Aos 18

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26 de fevereiro de 2016, acordo sabendo que falta muito pouco para minha vida mudar por completo...
É como diz aquele velho ditado: Aqui se faz, aqui se paga.
Meu nome é Larissa, hoje com 17 anos, amanhã aos 18... Na maioria das vezes, os adolescentes esperam por essa data tensos, com aquele velho pensamento super clichê: Responsabilidades, contas, trabalho, blá blá blá... Nada disso me interessa, nem me assusta de forma alguma! Queria que vissem a minha cara de desprezo pelo dia 27 de fevereiro.
Não, eu não esqueci de me apresentar, só acho essa parte meio desinteressante, pois sempre fui horrível no quesito socialização, então vamo lá. Mudei-me recentemente para Capão Redondo, região Sudoeste de São Paulo, onde as taxas de assalto e homicídios são assustadoras, mas eu já estou acostumada a ambientes desse gabarito. No momento moro com meus pais, que muitas vezes passam por suas crises, mas já passei dias e dias na rua por falta de vontade de chegar em casa e ouvir a minha mãe tagarelar me dizendo coisas que eu já sabia que eram erradas.
Parece estranho o que irei dizer, mas quando você se envolve num mundo onde ele exige muito perigo e muita adrenalina, você gosta daquilo, e se torna como uma droga, você quer sentir o sangue correr veloz pelas veias, sente a insegurança a cada passo que pode ser em falso, e isso me mantia sóbria, por incrível que pareça.
Logo logo o Diego chega aqui, ele é o meu namorado, ficante, não sei! só sei que ele virá pra marcar presença mesmo, ou fingir que está triste pela minha partida.
O Diego é uma espécie de traficante, um pau mandado da quadrilha, faz o que o "chefão" manda, os parceiros dele o nomearam de "Choquinho", sabe Deus o por quê.
Ouço alguém bater na porta, eu sabia que era Diego, mas na verdade eu ainda nem levantei da cama, e acabei prometendo para meus amigos que eu iria sim curtir meus últimos minutos de liberdade ao lado deles... Ah Deus, como sou fraca em fazer promessas que sei que estou incapacitada de cumprir...
"-Larissa, abre essa porta
-Você tá aí?
-Larissa atende por favor!"
A cada grito ele alterava mais o tom da sua voz, e eu não me abalei. 5 minutos depois e ele saiu da minha porta resmungando... Finalmente, um momento de paz!