Capítulo VI

66 7 3
                                    

Quando se trata de sobrevivência, todo ser é capaz de fazer qualquer coisa por ela.
A Camila e a Thais estavam amarradas dentro de um galpão no fundo da casa das gêmeas Morran. As meninas já estavam desidratadas, quase não comiam e bem bebiam, e o que iriam fazer sabe-se lá, até mesmo a Vanessa já não tinha certeza do que iria fazer com elas.

- Era um buraco escuro esquecido pelos Deuses, lá não se ouvia vozes, não se via o sol, e não sentíamos a brisa no rosto. Era um pesadelo. A comida era pouca, e ainda tinha que dividir com minha amiga, a água mal dava pra molhar os lábios. Tínhamos uma necessidade imensa de sair dali logo, antes que ficássemos mais fracas e impossibiladas de lutar. - Disse a Camila.

A Camila encontrou uma bíblia velha, rasgada e toda suja, e essa era a sua diversão e lazer naqueles dias cruéis. Enquanto a Thais ficava falando sozinha o tempo todo, e aquela cara de desejo de vingança era de assustar qualquer um.
O dia do julgamento estava chegando, a juíza estava desaparecida, e as acusadas também. Bom, parece que não teria julgamento, não por enquanto.

São muitos sonhos para pouca vida, e quando nos damos conta tudo já se passou, a idade chegou, as forças acabaram. E o que realmente fizemos, valeu a pena? Não é hora de murmurar nem de se questionar, a questão é sair pro mundão pra curtir até ele acabar para você, ou você acabar pra ele. E o que fizemos? Valeu a pena?

A Vanusia exige que o hospital á transfere de quarto, porém o pedido foi recusado. Era muito triste e doloroso ter que permanecer do lado de uma pessoa que tentou te matar e que, com certeza tentaria de novo.
E foi isso o que aconteceu, era segunda-feira, o sol já tinha se despedido e a lua era quem vinha enfeitando o céu realizando espetáculos. O Renato mais uma vez desligou os aparelhos e tenta sufocar a moça, mas desta vez ela estava preparada. Vanusia possuía entre seus dedos duas agulhas, e quando percebe que está sendo atacada enfia-as nos olhos do seu rival. O moço caiu-se sobre o chão e clamava por socorro.

- Aquele foi o pior dia da minha vida, além da forte dor eu estava ficando cego, foi a última vez que enxerguei o mundo em minha volta. Fiquei numa depressão profunda, e isso só complicou o meu estado. - Disse o Renato.

Vendo que nada iria se resolver por tão cedo, Vanessa então cria um plano para sequestrar a Natália da prisão, e tudo sem ela saber, pois se soubesse recusaria. A garota compra uma casa ao lado da penitenciaria feminina, e a estratégia era cavar um buraco que desse acesso lá dentro, porém, o fim do túnel deveria ser em algum ponto estratégico, e para isso, alguém deveria lhes dar coordenadas para que o trabalho fosse realizado com precisão. Essa deveria ser a parte mais difícil, mas acredite, não foi. A Vanessa foi informada que trabalhava naquele lugar um homem muito caridoso e fácil de ser manipulado, era o Alisson, um dos guardas da prisão. Esse era um cara meigo, amoroso e muito afetivo, mas sempre realizou o seu trabalho com competência e dignidade, não era casado porém tinha 2 filhos que convivam com ele.
Se aproximava a hora do almoço, e o Alisson estava de saída. Ao sair do estacionamento com seu carro um outro veículo se choca com o seu, era a Vanessa.

- Eu fiz tudo aquilo de propósito, eu precisava de alguém que trabalhasse naquela penitenciária, e ele parecia um bom partido. Após ter batido na carro dele, eu desci desesperadamente, e lamentando pelo ocorrido, e ele apenas chorava pelo susto que havia tomado. - Falou a Vanessa em uma entrevista.

O segurança queria acionar a polícia mas foi impedido pela moça, ela o convenceu de que não seria necessário e que pagaria todos os danos na qual ouvera causado. E como forma de agradecimento, Vanessa convida o moço para um jantar, e após pensar muito ele aceita.

Não deixe para viver no futuro, ele é muito curto. A vida é um mar de sentinelas, sim, ela é.

Ao perceber a grande ausência da chefe do morro, as moças ficaram contentes. Já era hora de montar um plano de fuga, de um lado a Thais queria matar os seguranças do galpão quando lhes fossem levar alimentos ou alguma informação. Do outro lado a Camila defendia que não deveriam matar ninguém, e sim fugir da forma mais limpa possível. E as duas se desentendem:
- Eu vou sair daqui a qualquer custo, com você ou sem você.

Camila: É sensacional ouvir isso de uma pessoa que disse ser minha amiga por uma vida inteira.

Thais: Eu ainda sou sua amiga querida, mas você está tão obcecada pela bíblia e por um Deus que você nem sabe se existe.

Camila: Calada! Você não tem direito de falar assim do nosso Deus.

Thais: Nosso não, seu. E se quiser ficar com ele então fique, porque eu vou sair daqui.

Era uma noite tão comum mas incomum ao mesmo tempo. Sem estrelas, a lua não viera visitar a terra, e não tinha nuvens delineando o horizonte. A Vanessa estava na sua casa próximo a penitenciária no outro lado da cidade. Aproveitando a ausência da chef, dois funcionários da mesma, foram até ao galpão pra se aproveitarem das meninas, e essas por sua vez não recusaram a noite de sexo.
Estava tudo muito gostoso até que a Thais lança uma ferramenta pontuda na cabeça do seu parceiro, ele morre. O outro cara que estava com a Camila ao perceber o movimento saca a sua arma e faz a Camila de refém, e exige que a moça coloque a ferramenta no chão, ela por sua vez se nega e sai correndo. Ocorreram vários disparos, mas a moça foi bem mais esperta. A Camila ficou aterrorizada, não sabia o que aconteceria com ela naquele momento.

- Estava tudo muito escuro, eu não sabia se levaria um tiro, ou uma pontada de ferro na cabeça. Não se tinha noção de nada naquele momento. Apenas fiquei mais calma quando escutei os passos daquele homem se afastar de mim. A pior parte de tudo aquilo foi ter que conviver sozinha e ainda viver com aquele mal cheiro insuportável daquele homem na qual a Thais havia matado.

Lute pelo o que se quer, e só assim terá resultados.

Triste vingança Onde histórias criam vida. Descubra agora