VERDADE ENTRE CUECAS

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Tudo cai...

No meio da escuridão, flashes pipocavam trazendo um pouco de luz às trevas. O negrume cedeu lugar a um pouco de luminosidade. E a partir daí deu para distinguir um pouco do que podia ser visto. Nuvens cinzas.

Definitivamente eu estava caindo. Eu estava em queda livre. Meu mundo estava caindo, minhas crenças, meus valores, minha máscara... Eu estava caindo.

Quando ultrapassei a última camada de nuvem translúcida um novo cenário se descortinou a minha frente. O céu rugiu atrás de mim como se estivesse se despedaçando. Talvez o próprio céu estivesse prestes a cair. O solo se aproximava vertiginosamente rápido. Era como se eu tivesse um alvo a acertar. Eu não estava errado. Comecei a girar e a cair mais e mais rápido. Um dia tudo cai.

Cristo caiu três vezes. O Império Romano caiu. Nova Iorque caiu. Hitler caiu. O muro de Berlim também caiu. Eu vivia com a nítida sensação de que o próximo seria eu.

Já tinha um alvo. Era uma pessoa. Ela vinha rapidamente em minha direção. Era como se eu estivesse parado e o chão é que estivesse vindo ao meu encontro girando e não o contrário. Meu alvo era um ser de asas. Um anjo.

O anjo abriu os braços e ergueu a cabeça ainda com os olhos fechados. Talvez ele tivesse pressentido que eu estava me aproximando. Abriu os olhos e eu o acertei em cheio no rosto. Tudo ficou branco. Tudo estava chegando ao final.

Tudo cai...

VERDADE ENTRE CUECAS (2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora