A Arte de Nada Fazer

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A arte de nada fazer, fazendo apenas o necessário. Às vezes respiro, às vezes bocejo e às vezes eu me espreguiço... Mas sempre respiro, o que é mais um tipo de suspiro, do tipo "estou cansada de respirar"...

Pisco meus olhos, as pálpebras para cima e para baixo, às vezes lenta, às vezes rapidamente. Suspiro novamente. Cansei-me de piscar, prefiro manter meus olhos fechados.

Talvez seja preguiça, talvez cansaço ou ainda pudesse ser minha obsessiva admiração pelas pedras (que tornou-me um ser inanimado, quase morto ou semivivo, sei lá, tanto faz...)

De tudo, hoje sou um fóssil de mim, quase uma pedra qualquer da rua: que não sente dor ao ser pisada, quebrada, triturada, esmagada, fervida ao sol do meio-dia, jogada contra janelas ou cachorros também de rua, expulsa das casas por inúmeras vassouras de tipos, marcas, tamanhos diferentes.

Sou uma pedra que se molha com as gotas da chuva e se confunde com a lama, que estremece quando trovões iluminam o céu escuro. Uma pedra que cai e afunda, afunda, até o fundo da terra, do rio, do mar, da pele ou do garrão do pé.

Por fim, me encontro no fundo do fim, no escuro do ponto final, que sou pedra, preguiça e paixão. Humano em todo fim, enquanto houver fim.

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