O primeiro sinal da infecção foi na antiga cidade dos sonhos, Nova Iorque.
Após a queda da bolsa de valores, a economia americana foi de mal à pior. Restando ao presidente declarar estado de calamidade pública, diante à um previsto déficit de dezenove bilhões de dólares, com um sistema de educação e saúde defasado e preocupante.
E no polo urbano da grande cidade, já com problemas de saneamento básico e presença inconstante da supervisão do estado, aparecera o primeiro paciente zero.
Aos vinte e dois anos, a vítima tinha sua pele parecida com a de um idoso, o odor era tão próximo ao de um cadáver em decomposição e não sabia se ele estava consciente. Tentava pedir ajuda até mesmo aos pombos próximos à janela. Médicos se recusavam a trabalhar sem o salário e sem equipamentos de higiene. Era praticamente impossível ajudar o pobre indivíduo que era consumido por uma espécie de raiva incontrolável, que o deixava cada dia pior, preocupando sua família e os enfermeiros. A solução era óbvia: eutanásia.
Não passaram dois dias após a morte do jovem, e reapareceu outros quatro casos. E após duas semanas, já eram mais de duzentos pacientes com os mesmos sintomas.
O número de profissionais da saúde reduzia gradativamente e, de pouco a pouco, os sintomas da considerada "raiva incontrolável" começavam a realçar.
Dado como vírus, pessoas que apresentavam os sintomas morriam em seus quartos, enquanto outros familiares escolhiam a tranquilização seguida de morte, para não ter que vê-los sofrer nos centros de saúde, atualmente sem qualquer auxílio do Estado.
Mas, infelizmente, o controle foi falho. Mais pessoas com sintomas foram listadas em outros estados, criando leis de impedimento para turismo e viagens estrangeiras, o que não ajudou.
Em dois meses, crianças morriam com os sintomas, e as causas eram inexplicáveis. Adultos suicidavam para poupar uma suposta infecção proclamada pelo sistema de saúde asiático. Idosos nem se quer passavam de uma semana nos centros médicos. E a mortalidade de recém-nascidos ultrapassava os seis dígitos pelo mundo.
Uma falsa vacina foi usada para acalmar a mídia e os habitantes das grandes cidades. Mas foi desmascarada por estudantes de medicina e profissionais jornalistas.
A incerteza permaneceu, até no primeiro sábado do mês de maio de 2023. A doença funcionou como uma veloz seleção natural, onde exercia domínio sobre as outras, o que alastrava perante todos os próximos.
Médicos conseguiram criar uma bomba orgânica, chamada de cohens, que proferia um gás, controlando a infecção e trazendo infectados de volta a consciência. Mas era tarde demais.
A doença evoluía do corpo para a mente, passando a ter controle sob seu apetite e tecidos musculares, o que explicava uma força acima da normalidade. Sendo mais funcional em jovens entre catorze e quarenta anos, já que menores e idosos não sobreviviam.
Os indivíduos contaminados passaram a ter um desejo insaciável por HO²C e, atraídos pelo calor corporal, o sangue e a carne de humanos e animais de grande porte se tornavam seus pratos prediletos.
Pastores apelidavam o mundo de inferno, do qual se iniciava um terrível apocalipse. Políticos se suicidavam por pressão da mídia e da pouca população que ainda pedia socorro, sem locais para refúgio. E os "zumbis", nomeados pelas pessoas, eram mais inteligentes e fortes do que equipes de estudo diziam nos artigos públicos, dominando grande parte da América, da Ásia e da África.
Pessoas que eram mordidas ou parcialmente comidas pelos contaminados, passaram a, também, adquirir a indesejável doença, que era solucionada apenas com a morte por contato cerebral direto ou cremação.
Em 2025, nada mais importava além da vida, 79,4% da população mundial estava infectada, enquanto o restante virava lanche.
E mesmo sabendo que o fim havia chegado, jovens, com vidas mudadas pela causa e com força de vontade, diziam a si mesmo que poderiam sobreviver em meio ao caos, em busca da felicidade e da realização. Pois estes, poucos e distintos jovens, sabiam que a única barreira era o medo.
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Scooby: Apocalypse
Fanfiction[...] Com o tempo, as pessoas deixaram de ser monstros fantasiados em busca de conhecimento e dinheiro. Controladas agora por um vício macabro de sangue e carne, que nos torna vulneráveis ao medo e a morte. [...] Fred Jones, Velma Dinkley, Daphne Bl...