Inconveniente

8° Capítulo

Durante o tempo que fiquei desacordada,tive sonhos com minha mãe me largando na frente do Orfanato,como se fossem pequenos momentos que eu me lembrava,tudo que eu quero me lembrar é o rosto dela,mas infelizmente as imagens não eram claras,São como sombras,nem sequer tenho certeza se as imagens eram verdadeiras,mas se tudo que eu tenho são essas imagens turvas e escuras sobre o meu passado,eu tenho que guardar comigo.
Tudo oque dava para ver era um pouco do relevo de seu nariz e as finas mechas do seu cabelo cacheado nas pontas,oque mais me irrita é não saber o verdadeiro motivo por ela ter me abandonado. Estava perdida em memórias,quando abri os olhos. Vi apenas o branco do teto com  o relevo das lampadas que estavam um pouco longe. Percebi que estava usando roupas largas de um verde claro,nesse momento percebi que estava num hospital. Apesar da minha visão ainda estar um pouco escura,consegui ver uma enfermeira (Digo isso pelas roupas que ela estava usando),quando olhei para o lado vi a porta aberta.
Tirei a máscara Nebulizadora,as agulhas que transportavam lentamente o soro para as minhas veias e fui andando com cuidado para não alarmar a enfermeira. Odeio hospital,se eu tivesse que escolher entre um hospital e um frigobar para ficar,eu escolheria o frigobar com certeza!
Fui andando e me apoiando nas paredes com a visão imbassada,os médicos e funcionários que passavam olhavam pensando se deveriam correr atrás de mim. Até que senti uma mão segurar meu braço,me dando um mini choque.

— Lunna? Tem que voltar para a sala! Vai acabar desmaiando outra vez— Falou a pessoa que me segurava.

Conheço essa voz,esse mini choque não me deixa esquecer da música Photograph de jeito nenhum.

— Estou bem Caleb,só preciso ir pra "casa".—Falei antes de olhar para o rosto dele,ou melhor,os rostos dele.

Cambaleei um pouco para trás,dando a impressão que iria cair.

— Como.... Esquece isso não é importante,tem que voltar para o quarto do hospital. —Ele falou,logo em seguida fez um movimento rápido me colocando nos braços.

—Eu sei andar moço. —Falei fechando os olhos devagar.

Não vi mais nada. Assim que abri os olhos,minha a visão parecia ter voltado ao normal,perto da cama estavam a Natasha o Carlos e o doutor.

— Não sabemos exatamente o motivo do ocorrido,pode ser crise de asma,ou até mesmo problemas de coração. Podem ser algumas outras coisas mais graves,mas como não está comprovado ainda,melhor nem dar essas opções. Como precaução,vou lhes dar uma bombinha de asma.— Falou o doutor.

— Como assim problemas de coração? Isso não é possível,eu nunca tive nenhum problema com esse tipo de coisa,problemas assim aparecem no começo— Falei nervosa.

—Sinto muito,mas não podemos descartar essa opção por enquanto que não temos certeza,você levará alta,se voltar a ter desmaio ou tontura,volte para o hospital,por enquanto temos seus exames e vamos analisar,daqui a uma semana,mandaremos o resultado dos exames. Você já pode voltar para casa com a sua família,inclusive seu namorado deve estar bem preocupado,não saiu daqui desde que você chegou.— Ele confirmou com clareza.

—Ele não é meu namorado! Já ouviu falar em amizade de Garoto e Garota?— Falei levantando devagar da cama.

Eu troquei de roupas e assim que sai do quarto,vi o caleb sentado num banco de espera. Assim que ele me viu levantou num movimento rápido

— Você está bem?— Ele falou me examinando com os olhos.

— Olha,se você chama uma pessoa que acabou de sair do hospital de bem,pode se dizer que sim.— Falei irônica.

Ele sorriu expondo seus dentes.
Depois de sairmos do hospital,fui direto para casa,quando chegamos demos de frente com o Zacky,quase quebrando o piso,andando em círculos.

— Calma moço,não precisa quebrar o piso,eu sei que estava preocupado comigo,mas não é pra tanto—Falei irônica.

—Que preocupado com você que nada! Eu tô preocupado é com a minha barriga,Já faz meia horas que não como nada,querem me matar de fome?— Ele falou cerrando os dentes.

— Ah filho,desculpe,esqueci que hoje era folga da cozinheira! —Natasha falou se culpando.

—Com tanto que me dêem comida,eu perdôo vocês.— Ele falou sorrindo.

Enquanto a Natasha foi fazer a comida dele,eu subi para o quarto,dessa vez eu acertei o caminho.
Fui até a varanda do quarto,Peguei a guitarra,sentei na cadeira,e começei a tocar e cantarolar a melodia,mais conhecida como "Mirrors".

—Você não deveria estar descansando?— Falou uma voz masculina vinda da varanda da frente.

— É oque estou fazendo nesse momento! —Olhei para as cordas do violão,deslizando os dedos suavemente.

Ele sorriu,adentrou em seu quarto e voltou com o violão.

— Então,vamos descansar juntos.—Ele se sentou na cadeira e esboçou um sorrizo preguiçoso.

Nós ficamos tanto tempo tocando e cantando que começou a anoitecer.
Eu ouvi a porta do meu quarto abrindo,mas não dei atenção.
O Caleb parou de tocar assim que olhou para trás de mim.

— Ué? Cansou de tocar moço?— Eu sorri.

—Parece que nós temos platéia Lua — Ele sorriu tímido.

Bem para quem nunca ouviu falar,meu nome tem literalmente o significado "Lua" não sei como ele descobriu isso,mas okay.
Quando olhei para trás vi a Natasha e o Carlos,ele estava atrás dela abraçando-a e ela segurando em suas mãos que enrolavam sua barriga,balançando para um lado e para o outro,como se estivessem dançando.

— Vocês podem tocar"hall of fame"?— Natasha pediu.

Fiz que sim com a cabeça,e ela sorriu.
Nós tocamos até eles saírem do quarto,se despedindo com um sorrizo no rosto.

— Você está cansada? — Ele falou colocando o violão escorado na mesinha da varanda.

— Eu estou bem! Não precisa ficar preocupado.— Falei colocando a guitarra deitada na mesinha.

Ele fez uma cara de quem tinha acabado de ter uma idéia.
Entrou no quarto novamente,dessa vez ele voltou com uma prancha de surf

—Qual sua idéia agora? Vai surfar na varanda?—Perguntei irônica.