Família

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"Lucy? O quê você faz aqui?" Ela chega perto da cama e me mostra um sorriso doce "eu moro aqui, essa é a casa dos meus avós, aquele ali é meu primo mais velho" ela aponta para o homem que me buscou, agora tudo fazia mais sentido mas a dor da perda ainda não tinha me deixado, eu sentia um vazio tão grande por ter perdido a minha avó, e culpava meu avô por isso, eu estava queimando de raiva só de pensar no que ele fez. "Você tem aonde ficar pequenino?" A avó dela me pergunta, eu não tenho certeza se quero voltar para aquela casa, não quero mais ver a cara do meu avô, "não..." Quando eu falo que não meu coração pesa por estar mentindo mas eu estava desesperado, "nenhum parente que possa ficar você? Tem certeza?" Não sei o que aconteceu com meus parentes, nunca conheci nenhum além dos meus avós. "Não..." Os avós de Lucy me olham com pena, eu viro o rosto pro outro lado, não consigo encarar os dois. Lucy estava daquele lado da cama, eu não sei o que vai acontecer comigo. Começo a me imaginar em um orfanato, não sendo adotado nunca, já estava velho demais para alguém ter interesse em mim. "O que vai acontecer comigo?" Eu pergunto segurando as lágrimas. "não sabemos ainda meu pequenino, por enquanto pode ficar por aqui, vou fazer algumas ligações e ver o que posso fazer por você". Eu comecei a pensar em como seria o orfanato, olhei pra Lucy e sussurrei "não deixa eles me levarem, por favor..." Ela me diz para ficar calmo, o avô dela fala "vamos lá pra baixo, você precisa comer alguma coisa" o primo dela me pega e me coloca em cima dos ombros. Ele começa a correr comigo em cima e naquele momento eu esqueço de tudo, começo a rir até chorar de rir, isso nunca havia me acontecido antes. Ele me coloca na mesa, só nessa hora eu noto o tamanho da casa, a casa tinha uma lareira de tijolos gigantesca, tinha um carpete que cobria todo o chão na parte de baixo, uma televisão que a maioria das pessoas só poderia sonhar em ter, era uma casa com três andares, todos eram ridiculamente grandes e ao lado da cozinha tinha uma porta de vidro que levava a um quintal com canteiros de rosas e uma piscina, era um mundo novo pra mim, sempre vivi na pobreza dos meus avós. Na mesa tinha todo tipo de comida, o primo de Lucy me diz que seu nome é John, ele pede pra mim esperar enquanto ele faz um lanche pra mim, ele fritou ovos com bacon, e tenho que admitir, John não era muito bom com a cozinha mas estavam deliciosos. Após isso ele leva Lucy pra escola e eu fico sozinho com os avós dela, eles colocam um desenho naquela TV gigante e eu acabo adormecendo na sala, acordo no meio da tarde, não tinha percebido o quão cansado ainda estava e aquilo tudo parecia um sonho, um sonho ruim no qual eu perdia a pessoa que cuidou de mim a vida toda. A avó de Lucy chega perto de mim, "bom dia querido, eu fiz algumas ligações hoje cedo e eu sei que você é muito novo mas eu consegui duas opções pra você, você pode ir para um orfanato e esperar alguém te adotar ou..." Lucy entra na sala, me abraça olha pra avó e diz "não vou deixar levarem ele, ele é meu amigo vovó, por favor não manda ele pra lá" lágrimas escorrendo daqueles lindos olhos, eu já estava começando a aceitar o destino mas por algum motivo eu olhava pra avó dela e ela estava sorrindo, foi aquele sorriso que me acalmou quando eu acordei "calma Lucy, eu ainda não disse a segunda opção dele", "segunda opção?" Ela pergunta segurando o choro. "Sim Lucy, eu consegui dar um jeito", "um jeito no quê?" Eu pergunto. "Você pode ir para o orfanato ou você pode morar aqui com a gente a partir de hoje, o que acha?"

O velho do PapagaioOnde histórias criam vida. Descubra agora