Some problems

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O barulho irritante do despertador no quarto ao lado conseguiu me despertar. Eu definitivamente odiava minha irmã.

— Aish, Somi! Por que não diminui o volume disso? –resmunguei com a cara no travesseiro e mentalmente xinguei minha irmã com todos os palavrões que consegui pensar. Mas tudo bem, de um jeito ou de outro precisava me levantar, pois era eu quem a levava para o colégio.

— Kookie, meu irmãozinho lindo, será que hoje eu poderia faltar? Por favor... – minha irmã apareceu na porta do meu quarto, forçando a voz de um jeito mais doce e fazendo um biquinho com os lábios.

— Jeon Somi, não use sua fofura contra mim, você sabe que nunca funciona.  – respondi segurando a risada e então me sentei na cama, e lancei um olhar convencido para a garota que agora tinha uma expressão fechada no rosto.

— Eu te odeio.

Foi o que ela disse antes de seguir de volta para seu quarto.

E é assim nossa rotina durante a semana.

Faz cerca de três meses que minha mãe precisou ir pra Seoul por conta do trabalho, deixando então eu como responsável da minha irmã e tomando conta da casa. Toda manhã levo Somi para a escola e vou para a academia onde treino dança, e de tarde tenho meu trabalho na cafeteria do meu amigo Jin. Preciso juntar o máximo de dinheiro que consigo para iniciar minha faculdade ano que vem, e então, aos finais de semana dou aula na academia para um grupo de crianças mais jovens, coisa que particularmente adoro fazer.

Sobre meu pai...eu não o conheço.

O tal homem que engravidou minha mãe quando a mesma tinha dezoito anos de idade, a largou assim que soube da notícia de que seria pai, lhe deixando sozinha e sem nenhuma estrutura financeira. Sempre digo que minha mãe foi uma guerreira e continua a ser. Com a ajuda de alguns familiares, ela conseguiu nos sustentar e arranjar um bom emprego conforme fui crescendo.

Mas aos seis anos de idade ganhei uma irmã.

Minha mãe acabou se envolvendo com um cara do seu trabalho, engravidando então de minha irmãzinha mais nova. O moço era canadense, então minha irmã nasceu mestiça. E poxa, dói tanto lembrar o quanto Somi sofreu de preconceitos na escola por conta disso, simplesmente por ser um pouco mais diferente do que os demais. Mas ela aprendeu a lidar com isso, e aos poucos, toda a implicância que tinham com ela foi cessando, e hoje em dia, ela consegue facilmente conviver com os colegas de escola.

O pai de minha irmã ainda cumpre o papel paterno, mesmo que esteja do outro lado do país. Ele nunca deixou de manter contato com a filha, e nos ajuda bastante com o dinheiro da pensão. Somi e ele se dão muito bem, conversando semanalmente, e de vez ou outra eles se encontram para passar um tempinho juntos.

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Somi se arrumou rapidamente, e logo fiz o mesmo. Tomamos um café da manhã meio apressados por conta do tempo, retirei o carro da garagem e seguimos rumo ao colégio, que não ficava muito longe.

Em poucos minutos já havíamos chegado, parei com o veículo na entrada da escola, e assim que a garota abriu a porta para sair, resolvi fazer uma coisa que eu sabia que a irritaria, mas me desculpe irmãzinha, eu adoro te ver irritada.

— Hey, coma direitinho e boa sorte para a prova de química de hoje, minha neném! Não se esqueça de que seu irmãozinho aqui te ama!! – falei em um tom alto, atraindo um pouco da atenção de alguns estudantes que estavam por ali.

Minha irmã então fechou a porta com força, mordendo seu lábio inferior. Certeza que se ela pudesse me mataria ali mesmo por conta da vergonha que eu havia lhe causado. Ela me deu um sorriso falso, e resmungou um "eu te odeio", ajeitando a mochila nas costas e entrando então pelo grande portão da entrada.

souls dance {♡} jikook (hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora