Pizza

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(domingo, 8 de janeiro- 13:30) Acho impressionante como as coisas podem parecer tão ruins e sofridas aos olhos dos outros, se não sentidas, me olho no espelho novamente, outra vez, e observo meu corpo extremamente magro, nada de novo por aqui, o clima continua o mesmo e já não vejo mais o canto do passarinho desde o verão passado, perdida em meus pensamentos, ouço o barulho da porta, alguém vai entrar.
- Licença filha, vim pra saber se você quer comer alguma coisa, você passou o final de semana inteiro dentro do quarto, tem algo que queria me contar?
Já esperava... era o meu pai, vivia preocupado comigo
- Pai não estou com fome, eu chamei a Aline pra cá, amanhã iremos sair e ela irá dormir aqui.
- Bárbara, como você chama suas amigas assim sem me avisar?
- Achei que vc iria levar numa boa, mas voltando ao assunto, mudei de idéia e estou com uma baita vontade de comer pizza
- Você não é nada boba né! Eu vou pedir a de sempre.
Ele bate a porta e sai, percebo o vento frio sobre as minhas costas, consequentemente a janela está aberta, me viro para fechar, e avisto Aline do outro lado da rua, ela parecia ansiosa, andava em passos repentinos rápidos, fechei a janela e desci as escadas correndo para abrir logo a porta e abraçá-la
- C-calma assim eu morro de falta de ar Babi (diz sorridente)
- Com falta de ar você já está, porque veio tão depressa?
- Tem um cara que me incomoda aqui na rua, tenho medo de acontecer algo, então prefiro previnir do que remediar
- Entendi (digo tirando meus braços de seu ombro)
Olhei para o rosto de Aline, ele era tão diferente, conseguia ouvir o som de sua respiração, acompanhado de um sorriso sedutor
- Apaixonou né Babi (diz rindo)
- Cala a boca doida, vamos subir que comprei dois maços de cigarro pra gente
- Brincadeiras à parte, vamos sim, eu passei na adega e comprei aquele vinho horrível que você insiste em beber
- Ei! é muito bom tá?
Subimos sem fazer barulho para que o meu pai não perceba a presença da Aline, pego o dinheiro da pizza em cima da bancada velha que fica no corredor de cima, entramos no quarto e Aline se joga no tapete do chão
- Essa aqui é a minha segunda cama, se eu pudesse dormiria aqui todos os dias
- Acontece que você pode Aline. Porquê não deixa aquela sua madrasta nojenta sozinha?
- Eu sei que deveria, mas não posso, ela me obrigaria a ficar lá, e o pior é que não aguento mais as surras semanais
- Meu pai te aceita aqui de boa, o que te falta é coragem (digo me deitando no seu colo)
- Enfim, o que iremos fazer amanhã? Eu queria sair e encontrar as outras meninas naquele parque que parece um campo de guerra antigo!(diz rindo)
- Aline, Aline... você sabe que teremos que ir à noite escondido, pois de dia ficam as crianças
- Eu queria tanto ir, podemos beber e conversar lá
- Você me convenceu com essa carinha... a gente só tem que bolar um plano (digo tragando um cigarro)
Aline fica quieta, pega a garrafa de vinho, abre e bebe.
- Ei! Bebe devagar isso aí, ta querendo ficar bêbada? Esse é forte!
Jogamos conversa fora, e bebemos muito, já quase inconsciente Aline deita sobre o meu colo, põe a mão no meu rosto e começa a rir
- Meu Deus você tá muito mal, vou te colocar na cama
- Não não não (diz repetidamente várias vezes)
- porque você tem que ficar assim quando bebe?
- Babi eu quase não bebi! Não viaja (diz segurando meus braços para não levantar)
- Eu também estou meio alterada, Jajá a pizza chega, o que iremos fazer agora?
- Coloca uma música, podemos dançar
- Ah! Sério Aline, você dançando parece um marionete
- Não fala desse jeito que eu choro Babi
Dançamos por um tempo até o sono e a exaustao do álcool fazer com que nós capotássemos de sono, e sim, eu desci pra buscar a pizza, e não comi nem a azeitona...

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