suicídio

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Antigamente a vida era mais estranha. Lembro-me de me mutilar algumas vezes e a sensação da gota de sangue descendo pelo meu corpo. Ah, essa sim me agradava! A primeira vez eu tentei e fui um fraco por não conseguir. A corda estava frouxa demais – ou será que eu simplesmente não queria esse caminho? Lembro que a sensação de só me mutilar, chegou uma hora que não tinha mais graça. A sensação que corria pelo meu corpo, o êxtase que antes me possuía, já não tinha efeito mais. Aí ocorreu a segunda vez, sinto que o corte não era tão profundo, porém o sangue escorria e tomava todo o azulejo de minha casa. Quando menos percebi estava enrolado em uma poça de sangue. Sinto que desci até o inferno e quebrei as porteiras do paraíso. Tanto faz a vida tinha acabado para mim. Nunca me senti tão contente e realizado e alguns podem dizer que sou um idiota por ter cometido suicídio. Espero que essa moda não pegue, pois ela só serve para pessoas estranhas, os excluídos da sociedade. Era parecido com um ceifador de vidas e quanto mais os cortes chegavam fundo em minha pele, perfurando cada barreira eu sentia o poder da liberdade. Sentia-me um passarinho livre, sem gaiolas ou qualquer outra prisão intelectual. Hoje sei que estou feliz e realizado - ou talvez não – afinal de contas o ruim de ser um suicida é que só podemos experimentar o êxtase da glória eterna, apenas uma vez!

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