Capítulo 5 - Conversas

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Capítulo 5 - Conversas

Acordei com o celular gritando loucamente pedindo atenção. Tateei pelo criado-mudo cegamente em busca do celular berrão enquanto o xingava mentalmente, o filtro entre o pensamento e a boca falhou pelo sono deixando alguns xingamentos saírem rolando livres pela língua seca. Atendi sem pensar duas vezes. O meu "alô" saiu esquisito e rouco.

- Isso é hora de se estar dormindo, Ágata?

A voz severa da minha mãe sou alta e firme pela caixinha de áudio do celular congelando meu cérebro preguiçoso. Pisquei os olhos sentindo aquele tremor que ela causada mesmo se não estivesse no meu quarto me dando uma bronca com aqueles olhos severos e seu típico tom calmo repleto de avisos e alertas. Pulei da cama parando sentada na borda do colchão.

- Mãe - resmunguei sem saber o que dizer ainda tentando alcançar uma linha de raciocino que não estivesse comprometida com o sono. - Você não me ligou para me dar bronca só porque eu estava dormindo até agora, foi? - Foi o que consegui argumentar.

Argumento inteligente! Mentalmente me dei tapinhas nas costas sonolenta.

Ouvi uma risada simpática no outro lado da linha. Foi o suficiente para afastar todo o sono que envolvia minha mente e me pôr em estado de alerta. Ela não era de ficar dando risadinhas simpáticas.

- Aconteceu algo? - Perguntei com o tom de cautela esperando uma bomba ser solta sobre minha cabeça.

- Aconteceu. Preciso conversar com você hoje. - Voltou ao tom natural sério que ela sempre usa para tratar de qualquer assunto. Isso me deixou mais sossegada e despreocupada. Minha mãe não ficava dando risadinhas animadas de manhã, de tarde ou de noite. Ela nunca dava risadinhas animadas!

Mas foi inevitável sentir aquele arrepio frio como se fosse uma unha afiada e gelada passando pela coluna como se desenhasse linhas imaginárias na pele. Esfreguei a mão livre no rosto tentando lembrar qual foi a última vez que tinha conversado com minha mãe. Fazia tempo!

- Tem como já ir adiantando o assunto? Para que possa me preparar psicologicamente para a bomba que você vai soltar em cima de mim. - Ironizei com o humor vacilante.

Como o esperado a linha ficou silenciosa por alguns segundos constrangedores até que uma das duas resolveu acabar com o sofrimento.

- Seu humor é tão ruim quanto o do seu pai! - Resmungou ácida. Quase revirei os olhos. - Podemos nos encontrar no café do shopping?

Pisquei aturdida olhando para meus próprios pés.

- Desde quando você gosta de shopping? - Não teve como soar mais espantada, minha mãe e shopping nunca seriam postas na mesma equação, é quase como afirmar que o sol é frio!

Ouvi um suspiro cansado vindo dela, conseguia ver perfeitamente ela revirando os olhos com paciência curta.

- Desde quando decidi que quero ir te ver no café do shopping! - Rugiu quase brava.

Conseguia ver minha mãe brava, irritada, distante e mal-humorada, mas nunca sentada no café do shopping. É quase errado, isso não é certo ela odeia shoppings, estacionamento de shoppings e o café do shopping não é uma exceção do livro de regras dela.

- Tudo bem, nos encontramos lá. Há, que horas e qual o shopping? - Ainda não acredito que estou marcando de me encontrar com ela no shopping.

Houve uma pausa acompanhada por um suspiro longo.

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⏰ Última atualização: Apr 22, 2017 ⏰

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