Capítulo Único

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- Dedicado a Iilyevanz e marIenemckinon. -


Já haviam alguns dias que Sirius Black não conseguia entender que instinto era aquele que o vinha motivando a querer forçar o menor contato que fosse contra a pele de Remus Lupin.
Um roçar de coxas, um toque de mãos, um abraço que fosse; qualquer interseção que houvesse entre a matéria que os dois ocupavam no espaço aflorava o tato do moreno. Os olhos reviravam involuntariamente de satisfação sempre que se via perto do amigo; e, sabendo que os dois viviam quase grudados desde sempre, aquilo chegara ao ponto em que suas orbes pareciam querer saltar da cara.

Precisava chegar ao fundo disso. Precisava entender o que acontecia consigo naquela situação.

Inicialmente, o filho mais velho de Orion Black jurava para si mesmo que aquilo era efeito colateral da proteção que sempre cedera a Lupin. Os dois eram unha e carne desde o primeiro ano na escola, eles foram amigos desde o primeiro contato visual dentro do trem que os levava rumo ao início da vida deles enquanto bruxos em formação. Eles acabaram por estudar juntos, andar juntos, comer juntos, dormir juntos, e um não se via mais sem desfrutar da companhia do outro. E Black foi a primeira pessoa que se prontificou a ajudar o outro quando descobriu da sua condição de licantropo. O primeiro a ir até o mais alto, a dizer que aquilo não mudaria o sentimento de união e confiança que pairava entre eles e seus companheiros de traquinagens, e a se agarrar numa solução na qual ele não tivesse que se negar da companhia do resto para sobreviver às noites de lua cheia. Já havia dois anos que o garoto dos olhos negros havia aprendido a se transfigurar em um cão daquela mesma cor, em favor a ele.

Só que aquilo era diferente, muito diferente do que um simples instinto protetor, e ele já não podia negar isso a ninguém, quanto mais à sua própria consciência. Bastava que ele comparasse Lupin a James Potter ou a Peter Pettigrew e logo a disparidade se fazia cristalina como a água que ronda os territórios do castelo de Hogwarts. Talvez James até chegasse mais perto, com a ligação quase fraternal que ambos haviam alimentado ao longo dos anos; contudo aquilo não fomentava Black a invadir constantemente seu espaço pessoal. Não havia ali a necessidade de aproximação constante. E nos últimos tempos o lobisomem parecia tão mais interessante, vívido, magnetizante... por algum motivo que não sabia dizer.

Mas logo ele saberia. Naquele mesmo dia. A noite passada era de lua cheia, e se para Remus tais noites eram perturbadoras, para Sirius as manhãs seguintes tinham o mesmo efeito quando se via na responsabilidade de passar a poção de cura sobre o corpo machucado dele.
Estavam os dois no dormitório. Desde a descoberta da licantropia, quando o moreno se mobilizara a favor do outro, acontecia de os dois ficarem sozinhos ali todas as manhãs pós-transformação, enquanto todos os outros iam cumprir o primeiro tempo de aulas. Ambos já sabiam de cor o procedimento: Remus se despia por inteiro, deitava de bruços na cama e Sirius passava a poção sobre as cicatrizes que ele acabava por adquirir na noite anterior. A pele absorvia o líquido em questão de segundos e uma hora depois o mais alto já estava pronto para sobreviver mais uma noite. O desafio maior, no entanto, parecia ser sobreviver àqueles poucos minutos.

Black era obrigado - não como se algo não o motivasse intimamente a querer aquilo - a ver Lupin abrindo mão de qualquer pano que o cobria. Já decorara em sua mente as curvas do corpo, as sardas que se destacavam em suas clavículas, seguindo pelos ombros até o meio dos braços, as covinhas nas costas que se assemelhavam às que ele tinha no rosto. Se o número de cicatrizes não se alterasse a cada noite, Sirius já o teria decorado. Tentava a muito custo evitar olhar para aquele ponto em específico, num ato desesperado que demandava todo o pudor que tinha; se é que havia lhe restado algum após suas experiências com algumas muitas garotas de Hogwarts. Experiências tão satisfatórias que só bagunçavam ainda mais a mente do garoto quando tentava entender o porquê daquela atração tão carnal. De qualquer modo, já cedera a uma curta quantidade de espiadas de canto de olho para lá.

Pleasure Is The Cure | WOLFSTAR (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora