5. Porque uma luz se acendeu quando ouvi aquela música

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Não esperava encontrar com Maria Carolina tão cedo depois daquela reunião de amigos na casa de Maitê, mas a previsão de Caio não podia estar mais equivocada.

Duas ou três semanas depois foi convidado por Fabrício para curtir o final de semana em Paraty, cidadezinha histórica e pitoresca no Rio de Janeiro, onde o amigo possuía uma casa de praia. Vários amigos estariam lá, ele precisava mesmo descansar depois de emendar um projeto atrás do outro que lhe tiraram o sono por dias. Decidiu por fim que aquela era uma boa ideia.

Quando chegou em Paraty na sexta-feira a noite já começava a anunciar sua chegada. Depois de quase cinco horas de estrada, a única coisa que desejava era poder esticar o corpo cansado na rede que Fabrício mantinha na varanda da casa. Estacionou o carro, aproveitando a porta sempre aberta da casa para entrar e jogar sua mochila num canto qualquer da sala.

Não encontrou os amigos no interior do imóvel, então atravessou o corredor de acesso para a cozinha e alcançou a porta francesa que dava para a varanda, de onde podia ouvir o som macio das cordas de um violão.

Os amigos estavam alguns metros à frente, na areia da praia, ajeitando alguns galhos e ripas num amontoado que mais tarde seria uma fogueira razoável. Fabrício e Maitê eram as pessoas mais criativas que Caio conhecia, sempre trazendo momentos prazerosos para todos.

Uma voz suave e delicada chamou atenção de Caio para a rede a qual ansiava deitar-se nas últimas duas horas de viagem, era Maria Carolina.

Enquanto dedilhava calmamente o violão pousado confortavelmente em seu joelho, a voz gentil entoava uma canção que falava sobre uma estação de trem, desencontros e despedidas, além de um coração apaixonado que esperava ansiosamente pelo retorno de seu amor.

Hoffman apoiou o ombro no beiral da porta e esperou que Maria Carolina terminasse de entoar aquela canção saudosista, deliciando-se com seu timbre delicado.

Ela estava tão linda.

Atrás da loira havia a magia proposta pela tarde que caía preguiçosa, espalhando tons alaranjados e amarelo ouro para todos os lugares, o Sol praticamente sendo engolido pelas águas azuis do mar, aquela imensidão de areia, amigos que riam e conversavam divertidamente, além de algumas palmeiras balançando sob controle da brisa suave que fazia a mistura perfeita entre ondas batendo suavemente na orla, vento fraco, violão e voz.

- Achei que você não chegaria nunca, Hoffman. - Maria Carolina abriu um sorriso satisfeito ao vê-lo, enquanto o tirava do estado contemplativo de momentos antes.

Posso ser Ele?Onde histórias criam vida. Descubra agora