Thoughts

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A chuva caía naquela que certamente era a noite mais fria do ano, aparentemente o frio me tornava mais forte, me dava à impressão de que poderia tornar tudo mais fácil, que meus pesadelos poderiam finalmente ter um fim.

A companhia de meus supostos amigos não mais me alegrava, minha família há alguns dias se fora, diziam que monstros como eu não eram dignos de ter famílias. Não compreendi o que quiseram dizer quando me falaram aquilo, mas na ultima semana eu... Não consigo falar sem que as lágrimas ameacem tomar meus olhos ou que minha garganta decida asfixiar-me, bem... Como eles mesmos disseram, monstros não devem ter famílias.

Encontro-me em frente à cova de minha amada mãe, talvez eu não devesse tê-la matado, a frase que vejo e revejo diariamente em sua lápide ainda me põe a pensar, o que nos coloca nesse caminho de sofrimento interminável? Por que sofrer por quem já se fora? Qual o objetivo de levarmos todos de juntos a nós nesse pequeno labirinto de escuridão?
Certamente nunca entenderemos.

Quanto ao que fiz com o resto de minha família. Não me arrependo de ter levado, acho que o certo seria dizer os acompanhado, por entre um atalho relativamente mais simples nessa disputa chamada vida.

Levanto-me e, passo as mãos em meus joelhos a fim de limpar o barro que ali se firmara ao me ajoelhar na lama formada pela chuva, caminho em direção ao portão de casa.

Arrependo-me de não ter tido nem mesmo a capacidade de tê-los levado a um cemitério, apenas minha mãe realmente mereceria, talvez a desenterre e a leve à delegacia, é um pena que eu não queira levar os outros com ela, e nesse momento em que me encontro, não seria nem mesmo possível que os outros fossem levados junto a ela provavelmente meu organismo já os digeriu por completo.

Concordo com eles, sou um monstro, fiz monstruosidades, nunca me perdoarei por ter matado minha rainha, por tê-la envenenado.
Não negarei, me diverti.  Ao ver o sangue escorrer de meu pai e irmão logo após eu ter cravado uma adaga na garganta de ambos, senti o poder em minhas mãos como jamais havia sentido, as vozes em minha mente finalmente cessando.

Saio pelas ruas, minhas vestes de uma cor indistinguível, uma mistura de vermelho de sangue e marrom da lama, entro em uma rua a minha esquerda os corvos a seguirem-me, a chuva a pesar em minha face, o cabelo completamente encharcado de suor e gotas d’água colados em minha testa.
Paro em frente a um poste, algo nele me chama a atenção. Uma foto minha seguida de um comunicado alertando a população a se manterem longe de mim, que ao me verem chamar a policia imediatamente.

Se ao menos aquela moça e aquele rapaz tivessem visto esse aviso antes de me negarem carinho, talvez eu não os tivesse amarrado e os forçados a me satisfazerem. Tanto faz, estou completamente satisfeito, as vozes novamente cessaram em minha mente, foi uma pena as vozes terem me pedido para matá-los também, eles pareciam ser legais.

Uma luz se acende no todo de um prédio, meus olhos pousam na janela onde vejo uma sombra humana olhando diretamente para mim, um frio percorre minha espinha logo que sinto algo gelado encostar-se a minhas costas, uma voz masculina logo diz:

-Mantenha as mãos onde eu possa ver. Você tem o direito de permanecer calado...

Com certeza ele diria muitas outras coisas, mas o interrompi com uma tentativa falha de soco. Suas mãos prenderam as minhas forçando-as a ficarem em minhas costas, senti novamente algo gelado, porém, desta vez foi em meus pulsos. Estava algemado, e com as mãos nas costas.
Um estouro seguido de um baque surdo e, o policial estava no chão. De relance vi um grupo de homens se aproximando todos com armas na mão. Um deles para a cerca de seis metros de mim, os outros diminuem a velocidade dos passos, mas não param. O que está mais longe, parado, levanta o braço que portava a arma e mira em mim. Outro estouro e me encontro no chão, sangue jorrando de dentro de meu corpo, não sinto dor alguma, a adrenalina espalhada por todo o meu corpo, a dissipou.
Pergunto-me quanto tempo estive ali parado, observando a minha foto naquele comunicado preso ao poste.

Pergunto-me quanto tempo àquela pessoa estivera ali me observando antes de acender aquela luz.
Minhas perguntas jamais serão respondidas, pois cerca de meia dúzia de pistolas estavam apontadas direto para minha cabeça.

-Não aceitamos pessoas metidas a Serial Killer em nossa cidade. - Disse um homem ao qual não pude discernir, já que todas as armas disparam juntas. Levando-me a uma completa escuridão.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2018 ⏰

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