Capítulo 3 (DEGUSTAÇÃO)

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Derek

Sentei-me alinhadamente sob a confortável cadeira aveludada do consultório de meu velho amigo Peter, esperando seu retorno, na medida em que fitava atentamente o quadro abstrato que tomava conta do meu campo de visão.

Logo que Peter entrou na sala, rolei meus olhos para encará-lo. Ele forçou um sorriso e movimentou-se rapidamente até seu assento.

— Me desculpe pela demora, Derek. As coisas estão uma loucura ultimamente.

Sorri, talvez deixando transparecer minha ansiedade em ouvi-lo. Aquilo estava me matando lentamente.

— Como me pediu, eu analisei o caso com bastante atenção e, Derek, acredito estar correto em afirmar que nós estamos falando de um caso de Amnésia retrógada. Tudo pode ter sido ocasionado depois do acidente. Ou seja, tudo que se passou antes do fatídico acontecimento é apenas um borrão para Monnie. O que não a impede, é claro, de lembrar-se de memórias que antecedem o acidente. — Peter respirou fundo, se endireitou e deu continuidade: — Se há um vínculo emocional grande com determinada memória, acontecimento ou pessoa, as lembranças podem ser mais facilmente recordadas.

— Isso significa...?

— Que você é o vínculo emocional mais importante de Monnie.

— Então...

Olhei para Peter meio desnorteado, aquilo era difícil de ser digerido.

— Você quer ouvir um conselho?

Suspirei fundo, indeciso. Mas assenti, depois de ponderar por alguns segundos.

— Vá com calma, amigo. Para Monnie, tudo está sendo um tanto quanto inusitado. Ela está passando por uma situação complicada, talvez você seja a única pessoa capaz de ajudá-la a lembrar-se de quem ela é verdadeiramente. Por isso, se eu fosse você... — Peter cerrou os olhos em mim. — Eu não a desampararia agora. Não enquanto eu não tivesse certeza de que ela iria ficar bem sozinha, entende?

— Eu... — mas uma vez as palavras me faltaram.

— Não a force a recordar de nada, Derek. Deixe que as memórias voltem com naturalidade, gradativamente. Vai ser melhor não só para ela, se quer saber. — Peter soltou o ar de seus pulmões e sorriu de maneira mais leve. — Você é um bom cara. Vai conseguir lidar com essa.

Foi minha vez de sorrir cheio de gratidão.

— Meu velho amigo, como posso te agradecer, afinal?

— Amigos são para esse tipo de coisa, Sant.

Peter sorriu e retirou seu jaleco branco arquétipo.

— Mas, conte-me, como anda a vida?

— Fora isso tudo que tem acontecido? — ri de maneira nervosa. — A vida tem sido uma caixinha de surpresas, Peter. Coisas tem acontecido, coisas que eu não tenho lidado da melhor forma, mas... Há duas coisas que me motivam a continuar firme. — meus pensamentos viajaram para longe por uma fração de segundos. Eu estava ali, mas ao mesmo não estava. Porque só conseguia pensar em Amanda e Lexie. Minhas duas meninas. — Minhas meninas, Peter. São elas que me motivam a permanecer firme, sempre confiante.

Doze meses. (DISPONÍVEL EM ÍNTEGRA NA BUENOVELA)Onde histórias criam vida. Descubra agora