Capítulo 08 - O Início da Irmandade

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O Capitão Salvatore então ficou comigo naquele quarto de hospital, sentado naquela cadeira, pois ele se recusava a sair para jantar ou até tomar um ar no lado de fora. Vez ou outra eu pegava ele me olhando rápido e desviando o olhar para a frente ou para os lados na tentativa de que eu não percebesse aquilo, mas não tava funcionando muito bem, então eu sorria um pouco com o comportamento dele. Como o clima tava ficando meio chato e calado demais eu tentei puxar algum tipo de assunto, afinal eu odiava esses climas chatos com todas as forças.

– Capitão, a propósito, o que você queria comigo em sua sala? — Falei meio nervoso e tenso com aquele clima.

Ah, era somente procedimento padrão a respeito daquele seu comportamento anteriormente, mas acho que isso não é mais necessário, aspirante Chiro. — Disse ele, se levantando novamente e ficando de pé do lado da cama, do meu lado.

– Eu te entendo, e espero que me desculpe pelo que fiz. Eu sei como são os treinamentos de vocês para disciplinar um soldado fisicamente e mentalmente, mas agi por impulso. — Falei meio chateado, lembrando do rapaz que tinha sido expulso da marinha logo no seu primeiro dia.

– Tá tudo bem aspirante. O que importa é você está... — Ele havia parado de falar, me olhando estranhamente.

– Que eu estou o quê, Capitão? — Respondi com outra pergunta, estranha por sinal.

– Você vai ficar bem sozinho, tenho certeza disso, e além do mais, vou mandar trazerem o seu amigo Anthony e o Rafael até aqui. Eu sei que eles querem te ver, então até logo aspirante. — Disse ele, mudando o rumo daquela conversa com outra que até fazia certo sentido, se virando e saindo do quarto de hospital em que eu estava.

Fiquei com aquilo na cabeça, pensando naquele homem sempre sério, e que também foi bem sorrateiro, eu diria assim. Eu fiquei sem entender legal aquele comportamento mas deixei de lado muito rápido. Ele tinha um jeito estranho, me olhava de uma forma difetente, aquilo tudo pra mim era muito novo, mas eu sempre soube que eu era um cara diferente desde a adolescência, isso era um fato, mas não sabia o que tava sentindo por dentro quando olhava para aquele homem.

Fiquei ali naquele quarto, sozinho, pensando na vida e em tudo o que tinha acabado de acontecer comigo, quando alguns minutos depois entra o Marinheiro Silva segurando um papel dobrado na mão.

– Como está, aspirante Chiro? — Ele pergunta.

– Eu tô bem, eu acho. Obrigado por perguntar.

– Só vim aqui para te tirar do soro agora, falar que você já pode sair, e também vim trazer seus dois amigos que querem te ver, eles estão no lado de fora. Ah é, quase me esqueci, eu também tenho algo que alguém mandou te entregar. — Falou ele, me dando aquele papel dobrado. Eu achei estranho demais aquilo, então ele saiu rápido da sala e o Anthony e o Rafael entraram em seguida.

– Graças aos Deuses você está vivo. — Era o Rafael falando.

– Meu brother, como se sente maninho? — Anthony e o seu jeito estranho de falar.

– Claro que tô vivo, não vai ser uma prova besta que vai tirar a minha vida, ainda mais no meu primeiro dia como um marinheiro, certo? — Falei sorrindo.

– Me desculpa cara, sério. Eu estava... — O interrompi de imediato.

– Eu já sei de tudo Rafael, o Capitão me contou. Vê se não grila com isso e fica tranquilo que eu não vou te culpar. Jamais! — Falei, o puxando e lhe dando um abraço.

– Aquilo quase dava em uma tragédia, aff. Quero nem imaginar. — Falou o Anthony, olhando para o Rafael e depois para mim.

– Eu sei disso, ainda bem que o Capitão Salvatore me salvou, ou eu teria... Vocês sabem. — Falei, meio cabisbaixo só de pensar naquilo.

Eu e o meu Marinheiro ⚓ (Romance)Onde histórias criam vida. Descubra agora