Capítulo VI- Feliz páscoa

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Não era possível ver quem ou o que estava ali. Tentei me encolher na cestinha com medo do que poderia acontecer. Mas o que tinha acontecido comigo? Antes eu era corajoso, não tinha medo de nada e enfrentava qualquer perigo sem hesitar. Me levantei para encarar o sujeito e proteger Mel, mesmo que eu tivesse apenas 30 cm de altura.

Assim que suas orelhas saíram do meio da escuridão, não demorou muito para que eu reconhecesse Vermelho Vinte e Dois. Ela sorriu para mim parecendo me reconhecer.

—Não precisa ter medo dela. Ela é minha amiga. — avisei a Mel.— Vermelho Vinte e Dois! — a chamei querendo que ela se aproximasse de mim.

Vermelho se aproximou de nós, e Mel olhava intrigada para ela.
— Acho que ela está impressionada pelo seu tamanho. — falei.

— Chefe! — Vermelho me pegou no colo me rodando no ar.

—Se você não me largar irei te demitir. — eu odeio me sentir inferior aos outros coelhos.

—Me desculpe Chefe, eu estou feliz em ter te encontrado. Estamos te procurando a quase sete dias.

—Já fazem seis dias que estou sumido? — me impressionei pelo tanto de tempo que passei aqui.

—Exato, eu e os outros estávamos te procurando, mas enfim te achei.

—E Maléfico?

—Ele está preso. Conseguimos enfim prender aquele vigarista.

—Só porque eu queria dar uma lição nele. Mas vemos isso depois.

—Tudo já está pronto, mas não podemos fazer nada sem a sua autorização.

—Mas como eu posso fazer alguma coisa assim? — apontei para mim.

— Abra a boca. — ela pediu e eu obedeci. — Agora mastiga. — ela colocou uma cápsula em minha boca e eu a mordi fazendo o líquido amargo se espalhar pela minha boca.

—E aí, o que vai acontecer?

—Espere para ver.

Não demorou muito para que o feitiço se desfizesse e eu voltasse a minha altura original, agora eu não me sentia minúsculo e inofensivo, olhei para o meu corpo alegre com minha real aparência.

— Você é linda! — Melissa falou olhando para Vermelho Vinte e Dois. — Você era mais bonito quando era pequeno. — acabamos soltando uma gargalhada.

— Chefe não parece ter gostado da experiência. — Vermelho notou.
— Meu nome agora é Billy. — contei a ela.

—Billy? — Vermelho estranhou a troca repentina do meu nome.


—O seu pode ser Penélope. — Melissa sugeriu.

—Eu gostei desse nome pequena!

—Me chamo Melissa. — se apresentou segurando na pata de Penélope. — Agora podemos levar Billy para casa?

—Claro que podemos! — Penélope disse algumas palavras na qual eu não entendi muito bem o que eram. Mas em fração de segundo um portal se abriu e entramos sem hesitar.

Mais uma vez eu estava em casa, no meu mundo, em meu lar. Eu olhava em volta de tudo como se fosse algo novo para mim, mas eu ainda precisava fazer alguma coisa que mudasse a páscoa para melhor.

—Penélope quanto tempo falta para a páscoa? — perguntei.

—Apenas quatro horas.

—Eu irei fazer algumas mudanças. Irei fazer essa páscoa tão inesquecível como nunca.

—Em quatro horas?

—Se Papai Noel consegue entregar todos os presentes em uma noite para todas as crianças, iremos conseguir também , se todos me ajudarem.

—O que acha que podemos fazer? — Penélope perguntou.

—Eu tive uma ideia! — Mel soltou um sorriso radiante.

Ao final do plano de Mel, começamos a agir conforme suas ideia. Pegamos vários dos ovos de chocolates já feitos para esse ano e com a ajuda de meus coelhos levamos a casa de cada criança e espalhamos diversos bilhetes pelas casas como pistas para o encontro dos ovos de páscoa. Era um novo formato da caça aos ovos, de um jeito inusitado e isso tudo graças a Mel.

A manhã já chegará e todos nós já estávamos exausto, mas olhando o resultado valeu muito a pena fazer tudo isso.

—Bem a tempo da páscoa! — falei olhando para Penélope e Melissa. — Tudo graças a você pequena. — dei uma piscadela para Mel que logo abriu um sorriso. — Muito obrigado!

—Não tem de que Chefe Billy!

Olhávamos pelo grande espelho mágico a alegria de cada criança ao encontrar os ovos Dr chocolate após seguir todas as pistas. Apenas o sorriso delas estava sendo gratificante para mim.

—Eu não queria atrapalhar, mas está na hora da Melissa voltar. — Penélope disse estragando o momento.

—Eu tenho mesmo que voltar para casa? — logo o semblante de Mel se entristeceu.

—Seus pais estão preocupados com você. Assim como o Billy você também tem um lar. — ela soou compreensiva.

—Eu não queria ir embora! — Mel abaixou sua cabecinha parecendo chorar.

—Melissa... — me aproximei dela. — Você foi muito importante para mim, nos ajudou bastante, e saiba que eu irei te ajudar no que for preciso, eu não queria que você fosse embora, mas pense em sua família, eles vão ficar muito tristes se não te verem mais.

—Vou sentir a sua falta! — Melissa olhou para mim tentando não chorar. Aquilo partiu o meu coração.

—Eu também Mel. — tentei ser forte e não insistir para ela ficar,  pois eu sabia que seria em pior.

—De presente. — ela esticou sua pequena mãozinha me entregando a coleira que antes servia em mim como uma luva.

—Obrigado! — me abaixei ficando de seu tamanho e lhe dando um forte abraço.

—Promete não se esquecer de mim?

—Prometo, e você promete também não se esquecer de mim?

— Jamais irei me esquecer de você coelhinho. — ela tocou em minha cabeça.

— Feliz páscoa! — abri minha pata entregando a ela um pequeno ovo de ouro.

— Feliz páscoa! — ela olhou para os desenhos grafados no ovinho. Ela olhou para mim e se afastou indo em direção ao portal.

Seu corpinho foi desaparecendo conforme ela se aproximava do portal. A última coisa que eu pude guardar na memória era o sorriso alegre que Melissa carregará consigo. Eu jamais me esqueceria daquilo.

Eu não tinha palavras para descrever o quanto Melissa me ajudou, e o tanto que ela foi importante para mim. Não tinha quantidades de ovos de páscoa para oferecer a ela como agradecimento. Mas eu prometi a mim mesmo que se ela precisasse poderia contar comigo a todo o momento, porque ela sim carrega consigo o verdadeiro valor da páscoa.






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