8º Capítulo ✔

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- André... já me podes dizer quem é o rapaz das fotos? – disse baixinho.

- Outra vez essa conversa Catarina, eu já disse que não é ninguém que interessa – respondeu-me zangado.

- Não é outra vez, se somos melhores amigos acho que não devíamos esconder nada um do outro – estava um bocado desapontada por não me contar as coisas.

- É um assunto que não gosto de falar – baixou a cabeça.

- Tu sabes muito bem que podes falar comigo sobre tudo – pus a mão no queixo dele para ficar a olhar para os olhos dele. Aqueles olhos eram mesmo lindos... vi uma lágrima a escorrer-lhe pela cara, foi aí que percebi que o assunto da conversa o deixava triste. Abracei-o naquele exato momento e sussurrei-lhe ao ouvido.

- Podes contar sempre comigo Coração.

- Eu sei linda! – abraçou-me ainda com mais força – Importas-te se faltarmos às aulas, não estou com cabeça para ir aturar os professores?

- Está bem, mas só desta vez! Assim aproveitas e contas-me o que te deixa assim – dei-lhe um beijo na bochecha, peguei-lhe na mão e fomos embora. Apanhámos o metro e decidimos ir para o parque que costumávamos ir. Durante a viagem não se ouviu uma única palavra entre nós os dois. Quando lá chegámos fomo-nos sentar perto da água. Aquele silêncio estava a pôr-me nervosa, foi então que falei.

- André, confias em mim? – olhava para a água.

- Claro, porque perguntas? – olhou para mim.

- Então porque não me contas o que se passou? – olhei-o nos olhos. Vi que estava a chorar.

- Aquele rapaz da foto era o João, o meu melhor amigo desde bebé.

- Era? Então e porque é que já não são? – estava confusa.

- Ele morreu à um ano... - começou a chorar ainda mais. Oh não, o que fui eu fazer. Devia de ter estado calada e agora o que é que faço.

- Ohhh... Coração não chores, por favor – abracei-me a ele.

- Ele morreu por minha culpa... – larguei-o – devia de ter sido eu e não ele.

- Não digas isso, mas o que lhe aconteceu? – estava prestes a chorar.

- Nós íamos para um jogo de futebol (futebol americano) em Washington, no nosso autocarro ia a equipa e a claque. Eu gostava duma rapariga que lá ia e queria falar com ela, por isso pedi ao João que trocasse de lugar comigo, ele foi para a janela e eu fui para o lugar de dentro – as lágrimas escorriam-nos pela cara, não conseguíamos conte-las.

- Coração tu não tivestes culpa de nada do que se passou – passei-lhe a mão pela cara para lhe limpar as lágrimas, sem me aperceber que também estava a chorar.

- Entretanto o autocarro despistou-se e capotou. O João como ia no lado da janela morreu logo, nem consegui ajudar o meu próprio melhor amigo. Ele morreu porque eu queria conquistar uma rapariga... - pôs as mãos na cabeça e começou a chorar sem parar. Eu estava tão emocionada com aquilo que ele me tinha contado que só consegui abraçá-lo com toda a força que tinha.


(Passado alguns dias)

Nunca mais tive notícias do André. Ele não aparecia na escola nem me atendia o telemóvel. Estou a ganhar coragem para bater à porta, mas como o vou encarar... Bati e ele veio abri-la, estava com um péssimo aspeto, via-se mesmo que já não saía de casa a alguns dias. Abracei-o e ele retribuiu.

- O que se passou contigo André? – perguntei com voz baixa.

- Não me tem apetecido ir às aulas... - encolheu os ombros.

- Os teus pais sabem?

- Não, mas estou-me borrifando para isso – virou-me as costas e foi-se sentar no sofá.

- Tu estás parvo? Estás com uma cara de quem não dorme há dias – estava espantada com a atitude dele. O André, o meu melhor amigo, aquele rapaz lindo e brincalhão que andava sempre com um sorriso na cara, agora estava arrogante e sem vida nenhuma. Aproximei-me dele e pus a minha mão na sua cara. Ele olhou para mim.

- Sinceramente, já não durmo desde aquele dia em que estivemos juntos, – baixou a cabeça – cada vez que fecho os olhos vejo a imagem do João ao meu lado sem vida – diz deixando cair uma lágrima.

- Ohhh Coração não fiques assim! – disse agarrando-me a ele – Eu vou-te preparar qualquer coisa para comeres e depois vais descansar. Eu prometo que fico ao teu lado.

- Não tenho fome e não quero voltar a ver aquela imagem.

- Não tenhas medo, eu estou aqui contigo, sempre não te esqueças – fui para a cozinha e preparei-lhe um chá. Quando o acabou de beber, encostou-se a mim e acabou por adormecer. Levantei-me e tapei-o com uma manta. Aproveitei e fui ao computador. A Inês e a Mariana estavam on, por isso fui falar com elas.

Secret Love [Editing]Onde histórias criam vida. Descubra agora