Prólogo

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O que é que eu possivelmente poderia ter feito para mudar a decisão dele? Eu sei que ele o fez com a melhor das intenções e eu devo-lhe a minha vida por isso mas agora eu não consigo afogar a dor que sinto, não consigo fechar os olhos à noite, não consigo ir à rua porque sempre que o faço vejo-o, o meu coração palpita por ver o seu dono e depois a sua imagem desvanece e eu encontro-me novamente sozinha.

Há muitos meses que não saio de casa, tenho escrito de vez em quando mas nunca mais consegui escrever como escrevia, a minha inspiração desapareceu com ele. De vez em quando alguém bate à porta mas eu não consigo ouvir nada além do meu choro e não consigo sentir nada além da dor que tenho no peito. Olho à volta e vejo todas as memórias que deixou para trás e penso no que poderia eu ter feito para o ter nos meus braços mais tempo.

Não tenho coragem de encarar a sua família, a culpa consome-me, ainda que me tenham dito vezes sem conta que a responsável não fui eu, eu sei que fui e que no fundo eles também o sabem.

Leio todos os dias as cartas que me deixou, trazem-me um certo conforto e uma sensação de companhia, ainda que falsa. 

A ideia de que eu podia ter feito algo tortura-me todos os segundos do meu dia, mesmo quando eu não sei em que dia estamos ou quanto tempo já passou desde que me tranquei aqui dentro. Não sei se é dia ou noite e, sem ele, não há motivo para o saber.

Estou sozinha, rodeada de memórias, e sei que a culpa é minha.

GONE ;; Grayson Dolan PTOnde histórias criam vida. Descubra agora