Capítulo 3

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  DING DONG

 A noite estava quente, mas batia um vento frio. Ou talvez era só antecipação, medo e curiosidade de o que estaria por vir. Convencemos a minha mãe de deixar eu vir aqui com o Doutor para dar um oi para o Senhor e a Senhora Oliveiras. Depois de um tempo, a porta abriu. Era o Senhor Oliveiras. Ele estava usando um pijama com um pequeno gorro, e com uma cara que parecia o Tio Patinhas com sono.

 "Marcus, tudo bem com... Espere, Rick? O que você está fazendo aqui?".

 "Rick?", deu para ouvir a senhora Oliveiras gritando do fundo. "Quanto tempo! Entre, entre!"

 Com um longo suspiro, o senhor Oliveiras abriu a porta e nos deixou entrar. A senhora Oliveira me cumprimentou e logo começou a falar com o Doutor, que apontou para o porão, e me disse para ir lá. Chegando lá eu vi a máquina. Era igualzinha a outra, talvez um pouco mais acabada. Logo, o Doutor chegou.

 "Minha irmã foi fazer um chá para nós, e o marido dela provavelmente foi dormir. Espero que você goste de hortelã. E aí, o que achou dessa belezura, huh? Eu sei, eu sei. Está um pouco acabada."

 "Você tem ferramentas?"

 "Tudo aqui", disse o Doutor abrindo uma maleta que estava em cima da mesa da garagem. Dentro dela, várias ferramentas com cara de ficção científica brilhavam.

 "Bem, vamos trabalhar".

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 O Doutor me explicou tudo o que podia sobre a máquina, e eu contei tudo o que eu sabia sobre a versão paralela da mesma. Em alguns minutos, conseguimos terminar a máquina.

 "Engraçado, a senhora Oliveiras está demorando..."

 "Não, não Marcus. Ela está demorando tanto quanto o esperado."

 Dito isso, ele pegou uma ferramenta brilhante da maleta, uma que se assemelhava a um revólver, e apontou-a para mim."

 "Doutor..."

 "Eu sei, eu sei. Surpreso? Talvez o Doutor do seu universo seja uma pessoa melhor. Talvez você não conheça ele. Mas eu? Eu faço qualquer coisa para atingir meus objetivos".

 "O que você fez com a sua irmã?"

 "Calma, eu não matei ela. Mas com a idade dela, ela não viverá mais muito não. Bem, estava bom o papo, mas eu preciso ir. Mudando as coordenadas da máquina interdimensional, eu consigo escolher um outro universo para mim. Sabe, Marcus, eu já não sou tão mais novo. Talvez eu possa ir para um universo que tenha uma versão mais jovem de mim mesmo. Uma versão de mim que tenha fama, dinheiro, e garotas."

 "Você não entende. Isso está matando..."

 "Matando o universo? O multiverso? Um multiverso de multiversos? Eu entendo muito bem, ok? E sabe a verdade? Eu não ligo! Tudo um dia acaba, e os nossos universos não são exceção! Sabe Marcus, eu tenho estudado você. Sim, antes de você me ajudar a consertar a máquina interdimensional, eu não tinha como viajar por entre universos, mas eu conseguia estudá-los. E eu sei, Marcus, que você está bem mais feliz aqui. Mesmo comigo pulando pelo portal, não imagino que o multiverso vá acabar tão logo. Várias décadas ainda. Por que você gostaria de me impedir? Você poderia ficar aqui, onde você é popular, isso que eu nem falei da Bárbara..."

 "Sim. Talvez você esteja certo. Talvez, atualmente, a minha vida aqui esteja melhor. Mas ao invés de eu ficar aqui e sacrificar a expectativa de vida de um multiverso, eu posso voltar para o meu universo e tentar melhorar a minha vida lá."

 Algo que eu pensei, mas não mencionei, era que o meu pai aparentemente não era tão presente na minha vida nesse universo. E eu não trocaria minha família por nada disso.

 "Entendi. Bem, se é isso que você prefere... Não importa. Eu só estava falando aquilo para ver se você ficava menos triste. Eu não estava te dando uma opção. A máquina só vai funcionar uma vez. É muito trabalho para ela. Então, se você me dá licença, eu tenho um outro universo para onde ir."

 Ele abaixou por um momento a arma, para poder mudar as coordenadas na máquina, e eu aproveitei o momento. Pulei nele e ataquei-o antes que ele pudesse mudar qualquer coisa nas coordenadas. Por sorte, consegui derrubar a arma dele. Daí, procedi com todas as minhas forças para ligar a máquina. Teve um brilho de luz forte, seguido por um barulho horrível, faíscas, e muita fumaça.

 A máquina tinha funcionado.

 Um portal começou a aparecer, uma rachadura flutuando no ar. Alguma coisa estava faltando... O pato.

 "Marcus! Você pode até ir embora, agora que você já estragou a minha chance mesmo, mas eu ainda tenho o seu pato!"

 Eu olhei para o chão. Ali do meu lado estava a arma brilhante que se assemelhava a um revólver. Agarrei-a rapidamente e disparei contra o Doutor. Ele caiu para trás, duro como pedra, sem conseguir se mexer. Fui até ele e peguei o meu patinho de borracha de volta.

 "Ok, ok. Você venceu. Você e o seu pato. Parabéns. Só peço que você se lembre. Lembre de tudo o que você deixou para trás nesse universo".

 "Sim. Uma versão narcisista e arrogante do meu amigo. Adeus".

 Arremessei o pato no portal, e então saltei. 

O Pato InterdimensionalOnde histórias criam vida. Descubra agora