caught in a lie;

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"Pego em uma mentira
Por favor, devolva o meu eu inocente
Eu não posso escapar dessa mentira."

ㅡ Lie.

O garoto de madeixas laranjas chamava-se Kwon Jiyong, e ele finalmente abriu seus olhos. Os olhos felinos e brilhantes tinham um ar de inocência imperando por suas orbes castanhas.

A primeira coisa que pôde encarar foi a parede branca. Em cima do criado-mudo, seu celular ligado estava vibrando. Revirou os olhos. Por um momento, Jiyong se permitiu desviar o olhar; para o canto vazio ao seu lado. A tristeza era visível no seu rosto. Típico. Ele jamais se acostumaria com a solidão.

Jiyong se embolou entre os lençóis mais um pouco, rindo por sua própria palhaçada infantil. Juntou o resquício de coragem que possuía e se levantou. De início, seu corpo doía. Ele se desfez com um suspiro, caminhando para longe da cama. A primeira coisa que fez foi virar seu rosto ㅡ e encarar o bolo de lençóis. Ele sorriu consigo mesmo. Apesar de estar sozinho como sempre, gostava de estar ao lado do maior. Eram opostos. Seunghyun era um fio negativo e Jiyong era um fio positivo. Uníam-se e disparavam suas cargas elétricas com um grande potencial. Se amavam, mas não tinham capacidade para fazê-lo.

Era o perigo que habitava em suas veias, e ele sabia disso.

A claridade refletia sua pele nua, expondo suas tatuagens significativas. Ele quase podia sentir os dedos de Seunghyun tocando-as novamente. Uma nostalgia que ele gostaria de armazenar para sempre em seu banco de memórias. Jiyong migrou até o banheiro, e fez questão de pôr o moletom que guardava nos confins do guarda roupas de Seunghyun quando terminou sua rotina higiênica matinal. Apenas para sentir o cheiro do mais velho mesclado ao seu.

Flashbacks da noite passada originaram em sua mente, tornando sua expressão marcada por um sorriso bobo. Ele sentia-se único, mas sabia que não era. Jiyong era inocente demais para abandonar o que o fazia sentir bem, mesmo que o fizesse sentir mal.

Assim que terminou de beber o amargo café, ouviu o toque do seu celular. Era quase incomum; e Jiyong se surpreendeu pelo acontecimento súbito. Não demorou a pegá-lo e atendê-lo, mesmo não sabendo de quem se tratava.

ㅡ Jiyong-hyung!

A voz que escutara era alta. Quase um grito, mas repleta de felicidade. Ele riu, balançando a cabeça negativamente e pensando o que seu dongsaeng estaria fazendo para estar tão imerso na felicidade.

ㅡ Seunghyun! Como vai o Sr. Lee? Eu soube que ele vem melhorando.

ㅡ Muito bem, alías! Ele vem mesmo melhorando. As dores se tornaram menos fortes, pelo que ele me diz.

ㅡ Eu desejo muito que seu pai melhore, dongsaeng. Ele é um pai incrível. ㅡ terminou de lavar a louça, depositando-a nos locais adequados. ㅡ Mas... me diga o porquê de tanta euforia. São, tipo, oito da manhã de um sábado.

Ele obviamente checou o relógio, pendurado na luxuosa parede, para fazê-lo. Não era muito de seu feitio saber a hora exata, principalmente quando estava na casa de Seunghyun.

ㅡ Não é tão cedo, Jiyong-hyung! E você sabe disso. Bom, advinhe o que eu consegui!

ㅡ Uma reserva no motel mais caro da Austrália?

Ele brincou, rindo baixo. O mais novo, na outra linha, resmungou um palavrão e foi repreendido por Jiyong. Seunghyun ㅡ Seungri, como havia insistido para ser chamado; contudo, ninguém o fazia. Gostavam de irritar o mais novo ㅡ suspirou antes de contar a tão esperada notícia que havia o deixado tão animado em pleno sábado de manhã.

ㅡ Não, hyung. Eu gostaria disso, você sabe... mas não. Eu consegui... ㅡ ele fez sons de tambores rufando com a própria boca do outro lado da linha, arrancando uma gargalhada de Jiyong. ㅡ Eu consegui uma reserva em um restaurante chique de comida japonesa para o Dae e para o namorado dele. Ele vivia me dizendo que queria ir, mas nunca tinha dinheiro. Então, eu fiz valer a pena como presente de aniversário do Daesung.

ㅡ De verdade? Isso é muito bom da sua parte, Seungri.

Jiyong certamente se orgulhava do mais novo, mesmo repreendendo-o vez ou outra ㅡ principalmente por algumas coisas maliciosas que o dongsaeng dizia ㅡ; mas eram como irmãos. Brigavam como irmãos e se ajudavam como se fossem da mesma família.

ㅡ É... obrigado. Eu quero achar o Dae para dar a notícia e dizer que ele me deve uma estadia no--

ㅡ Eu entendi, Seungri. Todos entendemos.

Interrompeu o mais novo, rindo por fazê-lo. Seungri acabou rindo, acompanhando Jiyong em uma gargalhada consideravelmente alta. Jiyong caminhou até o quarto; e pôs-se a arrumar a cama.

ㅡ Você sempre queima o meu filme... vou começar a falar sobre a sua adoção. Enfim, eu quero achá-lo; mas eu não consigo. Sabe onde o Daesung está, hyung?

Ele tinha que protegê-lo. Sabia disso.

Suspirou, desviando o olhar para qualquer canto no cômodo amplo. Terminou de guardar as coisas e sentou-se na cama, balançando as pernas e fitando os próprios pés descalços.

ㅡ Não, dongsaeng. Eu realmente não sei.

Era mentira.



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