02. Colapso (Part IV)

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Provavelmente nunca teria ido ao X Factor se não fosse a minha mãe. Se não tivesse ido naquela dia, sabe-se lá onde teria acabado. Eu era miúdo um bocado preguiçoso. Via o X Factor na televisão e imaginava-me a concorrer. Mas arranjar motivação para ir à audição tornou-se uma missão. Ia buscar os impressos, mas depois nunca os preenchia nem enviava. A minha atitude era: «Bem, nunca vou ser selecionado, pois não?  Para quê o esforço?» Até quando finalmente me decidi a ir, preenchi e enviei o impresso e já tinha data para ir à audição, ainda me debatia. No próprio dia, não queria sair da cama. A minha mãe continuava a tentar convencer-me a levantar, mas dei-lhe a mesma desculpa de sempre, que achava que não ia a lado nenhum com aquilo portanto não via para quê chatear-me. Ela disse-me que eu nunca saberia de não tentasse.

É irónico que essa tenha sido. Minha primeira experiência como artista: não querer ir ao palco e ter de ser persuadido. Conto sempre a história como se fosse apenas uma questão de ser preguiçoso, mas na realidade sei que, lá no fundo, estava a lutar contra os nervos paralisantes. Foi sempre alho com que tive de batalhar. Nunca fui aquele miúdo muito confiante que quer cantar para toda a gente. Cantava no quarto e pronto. Representei quando era criança mas isso era diferente. Podia encarnar um personagem e esconder-mr atrás desse papel. Cantar era outra cor. Nunca sequer tinha cantada devidamente à frente dos meus pais antes de ser  deixado sozinho à frente de uma audiência e das câmaras de televisão. Acho que a maior motivação para o fazer foi a ideias de que podia ser - embora nem por um segundo tivesses pensado que iria sê-lo - uma forma de ajudar a minha família, de fazer dinheiro para eles, de lhes provar aquilo que eles significavam para mim. O facto de a minha mãe ter acreditado tanto em mim naquele dia é a razão de eu estar onde estou hoje.

Saltemos quase cinco anos para o momento em que explico aos meus pais que vou começar uma carreira a solo e escrever o meu próprio material, coisas mais pessoais para mim, o tipo de música de que gosto ... Bem, a redação deles foi mista, no mínimo. A minha mãe apoiou-me, como sempre - tenho a certeza de que acredita em mim independentemente daquilo que eu escolha fazer. Mas o meu pai nem por isso. Não é que não me apoie, ele é mais para o realista, ou o que lhe quiserem chamar. Mas isso tem sido bom. Ele desafia-me a superar-me. Precisamos de ambas as abordagens para definir o nosso caráter: apoio e desafio.

«QUANDO COMEÇÁMOS A TER SUCESSO, NINGUÉM PODIA TER-NOS PREPARADO PARA O QUE VIRIA ACONTECER »

Zayn - PTOnde histórias criam vida. Descubra agora