Desci do uber bem antes dele se aproximar mais da base naval, creio que eram uns dois quarteirões de distância, e com uma certa dificuldade em tirar a carteira do bolso eu paguei o motorista e fui caminhando em direção à base. A garrafa de whisky já estava quase seca, mas como ainda havia o que beber, isso seria a minha distração até chegar na base.
Só que eu estava do outro lado dela, pois o motorista não havia pego a pista que dava acesso ao portão principal, mas mesmo assim eu não me importei e continuei caminhando. Devia ser 01h00 hora da manhã provavelmente; não havia pessoas na rua, estava tudo muito deserto; o vento forte e frio do clima chuvoso daquela noite estava congelando todo o meu corpo, inclusive o que estava dentro da cueca.
Eu não tinha mais forças nem para vestir a camisa e continuei segurando a garrafa de whisky, mesmo já tendo secado ela no caminho até onde eu estava. Naquele breve momento eu me sentia um lixo, literalmente, e não conseguia pensar em mais nada; absolutamente nada. Na verdade eu nem fazia ideia ao certo do que eu já estava fazendo, parecia automático para onde eu tinha que ir; a base; a minha segunda casa.
Me aproximando da entrada/saída do outro lado da base, que ficava próximo a um dos aeroportos da cidade, ao longe eu podia jurar que via algum tipo de miragem, algum tipo de vulto de uma pessoa. Parecia ser... Não, não tinha como ser, mas era sim, como podia ser ele? O que ele estava fazendo àquela hora fora do dormitório, e fora da base ainda por cima?
Porque ele estava ali? Ele parecia vir na minha direção, pois por alguns segundos ele parou quando percebeu a minha confusa presença. Claro, talvez ele não soubesse que fosse eu, e eu não tinha certeza daquilo também. Sim, era ele de fato, e ele estava vindo na minha direção de imediato.
Vendo aquilo acontecer eu não aguentei mais, eu não tinha mais forças para continuar andando e nem forças para me mostrar imponente, mesmo estando bêbado. Tudo o que pensei e executei ao ver ele vindo em minha direção foi me entregar à fraqueza que tentava me atacar desde o exato momento em que comecei a beber, então cai no chão da pista, de joelhos, e sentando em seguida, com os braços sob minhas pernas, cansado e exausto. Ele parecia ter gritado, e agora vinha correndo em minha direção.
– Tenta ser forte agora Bruno, você consegue. — Pensava comigo mesmo.
– Capitão! — Era o seu grito.
– Aspirante Chiro, é você? — Respondi ao seu grito, mesmo sabendo que era ele de fato.
– Sim Capitão, sou eu. O que tá acontecendo com você? — Ele pergunta.
Ele parecia muito surpreso ao me ver naquele estado, e tudo o eu que fiz naquele momento foi chorar, chorar de verdade. Eram muitas emoções que eu sentia, como também, podia ser somente reação do meu corpo ao álcool ingerido, uma vez que eu não chorava tão facilmente por praticamente quase nada.
Mas dadas as circunstâncias que me encontrava, eu não poderia duvidar que aquilo fosse possível. Fiquei me perguntando também porque o aspirante estava somente de cueca àquela hora da noite, e no lado de fora da base. Mas de imediato, levei em consideração o fato dele ser novato e de haver os rituais que os veteranos sempre faziam com os novatos todos os anos, para aqueles que tinham interesse em entrarem nas alianças, nas irmandades que todos eles achavam que eram secretas, mas a verdade é que nós superiores sempre soubemos desses grupos que se unem secretamente para fazerem certas coisas fora da nossa vista.
Todos eles acabavam sempre esquecendo de que nós também já estivemos no lugar de cada um deles quando mais novos, e que muitos de nós criamos essas irmandades para podermos nos expressar e sermos quem queríamos ser dentro das forças armadas. Por isso eu não me preocupava tanto com o aspirante Chiro, que por mais que parecesse ainda uma criança; por sua aparência jovial, eu via um adulto maduro e imponente dentro daquele corpo forte e esbelto.
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Eu e o meu Marinheiro ⚓ (Romance)
RomantikEu tinha 17 anos de idade quando toda essa aventura começou. Eu era apaixonado por musculação, correr, nadar, pedalar, o meu maior sonho desde criança era ser Bombeiro Militar, mas naquele ano eu estava destinado a Marinha do Brasil, mesmo não sendo...