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Helena colocou o pacote em sua mochila, olhou para os lados e começou a caminhar para saída, sua barriga se contorsia, parte pela fome, a outra pelo perigo em que está se metendo.
Helena nunca fez isso em sua vida, mesmo com todas as dificuldades que passará, mas a noite anterior, Sexta-feira,  foi seu ápice.
Sua respiração foi se tranquilizando ao passar pela porta de saída, mas um grito a fez paralisar, com urgência ela começou a correr segurando sua mochila com força. Sua cabeça só borbulhava num pensamento "Ele não pode me pegar", Helena atravessou a primeira rua sem nem ao menos verificar, seu coração palpita freneticamente, ela ainda ouve os passos apressados atrás de si.
─ Cuidado! -Grita o homem, está foi a última palavra que ela escutara em plena consciência.
***
Eram 19 horas quando Diego finalmente saiu do escritório, toda sua pressa se resumia em querer chegar cedo ao culto.
─ Mãe? -Diz ele ao discar para Dona Ieda e pôr no Viva-voz, seus dedos batucam freneticamente no Volante do automóvel.
─ Oi filho, aonde está?
─ Parado na Avenida, avisa ao Caio que irei me atrasar bastante, talvez chegue só na metade do culto.
─Ta bom, mas qualquer coisa avisa.
─ Pode deixar. - Responde Diego e finaliza a ligação, põe uma música e começa a pensar, seus pensamentos voam.
Assim que saí da avenida, Diego acelera afim de encurtar o pouco que faltava para chega em sua igreja, ele agradecia a Deus por estar com o caminho livre, envolto em seus pensamentos, mal prestava a atenção na rua, mas se assustou ao avistar um alvoroço, tentou frear mas não foi o suficiente para evitar o acidente , Diego ouviu o impacto e se assustou.
Saiu com pressa do carro, viu uma mulher ao chão, balançou a cabeça passando a mão no cabelo.
─ Fique calmo, a culpa não foi sua.-Disse um homem e ajoelhou perto da menina, logo Diego fez o mesmo, para ele seria impossível ficar calmo.
─ Bom, viva ela está. -Falou o homem após conferir seus batimentos, Diego o olhou surpreso pelo modo como ele falou.
─ Você a conhece?
─ Não, estava correndo atrás dela, ela pegou algo que não é dela. -Responde o homem e abre a mochila de Helena pegando os biscoitos, Diego arregala os olhos e olha novamente para a mulher; "Tão delicada" pensa ele mas logo sacode a cabeça afastando tal ideia.
─ Aonde vai? -Grita ele ao perceber o quão depressa o homem se afastou.
─ Para o meu trabalho, ela está bem. -Responde ele demonstrando já estar acostumado com a situação, antes que Diego faça outra pergunta o homem se vira e saí a passos largos.
Diego fica aflito, não sabe o que fazer, mas sente que não pode deixa-la ali. Estava olhando fixamente para o rosto da moça, reparando, mesmo sem ao menos perceber, em cada detalhe de sua fisionomia, a pele negra, o cabelo trançado num coque bagunçado, mesmo desacordada ela lhe passava uma sensação de aflição; Ele se assustou ao ver os olhos dela se abrir.
Os olhos castanhos de Helena se abriram com rapidez, ela olhou para os lados assustada, a única coisa que se lembra com nitidez é do homem alto a perseguindo e logo um baque.
─ Aí. -Diz ela ao passar a mão na cabeça.
─Você está bem? -Questiona Diego, ela o olha assustada e pela primeira vez nota sua presença, se senta, força os pés para ficar em pé mas é em vão, sente uma dor aguda atravessar seu corpo. Imediatamente os olhos de Diego caem para seu tornozelo.
─ Acho que você torceu. -Fala Diego e já se põe de pé esticando a mão para ela.
Helena o olha, pega sua mochila e segura na mão dele afim de levantar, ela não tem tempo a perder.
─ Acho melhor nós irmos em um hospital para ver isso.
─ Não, não precisa! -Afirma Helena com certo desespero, tudo o que ela menos quer é ser vista.
─ É sério, você mal consegue ficar de pé. -Fala Diego notando o esforço de Helena, ela o olha e percebe que mesmo se quisesse não chegaria em casa antes das 22 horas.
─ Eu aceito um carona. -Diz ela com a cabeça baixa, se recusa a olha-lo, pois apesar de ser uma frase simples, só ela sabe o peso de cada uma dessas palavras.
─ Então vamos! -Diz ele indo até o carro abre a porta do passageiro e volta para ajuda-la a andar.
─ Obrigada. -Sussurra ela assim que ele dá partida no carro, Diego a olha rapidamente.
─ Que nada, mas eu ainda acho que você deveria ir a um médico.
─ Acredite, já me machuquei pior e não morri, isso não é nada. -Responde ela já com a insensibilidade que já lhe é própria.
─ Até eu, perdão por te atropelar, não deu tempo de frear.
─ De boas, não te culpo. -Responde Helena e dá de ombros.
Diego queria perguntar sobre o motivo da correria mas não queria incomodar ela, na verdade o seu olhar transmitia amargura para ele ,mas mesmo assim ele reparara uma beleza diferente nela, coisas a quais ninguém nunca chamou sua atenção.
De algum modo ele entendia que nada em sua vida seria igual, e ela tinha a breve impressão de que não seria a última vez que o veria.

A Oração Faz A ForçaOnde histórias criam vida. Descubra agora