que estavam vendo. Só podia ser alguma brincadeira do meu cérebro. Ali, na minha frente, estava Giulia Maiocchi.
– Giannelli? Há quanto tempo! Quem diria que o encontraria aqui.
–Não poderia imaginar um lugar melhor, você sempre foi apaixonada por essa cidade. Está morando aqui?
– Já está fazendo dois anos. Estou fazendo um curso na Université de Paris.
– Realizando seus sonhos. Como anda a sua família, seus amigos?
– Estão todos bem. E a sua família? Os meninos do time? Tenho saudade deles.
– Só deles? – A provoquei e sorri demonstrando que estava brincando – Estão todos bem, minha irmã acabou de ter sua primeira filha.
– Claro que não foram só deles, da sua família também. – Ela provocou – O baby deve ser lindo, assim como sua irmã.
– É sim, tenho uma foto aqui, deixa eu te mostrar.
– Seus pais devem ser aqueles avós bem "babões", né?! Essa menina linda vai ser bem mimada. – Ela se aproximou um pouco mais, para ver melhor a foto.
Ter ela tão perto novamente foi como se nunca tivéssemos nos afastado. Aquela tarde passou voando. Contamos tudo o que tinha acontecido naquele tempo separado. Percebi que Giulia continuou me acompanhando como jogador, ela até deixou escapar que chegou a torcer contra a Seleção Brasileira, nas olimpíadas do ano anterior.
Saber que ela ainda se importava foi como voltar a quatro anos atrás. Não queria perder aquelas sensações que eu sentia quando ela estava perto. Para não a afastar novamente, convidei-a para assistir ao jogo contra a França. Queria aproveitar o máximo que podia desses momentos.
Ganhamos de quatro sets à um. Giulia estava na lateral da quadra conversando com alguns dos meninos e suas namoradas. Sentia falta desses momentos. No meio daquela confusão, vi quando seu olhar encontrou ao meu e sorriu. Não qualquer sorriso. O sorriso que ela me dava, quando sentia orgulho ou queria alguma coisa. Era o meu sorriso ali novamente.
Aproximei-me do grupo e a abracei de lado. Poderia congelar aquele momento, aquele sorriso. Ali, naquela quadra, decidi que não poderia perdê-la novamente e faria de tudo para que, dessa vez, desse certo. Eu sabia que iria.
– Senti falta de ver você junto da gente. Perto de mim. Saiba que, até te conhecer, eu não sabia o que era amor. Você me ensinou.
Olhei para aqueles olhos. Me perdi por uns instantes. Só ela importava. Puxei-a para mais perto de mim, sua cabeça batia no meu queixo. Ela teve que inclinar um pouco para poder olhar para o meu rosto e nesse momento juntei nossos lábios.
Baseado em Fatos Reais
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Até Te Conhecer
Short StoryPodemos encontrar o amor em diferentes locais. Encontrei o meu nas quadras. Eramos jovens e apaixonados, mas um oceano nos separava. Ás vezes as coisas não são como o esperado e você tem que deixar ela ir. Escrita por @PriRibeiro95 Música: Until I M...