Após quase 40 minutos de um intenso conflito, os soldados restantes faziam as ultimas varreduras atrás de sobreviventes ou feridos para retornar a base, o grupo de pouco mais de 70 homens, que outrora beiravam os 200 , marchava calmamente em direção a base, alguns ajudavam companheiros que não conseguiam acompanhar o grupo pela fadiga ou por algum ferimento grave, outros sediam seus cavalos para comportar três ou quatro corpos de seus mais chegados colegas para um funeral digno.
Rock estava atrás do grupo todo, desgarrado e pensativo.
-Porque um ataque assim tão longe do portal? Porque se arriscar tantos em vão? À menos que...-
Rock viu uma coluna de fumaça negra subindo ao céu, seguiu a extensa linha em direção ao solo e viu em sua base a muralha do Vaticano. Assustado, pôs seu cavalo em um galope rápido em direção ao Vaticano ultrapassando toda a tropa de soldados, chagando lá viu Louise caída próxima de uma fenda aberta na muralha com escombros de pedras sobre seu corpo, Rock saltou do cavalo para ajudar Louise, que estava quase inconsciente, então ela passou a mão no rosto de Rock e disse:
-Eles levaram Dock...levaram ele para o Purgatório...- Sua voz começou a perder força até que sua mão deixou de tocar o rosto de Rock e caiu sobre seu peitoral amassado e manchado de sangue.Em silêncio, Rock começou a retirar as pedras que estavam sobre as pernas de Louize, fez um rápido exame para conferir de haviam fraturas então pegou-a no colo e levou calmamente até a enfermaria do Vaticano.
Quando chegou lá, escolheu a cama do canto direito da porta, sabia que Louize odiava ficar em evidência então escolheu a cama que outrora havia repousado e tinha certeza de que era sutil e confortável. Após ter certeza de que Louize receberia cuidados retirou-se da enfermaria, dirigiu-se para seu quarto, trancou a porta e após alguns segundos encarando a parede desferiu um golpe com uma raiva tão intensa que rachou o tijolo de pedra da parede.
Algumas horas haviam se passado quando um soldado bateu a porta e lhe entregou a reconfortante notícia.
- Senhor - disse ele fazendo um gesto de respeito com a mão - a Tenente Louize acordou a pouco tempo, pediu para o senhor ir lá, caso não esteja ocupado!- O soldado baixou a mão e aguardou uma resposta.
Calmamente Rock respondeu:
-Logo eu irei lá, dispensado- Fez um gesto discreto com a mão e com a mesma sutileza o soldado assentiu. Momentos depois que o soldado saiu Rock voltou para seu cômodo, inquieto, Rock andava de um lado para outro com passadas longas e agressivas. Após ir e vir algumas vezes, parou no meio do quarto pensativo, abaixou-se para olhar debaixo da cama, puxo uma grande caixa de madeira escura, assim que abriu a fechadura dourada pegou um par de rebustos revolveres prateados com um fragmento de versículo entalhado a força em cada cano, após observar o par de armas por um breve momento sua linha de pensamento foi interrompida por duas batidas rapidas na porta, um soldado parado em frente a porta fazia um gesto de respeito enquanto aguardava permissão para falar.
Rock fez um gesto com a cabeça e o soldado disse:
-Senhor, o almoço está sendo servido, a conselheira Moniquen DiKaspper pediu que comparecesse logo- o soldado fez um gesto de respeito quando terminou de falar.
Rock colocou as pistolas nos coldres sem dispensar o soldado, foi até o fim do seu quarto e pegou um casaco no fundo do guarda-roupas.
Rock saiu do quarto usando um longo casaco, ele tinha ombros largos revestidos com aço, pontas de ferro na barra da capa que poderiam facilmente rasgar a carne se focem agitadas com velocidade, além de um grosso sinto atravessado em seu peito com diversos espaços para armazenar balas ocupados.
O soldado admirou Rock com um olhar de espanto e respeito, não conseguia acreditar para quem estava olhando. Rock, ao perceber o olhar de admiração do soldado perguntou:
-Quantas histórias sobre o "cruzado demoníaco" você já ouviu?- enquanto trancava a porta escutou o soldado respirando forte atrás de sí.
-Está nervoso?- perguntou Rock olhando por cima do ombro.
-Desculpe, senhor- respondeu o soldado retomando a postura -Já ouvi muitas, meus pais me contaram a primeira vez quando eu tinha 9 anos, meu pai fazia parte do seu Batalhão anos atrás, e me contou como o Senhor salvou o batalhão inteiro atrasando sozinho um quinto da horda de Mephisto e dois Leviatãs enquanto seu batalhão atravessava o portal aberto em Etallik, o qual foi o senhor mesmo que fechou derrubando com a própria força e magia!-
Rock deu uma pequena risada tentando ser simpático.
-Isso realmente faz muito tempo- disse Rock- E eu tive um pouco de ajuda, Mephisto e eu nos conhecíamos de séculos antes da guerra- Rock virou-se para o soldado - Sabe , se não fosse por ele ter mandando apenas um quinto de suas tropas não teríamos saído de lá.
O soldado espantado pergunto:
- O-o sr conhece Mephisto?-
-Conheço- Disse Rock em tom suave- Infelizmente, seu pai também...- Rock olhou para o chão enquanto lembranças vinham a sua mente, a expressão de ódio em seu semblante era extremamente notável, e com um último ranger de dentes, Rock terminou de trancar a porta de seu quarto.
Rock pediu para que o soldado acompanhasse ele até o refeitório.
Assim que Rock passou pela porta do refeitório o silêncio tomou conta do local. Após se passar poucos segundos em que soldados pararam de se entreolhar e murmurar, um pequeno foco de aplausos quebrou o silêncio, a mesa dos veteranos que ficava mais ao fundo estava toda aplaudindo em pé com os olhares na direção de Rock, logo todo o refeitório foi levantando-se e fazendo o mesmo gesto de respeito e admiração, o que ates eram apenas palavras trocadas entre eles em tom baixo agora eram gritos como os de uma torcida. Rock deu um sorriso então acenou como quem dizia obrigado, logo as palmas se dissiparam e a conversa entre os soldados voltou a fluir normalmente. Rock virou-se para o soldado que o acompanhava e disse.
- Diga a Louize que logo irei visitar-lhe, antes de partir!-
O soldado fez um gesto de respeito então se retirou.
Rock, ainda em pé na entrada do refeitório, começou a procurar pela conselheira DiKaspper e logo viu-lê acenar.
DiKaspper conversava com três solados sentados ao seu redor, a medida que Rock chegou perto ela dispensou os três com um aceno e um sorriso simpático, os soldados passaram por Rock fazendo um gesto de respeito sendo retribuídos com o mesmo.
-Sente-se, Rock- disse DiKassper em tom amável- Havia muito tempo que não via você trajando estas vestes memoráveis. - ela parou por um momento enquanto tomava de seu pequeno copo de alumínio- Sei o que você planeja, e certamente vou apoiar-te até o fim, mas devo pedir que reúna novamente a Última Cruzada.
-Não vejo motivos para reuni-los, e também acho que eles não querem ser reunidos novamente.- Disse Rock enquanto sentava-se a mesa.
-Sei que tem total confiança em sua força mas, você sabe que entrar sozinho em Arotex está além de sua magia, longe da magia humana, inclusive.-
Rock desviou seu olhar para a janela enquanto pensava no próximo passo.
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Guerra entre mundos
FantasyO mundo demoníaco de Arotex e o mundo dos humanos estão em guerra desde os primórdios de suas civilizações. Os demônios em busca de mais poder e os humanos em busca da paz, ambos usam de magias profanas e sagradas para ganha as guerras travadas em s...