ONE

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15 de maio. Primavera em Veneza e em todo o hemisfério Norte.

Uma ótima época para bons começos, boas viagens, maravilhosas recordações. É como se o ambiente mudasse, as pessoas ficassem mais sociáveis e felizes. Os sonhos florescem, as coisas se tornam realidade. As paisagens de Veneza te envolvem e fazem tudo ser melhor.

Não tem como nada dar errado na primavera.

E, mesmo se der, ainda é primavera.

Há sete anos, se alguém dissesse a Audrey que Tommy estaria casando com Luna, ela riria. Mas não uma risada qualquer, seria uma daquelas escandalosas que atraem olhares e te fazem ficar envergonhado.

Porque essa era a verdade. O fato daquele relacionamento ter dado certo era louvável, muito mais do que ela havia previsto. Mas não era porque Audrey detestasse Luna. Na verdade, as duas eram amigas muito próximas. Nem era porque ela achasse que Tommy não era bom o suficiente para sua amiga, porque não era o caso.

O motivo da risada seria pelos motivos que os fizeram assumir um relacionamento.

Na época, eles tinham por volta dos quinze anos e estudavam todos na mesma escola. Tommy era apaixonado por uma líder de torcida, que nem era tão bonita, mas que tinha desenvolvido um belo corpo nas férias, enquanto o resto das meninas colocavam lenços no sutiã. Já Luna, era apaixonado pelo jogador de rugby, ele não era tão popular, mas sempre arrancava suspiros de qualquer garota por quem passava. Esse jogador, em específico, namorava com essa líder de torcida.

Luna ficou animada e viu suas esperanças retornarem no dia 15 de maio, quando apertou a mão de Tommy, um garoto que tinha acabado de conhecer, firmando um acordo em que tentariam acabar com o relacionamento deles. Dois anos depois, conseguiram atingir o objetivo, mas Tommy acabou ficando sozinho depois de perceber que seus sentimentos por Luna iam além da amizade. 

Ainda durou um ano para que ele a conquistasse totalmente.

Os dois se aproximaram da maneira mais incomum o possível e as chances daquele relacionamento dar certo eram poucas.

Mas funcionou. E ali estava Audrey, segurando o convite de casamento que tinha recebido há seis meses, juntamente com sua bagagem de 1 semana. O seu convite não era como o dos outros. Era diferente.
Porque quando ela recebeu o convite, inevitavelmente, fez uma careta e ligou rapidamente para Tommy, sem se importar com a diferença de horário, apenas para saber se aquilo era uma piada. Mas ele garantiu que não era. E ele insistiu para que ela aceitasse.

Não era incomum mulheres serem o Best Man do noivo, mas aquilo não era frequente também. Quando perguntou para Tommy se ele era tão solitário a ponto de convidá-la para ser sua best man, ele apenas sorriu e disse que se não fosse por ela nada daquilo estaria acontecendo.

Talvez sim, talvez não.

Mas Audrey acabou ficando feliz por ter recebido aquele convite, mesmo que involuntariamente tivesse que ficar do lado dele na cerimônia. Claro que ela não foi um dos best man's mais presentes, mas não deixou de providenciar tudo que o noivo precisasse, ainda que estivesse em Paris.

E lá estava ela, dois dias antes da cerimônia, pousando na Itália depois de cinco longos anos sem ter voltado ali. Não tinha sido uma das melhores fases de sua vida, mas longe dali e de toda a confusão que sua vida tinha se tornado, ela conseguiu descobrir quem era de verdade.

Audrey sorriu assim que avistou Tommy segurando uma plaquinha com seu nome escrito. Eles já tinham se visto outras vezes, mas completava seis meses que não se viam pessoalmente. Audrey não tinha o costume de demonstrar emoções publicamente, mas ver a pessoa que tinha se tornado muito mais do que um simples colega de classe, lhe despertou um sentimento de saudade. Como se ela sentisse falta, mas não soubesse.
Assim que ela sentiu os braços de Tommy contornarem sua cintura e a puxarem para um abraço, foi impossível não deixar de derramar certas lágrimas.
- Hey, nada de chorar agora, meu casamento é daqui à dois dias. - Ela ouviu Tommy sussurrar e se afastou sorrindo e limpando as lágrimas com as costas de sua mão. - Como você está? Faz uns... - Ele disse pensativo.
- Seis meses. - Ela completou. - Estou bem, cansada, você sabe. E tinha um pirralho que estava pirraçando do meu lado, então meu nível de estresse está pior do que planejava. - Ela disse revirando os olhos.
- Bom, o seu quarto está pronto, então você poderá dormir o quanto quiser. - Ele disse depositando um beijo em sua cabeça e tomando a mala de suas mãos.- Quero dizer, até o jantar, claro. - Tommy riu e começou a andar rumo ao carro.

One Last ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora