Guns & Roses《gtop》

that stood for deadly nightshade;

"Ele me chamava de PD,
Aquela sigla para Primadonna
Porque eu estava cheia de veneno
Mas abençoada com beleza e raiva."

ㅡ Ultraviolence.

A única coisa que Choi SeungHyun queria fazer era suprimir seus desejos profundos. Aqueles tão perigosos e mórbidos desejos, que roíam sua alma aos poucos. Decerto, ele se tornara um monstro cruel.

Mas não lhe importava mais. Já estava imerso em seu próprio mundo doentio. Não havia mais saída. Não para o Inocente que descansava sob os lençóis de linho branco. Sua expressão delicada lembrava o Choi a de um anjo. Os fios do Inocente eram laranjas; e divagavam por seu rosto, tornando-o mais belo. Mais singular.

Noite passada, quando a incandescente raiva dominava ambos os corpos, haviam conseguido se reconciliar, com um trato e toques quentes. O Inocente não se envolveria com assuntos do seu trabalho e o Choi tentaria seu melhor para sair daquele mundo perdido.

Como se estivessem brincando de Roleta Russa, ambos estavam se arriscando o máximo possível para uma questão em comum.

Ele o encarou por mais alguns segundos frios, antes de tatear a própria calça, buscando, entre os bolsos traseiros, o celular. E se levantou, caminhando até a cobertura fechada da suíte; enquanto dedilhava o isqueiro prateado em suas mãos. Em seus lábios, prendia-se um cigarro Malboro pronto para ser aceso ㅡ assim como o seu Inocente ㅡ. SeungHyun deixou que um suspiro emergisse de seus lábios e aproximou o isqueiro aceso do cigarro. A chama era alaranjada, do mesmo modo que os cabelos de seu Inocente.

O Inocente não deveria ser conhecido. Não agora. Mais tarde, talvez, ele possa contar um pouco de seus motivos. Mas ele, tão frágil e dócil, teve seu coração sequestrado e apunhalado por puro egoísmo. Porque, obviamente, o amor é egoísta.

ㅡ Onde você está? ㅡ a pergunta corroeu o cômodo pelo eco. SeungHyun suspirou. Youngbae, do outro lado da linha, parecia ansioso.

ㅡ Eu vou terminar algumas coisas aqui. ㅡ respondeu o mais velho, levando o cigarro para longe dos lábios. A fumaça poluída misturou-se homogeneamente com o ar puro. Era como si próprio. ㅡ Depois eu irei te ligar.

ㅡ Você tem dinheiro, hyung. Não precisa arriscar tudo por... isso. ㅡ era claro em seu tom a quem ele se referia. SeungHyun revirou os olhos.

ㅡ Não vamos falar sobre ele. ㅡ ordenou; focando seu olhar no corpo adormecido de seu Inocente. Ele era tão lindo. ㅡ O que importa, Taeyang, é que eu vou estar aí e vou matar aquele pedaço de merda ambulante.

ㅡ Até porque ele te deve dinheiro. Bastante dinheiro. ㅡ a risada do dongsaeng inundou o quarto. Youngbae apenas estava falando a verdade. ㅡ E você não seria tolo de desperdiçar isso tudo, não é? Por um bosta que não vale nada.

ㅡ É claro que não. ㅡ respondeu o Choi, largando o cigarro recém-terminado ao chão. Seu pé, coberto por um sapato social de grife, foi de encontro ao cigarro; esmagando-o. As cinzas sujaram o chão. ㅡ Eu já estou indo. Pode fazer questão de torturá-lo mais um pouco.

ㅡ Eu não vou negar esse pedido. ㅡ riu de uma maneira debochada. SeungHyun desligou, sem dizer mais uma palavra. Rumou até o quarto novamente.

Seus olhos brilharam ao encarar o objeto de metal descansando no criado-mudo ao lado da cama. Antes que pudesse pegá-lo, desviou seu olhar para o corpo nu e coberto por lençóis do mais novo. E sorriu. É claro que ele sorriu. Ele com certeza sentia seu coração arder.

No entanto, estamos falando de Choi SeungHyun. Ele não parecia sentir muitas coisas; e, se o fizesse, era raro. Algo do mais novo despertou no mais velho uma chama apagada há muito tempo. E não falamos apenas de sexo casual.

Havia algo ali.

Mas era envolvido pela escuridão. SeungHyun jamais deveria se envolver com alguém. E, por mais que tentasse de convencer e largar o dongsaeng de lado, como se o ruivo fosse um objeto descartável, ele já estava preso à uma teia de pensamentos, memórias, sentimentos e momentos intensos.

Apertou o revólver entre as mãos. Elas suavam frio. Suspirou. Esse era seu trabalho. Antes de se levantar e deixar o ruivo solitário com seus sonhos doces, se curvou para selar a testa do mais novo.

ㅡ Eu te amo.

E se foi.