Me fala sobre você: Anaju.

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Como todo domingo chato e monótono aquela manhã se iniciava, era um ciclo que não parava. Anaju acorda, olha no espelho, aquele cabelo todo assanhado, o moleton que batia no joelho, ela só sorriu e pensou em tudo que não iria fazer naquele dia.

- Anaju?
- Oi mãe;
- Desça para o café;
- Mãe eu ainda vou escovar os dentes, acabei de levantar, depois eu tomo.
- Não se atreva viu sua cabrita, desça logo (Cabrita é como a mãe de Anaju a chamava quando se estressava, isso era muito comum).
- Mas mãe, eu ainda não me...
- Não importa, você já sabe, domingo é o dia que todos estão em casa, cuide de descer.

Aquele domingo era mais um que Anaju não estava nada bem, ela nunca demonstrava a seus pais, nem aos seus irmãos o que se passava em sua mente e coração. Ela desceu, tomou seu café e subiu novamente para o seu quarto, durante o café, Anaju só conseguia pensar em uma coisa, o por quê que ela não conseguia conversar com seus pais sobre seus problemas.

Vocês já perceberam que essa história envolve muita coisa, então vamos começar, ah, eu só quero dizer uma coisa, isto é um diário, e quem sabe depois vocês descobrem quem que tá falando dá Anaju, outra coisa, só continue se tiver interessante, eu te garanto que essa história não vai sair da sua cabeça.

Anaju, 16 anos, França, exatamente ela era francesa, quer dizer, ela é...

Anaju tinha dois irmãos, o Calebe de 14 anos e o Ezra de 21 anos, sua relação com eles sempre foi de harmonia, relativamente. Os seus pais: Hanna e Alison trabalharam muito e ainda trabalham para cuidar das duas "crianças". Sempre investindo nos estudos, na faculdade do Ezra, na escola do Calebe e da Anaju, priorizando o futuro de cada um deles, o grande problema é que os pais deixam tudo pronto para que os filhos apenas sigam, mas os filhos nem sempre dão sequência a carreira dos pais.

Hanna era advogada, uma das maiores em Cannes, o seu marido Alison Arquiteto e músico nas horas vagas, ele tocava piano, desde pequeno demonstrou interesse e seu pai o ensinou tudo que sabia. Alison sempre foi um pai dedicado e atencioso, assim como Hanna, mas não perceberam no que Anaju estava se metendo.

Há cinco anos atrás, Anaju se tornou amiga de Welton Gabriel, ele tinha 12 anos, ela o chamava de Gabriel, dizia que Welton era nome de velho, eles brincavam todos os dias frente de sua casa, as vezes subiam no quarto dela para pegar alguns brinquedos, mas a Hanna sempre vigiou demasiadamente a Anaju. Gabriel vinha de uma família classe média o que incomodava a Hanna, mas ela nunca atrapalhou na amizade de sua filha.

Um certo dia pela manhã, Anaju amanheceu sentindo muitas dores nas pernas, sua mãe rapidamente a levou no médico para saber se tinha acontecido alguma coisa séria, não é nada demais disse o médico, ela apenas caiu.
Essas três palavras deixaram a Hanna preocupada, sempre que a Anaju se machucava corria para contar e a sua mãe era a primeira a saber, mas dessa vez foi diferente, então Hanna começou a observar mais a Anaju.

O tempo foi passando, Anaju foi crescendo, e a medida que cresciam a amizade entre ela e Gabriel só aumentava. No seu aniversário de 14 anos ela pediu aos pais para ir ao cinema com o Gabriel mas, eles já tinham algo preparado,o Gabriel chegou bem cedinho na casa dela, subiu até o seu quarto, com dois presentes nas mãos, sentou na cama e ficou esperando até ela acordar, não demorou muito, Gabriel impaciente começou a fazer cócegas nos pés da Anaju para não esperar muito, enfim, ela acordou, SURPRESA!!! Grita Gabriel muito contente por estar ali, e diz, escolhe um presente. Ele havia colocado um na mão esquerda pequeno, o outro estava embrulhado, mas estava no chão, dentro de uma sacola que ele segurava com a direita, deveria ser muito pesado. Ela escolhe o que estava na mão esquerda, o pequeno, e ela fala, escolheu bem, espero que goste, antes de abrir o presente a Anaju pergunta o que era o outro presente, e ele fala:
- Paciência Anaju.
- Você sabe como sou, me diz o que tem aí;
-Eu falei para você escolher, agora abre o que você escolheu.

Quando a Anaju abre se depara com uma linda pulseira dourada, cheia de pingente, com um cartão escrito: "Te amo pra sempre, cabrita". Ela não sabia o que falar então o abraçou. Ele rapidamente pergunta, não vai dizer nada, e ainda abraçados ela fala:
- Mercy.
- Ah, tá de brincadeira não é?
- Por que eu estaria? Diz ela.
- Não vai falar nada?
- Eu também te amo bobalhão.

Naquele momento ela sabia o quanto que o amava, ele não era apenas seu amigo, ele havia se tornado amor de sua vida. Anaju se despede, diz que vai tomar banho, o Gabriel fala que mais tarde volta lá, e a beija. Exatamente! Ele a beijou, Anaju não tem palavras, não sabe o que dizer, ela apenas sorri e diz até mais tarde.
Nunca havia sentido aquilo antes, era como se seu coração fosse saltar de sua boca. Anaju estava mais que feliz.

Aquele aniversário foi o melhor que ela se lembra, foram dias memoráveis ao lado de seu novo amor, amigo, enfim, ao lado do Gabriel, mas o que ninguém previa era que viria uma grande mudança pela frente. Como tinha dito anteriormente o Gabriel era de uma família classe média, as coisas se apertaram para o lado dos seus pais, eles não poderiam mais ficar na cidade, não estavam conseguindo pagar sequer a escola de Gabriel. Foi uma despedida muito triste, Anaju não conseguia entender por que que aquilo estava acontecendo, por que justamente no momento que eles descobriram que se amavam ele precisava partir, seu coração foi quebrado, aquela garotinha não seria mais a mesma.

Dois anos depois, tudo se encaminhava, porém Anaju não tinha esquecido de seu grande amor. Coisas ruins acontecem para que as boas possam chegar, eu não lembro o nome do autor mas, acredito que coisas ruins são coisas ruins e coisas boas são coisas boas, muitas vezes pessoas boas sofrem coisas ruins e a gente precisa entender que são mistérios da vida.

Anaju estava perto de terminar no colegial e ainda não sabia qual faculdade fazer, a única coisa que ela queria era saber aonde que estava Gabriel.

Como ele sempre dizia: Meu amor um dia tudo volta a ser como já foi, se você lembrar de mim enquanto viver já é suficiente para que eu não me sinta morto.

O caminho sem voltaOnde histórias criam vida. Descubra agora