- Sinceramente Mari, eu não aguento mais. Todo namoro que eu começo dá errado! É carma, falta de sorte, ou castigo divino? - Alana exclamou, exasperada, enquanto mexia distraidamente seu café. Estava sentada na mesa da sua cafeteria preferida no mundo inteiro, o que deveria ser suficiente para deixá-la feliz, certo?
Errado. Completamente.
Veja bem, a vida de Alana não ia bem faz um tempo. Quer dizer, todos os relacionamentos românticos que ela construiu com muito esforço e paciência foram por água abaixo em questão de meses! Além disso, a faculdade estava cobrando muito da futura jornalista. O que a deixava sem tempo nenhum para atualizar suas séries na Netflix. Ou seja, caos total e um colapso de toda a parte boa da vida da estudante.
- Eu sei Lana, mas veja bem, talvez alguém melhor esteja a sua espera. - replicou Mariana, a fiel amiga escudeira e que sempre parecia mais organizada, mais centrada, mais bonita e mais mil coisas que Alana definitivamente não era. Apesar de se conhecerem a pouco tempo, era impressionante a sintonia entre as duas. Amizade do tipo consigo-complementar-suas-frases. De filme mesmo.
- Não me vem com essa história! Isso não existe. É só babaquice inventada por pessoas que não conseguem aceitar que ninguém quer elas. O que é meu caso. - suspirou e tomou um gole do seu café com leite. - Eu não sou tão ruim assim, sou?
- Até que é suportável. - Mariana disse e riu, ao passo que Alana jogou uma bolinha de guardanapo nela. - Nós podemos sair hoje, que tal? Ir a festa que vai ter hoje ou algo assim. Aposto que iria te fazer bem.
- Festa? - Lana fez uma careta. - Prefiro ficar encalhada para sempre. Largar a única chance de atualizar minhas séries para ver gente chata que eu vejo todo dia na faculdade? Não, obrigada. Vou ficar me entupindo de café e chocolate no meu quarto caso precise de mim.
- Você é muito antissocial. Precisa conversar mais com as pessoas.
- Eca, pessoas. Não gosto de ver esses seres. - disse, prendendo seus cabelos castanhos em um rabo-de-cavalo bagunçado. Não de propósito, era porque ela não conseguia arrumar direito sem um espelho, dois pentes e quatro potes de creme de pentear. Nem parecia que estava na faculdade. Terminou seu café e pediu a conta. Quando a garçonete trouxe, ela pagou a bebida e levantou. - Preciso ir, tenho um trabalho para fazer e quero me ver logo livre dele. Até mais tarde. - Alana disse e acenou para sua Mari, antes de sair da cafeteria. Plugou seus fones de ouvido no celular e abriu o Spotify, satisfeita por ter alguns minutos de paz. A primeira música que tocou no aleatório foi "Twist and shout", dos Beatles. Embalada pelo ritmo na música, foi praticamente dançando pela rua. A melodia lhe lembrava coisas boas, como o dia que ela recebeu o resultado do vestibular, e quando ela terminou com um namorado que nunca tinha escutado nenhuma música do Arctic Monkeys. Ela definitivamente não poderia namorar um cara assim. Haviam outras coisas que contribuíram para o término, mas de qualquer maneira, Alana estava meio feliz de ter se livrado dele, mas meio triste por não ter mais alguém ao seu lado.
Enquanto atravessava a avenida, andando ao lado do que aparentemente pareciam ser umas quinhentas pessoas exasperadas para chegar em algum lugar, ela passou a pensar no que tinha feito nos últimos seis meses. Tinha começado uns três namoros, mas nenhum vingou. Até tinha conhecido mais pessoas, porém ela nem se deu ao trabalho de sair pelos seguintes motivos:
a) Ele era totalmente nojento e/ou ignorante.
b) Aparentemente ele não tinha a menor consciência da diferença entre elogiar e assediar.
Saindo do campo amoroso, Alana tinha até progredido um pouco. Seus trabalhos eram muito elogiados pelos professores e ela havia começado a entregar alguns currículos. Porém, a época de provas começava a se aproximar rapidamente e a garota simplesmente não conseguia conciliar tempo para todas a matérias. Uma catástrofe a caminho, de acordo com seus cálculos.
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Café com biscoitos
Teen FictionAlana Moraes, 20 anos, estudante de jornalismo. Depois de alguns desastres amorosos, os acúmulos de trabalho na faculdade e os problemas cotidianos, ela decide levar a vida sem tantos planos e cobranças. Mas é claro que não seria assim. Afinal, semp...