Capítulo V- De volta para casa

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Apenas bastava eu localizar aquele homem que retirará o coelho da cartola e pronto, eu poderia enfim salvar o meu emprego.

- Billy até que enfim te encontrei. - Mel se abaixou me pegando em seu colo.

- Mel achei o portal. - falei a ela eufórico.

- Onde? - Mel olhou para os lados procurando algo.

- Ali. - apontei para o grande televisor onde mostrava diversas vezes o homem da cartola.

-Eu pensava que a gente estava procurando um portal não um mágico.

-Ele tem uma cartola, e foi de lá que eu vim. - expliquei.

-Ah tá. Mas tem um problema.

-Qual?

-O show de mágica só vai começar as duas. - ela apontou para o cartaz onde mostrava todos os detalhes do show.

-Era só o que me faltava! - bufei.

(...)

-Vou comprar alguma coisa. - Mel disse após tanto tempo esperando em frente ao local onde ocorreria o show de mágica.

-Também estou com fome.

-O que você come? - ela perguntou.

-Qualquer coisa que não seja o tal de sucrilhos.

- Isso nem eu como mais. -
Mel fez uma careta enojada.

Entramos em um supermercado, parte dele estava recheado de ovos de páscoa de todos os tamanhos e cores, com diferentes personagens em suas embalagens. Olhei intrigado com aquilo.

-Eu não sabia que tinham tantos ovos assim. - comentei com Melissa.

-São ovos feitos na fábrica. - Mel contou me fazendo cair na real.

-Então o trabalho de nós coelhos está sendo em vão? Fizemos tanto esforço para isso? - olhei ao meu redor indignado.

- São poucas as crianças que saem para procurar ovos como antes, meu irmão me disse que coelhos da páscoa não existem. Mas eu nunca deixei de acreditar. - ela deu um sorriso.

-Eu não sabia disso. - suspirei.- Eu sempre respeitei a tradição da família, isso foi passado de geração a geração. E agora está acabando. - sussurrei na última frase.

-Não fica assim Billy, nem todo mundo se esqueceu disso. Essa páscoa você pode tentar algo diferente. - por um momento me esqueci de que Melissa tinha apenas sete anos e que quem deveria estar tentando encontrar alguma solução era eu.

-Você tem razão, vamos procurar esse portal e fazer a páscoa acontecer. - falei com convicção.

O show de mágica havia começado, e eu contava os minutos para acabar, eu precisava da cartola para voltar ao meu mundo. Tempo antes das crianças se esquecerem da páscoa de vez.

-Boa tarde! - Mel cumprimentou o mágico no final do show um tanto tímida.

-Boa tarde menina, posso ajudar? - ele deu um sorriso.

-Por acaso essa sua cartola leva para o mundo dos coelhos? - perguntou.

-Claro que leva!

-Então você pode levar o meu coelho até lá? - Mel apontou para mim, enquanto eu esperava por uma resposta.

-Eu estou muito atrasado para um outro show, não posso ajudar. - se desculpou.

-Mas... - antes que Mel conseguisse argumentar, o mágico pegou sua maleta e saiu pelos corredores do supermercado. - E agora Billy?

-Não tem outro tal de mágico por aqui?

- Até tem, mas eu não faço a mínima ideia de onde ele pode estar. Mas podemos procurar.

-Tudo bem! - aceitei e saímos do supermercado.

Andamos durante algum tempo pelas ruas, o que para mim parecia horas. Mel empurrava sua bicicleta já exausta, a minha intenção não era deixar ela nessa situação. Imagina como seus pais estão agora? Eu nem pensei no quanto eles ficariam preocupados com a Melissa.

-Mel seus pais devem estar preocupados com você

-Mas e você? Se a gente voltar não vamos encontrar sua casa.

-Já está escurecendo, a comida já acabou e não encontramos nada até agora. Amanhã podemos continuar. - sugeri.

-Por mim tudo bem. - ela bocejou e depois fez uma cara séria. - Billy tem um problema. Eu não sei voltar para casa.

(...)

O tempo parecia correr, e nós estávamos mais perdidos do que nunca. A quantidade de casas diminuíram na rua e o perigo se aproximava. Eu estava cansado, e Melissa mais ainda. Eu queria encontrar enfim a minha casa e acabar com essa agonia toda.

-Billy eu estou com medo. - Melissa começou a andar lentamente.

-O que aconteceu?

-Acho que tem alguma coisa atrás daquela árvore. - ela apontou para a imensa árvore a nossa frente.

-Deve ser um gato. - deduzi.

-Um gato não tem o tamanho de uma girafa, ou tem? - me atrevi a olhar para frente onde havia uma sombra de algo indefinido, engoli em seco. O que faríamos agora?

O Que Trazes Para Mim?Onde histórias criam vida. Descubra agora