Tanto amor guardado tanto tempo

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Estou sentado no sofá mais escondido daquela boate, estamos comemorando a última vitória contra o Liverpool. Todos estão entretidos em alguma rodinha de conversa, mas eu não me encontro no clima.

Ela também está aqui, entretida em uma conversa com suas amigas. Com um vestido preto colado e saltos altos vermelhos, chama atenção de vários homens ao redor, inclusive a minha.

Vê-la tão sociável depois de seu mais novo término me deixa feliz, aquele sorriso que ela solta enquanto conversa com Luna, esposa de Juan Mata García, me deixa hipnotizado. Não sei há quanto tempo meus sentimentos por ela mudaram, mas sei que preciso fazer algo para não a perder de novo.

Nina é minha melhor amiga, nos conhecemos quando crianças, pois nossos pais são amigos de longa data e desde então nunca nos desgrudamos. Quando estávamos no Ensino Médio, percebi que o que eu sentia por ela ultrapassava a linha da amizade. Eu a via com outros olhos.

Sempre fui aquela pessoa que sabia tudo da vida de Nina, soube quando ela beijou pela primeira vez, quem foi sua primeira paixão, quando deu o seu primeiro PT. Se não estava presente nesses momentos, Nina fazia questão de me contar. Ela me considerava um irmão mais velho, mas eu, a cada dia que se passava, a via de maneira diferente, como uma mulher.

Ainda me lembro do meu baile de formatura. A convidei para ser o meu par e pretendia contar a ela sobre os meus sentimentos, por mais que sentisse medo, queria arriscar e ser feliz. Porém, não contava com a sua resposta. Ela não aceitou, com a desculpa de que seus pais iriam viajar naquele fim de semana e, para não me deixar "desamparado", falou para chamar sua melhor amiga, Olívia, que com certeza não negaria.

Olívia era uma loira muito bonita, que chamava bastante atenção e que vivia dando em cima de mim. Não pretendia convidá-la, mas Nina já estava ao telefone convidando-a e obviamente a menina aceitou. Um dia antes do baile, Nina me ligou dizendo que a viagem havia sido cancelada e que iria para a festa, tentei convence-la a ir comigo, mas ela insistia que deveria levar Olívia.

A loira estava muito bonita, todos os meus amigos me elogiavam e diziam como tinha sorte de tê-la ao meu lado, mas quando coloquei os meus olhos na pequena morena que estava deslocada no canto do salão, minha atenção perdeu totalmente o foco.

Nina realmente tinha comparecido. Contudo, pouco a vi. Olívia tentou chamar minha atenção de todas as maneiras, mas foi quando eu vi Nina beijando um cara que eu não reconhecia, é que decidi aceitar as investidas da loira e a beijei. Meu relacionamento com Olívia não durou muito, um pouco mais de quatro meses, mas Nina engatou um namoro com o cara misterioso, que mais tarde descobri ser o seu vizinho, que durou dois anos.

Aquele momento nostalgia me lembrou dos motivos pelos quais deixei os meus sentimentos por Nina trancafiados a sete chaves no fundo do meu coração. O medo ainda era presente, mas a cada troca de namorado eu sabia que eu era o cara perfeito para ela. Nina sempre voltava a mim quando seus relacionamentos não davam certo, eu era seu ombro amigo, seu conselheiro, sua companhia de filmes e sorvete.

Decido me levantar, meus olhos só têm um foco, ela. Dei dois passos em sua direção e vi um braço passar por sua cintura, o seu sorriso aumenta enquanto ela vira o rosto em direção aquele homem que eu não conhecia. Não era um sentimento novo para mim, o ciúme, mas já não aguentava mais ser jogado para escanteio.

Não fraquejei. Andei decidido em sua direção. Coloquei minha mão em sua cintura enquanto aproximava minha boca de seu ouvido.

– Preciso falar com você! – percebi que Nina se arrepiou, virou seu rosto em minha direção e pediu licença para o cara que tentava chamar sua atenção.

Atravessei a boate puxando a sua mão, precisava conversar com ela em um ambiente um pouco mais calmo, fui em direção ao corredor dos banheiros. Assim que chegamos me virei em sua direção, ela se encontrava com os braços cruzados e uma cara de interrogação.

– Ander, o que você quer tanto falar comigo? Você não percebeu que eu estava ocupada? – me aproximei um pouco mais dela, deixando-a presa entre a parede e o meu corpo, coloquei meus braços apoiados em sua cintura e aproximei o meu rosto de seu ouvido.

– Por que você sempre vai atrás do cara errado? – afastei um pouco o rosto para ver a sua reação. Ela estava com o cenho franzido e os olhos fechados em fenda, aquilo não poderia ser algo bom.

– Quem você acha que é para falar quem é ou não o cara certo para mim? – ela falou empurrando o meu peito com a mão enquanto tentava sair dos meu braços.

– Quem eu acho que sou? Sou só o cara que te recebe de braços abertos todas as vezes que você briga ou termina com algum namorado, sou aquele que tenta sempre manter você sorrindo, que pegou o primeiro avião, após uma vitória na Champions League, quando soube que sua avó havia falecido. Sou o cara que te respeita, te faz sorrir, te ama! PORRA Nina! Como você ainda não percebeu que o cara certo para você sou eu? – tirei minha mão de sua cintura e dei um murro na parede, ao lado de sua cabeça. Não era possível que ela nunca tivesse reparado nos meus sentimentos por ela.

– Ander... Eu... – os olhos de Nina estavam perdidos, passeava por todo o meu rosto como se me visse pela primeira vez, os meus estavam fixos em seus lábios. Em um movimento impensável, aproximei os meus lábios dos dela e iniciei um dos melhores beijos da minha vida.

Nossas bocas tinham a sincronia perfeita, seu gosto era uma mistura de chocolate com menta, totalmente marcante. Nina não se afastou em nenhum momento, na realidade puxava a minha camisa cada vez mais, tentando quase fundir os nossos corpos. Minhas mãos passeavam pela sua cintura, cabelo, bunda, não queria terminar aquilo tão cedo. Se eu soubesse que seria melhor do que imaginei, tinha feito antes, afinal sempre soube que seriamos os ótimos amantes.

Mesmo não querendo me afastar, eu precisava. Nina tinha que fazer a sua escolha, eu não queria que ela se afastasse, mas depois que descobri o sabor dos seus lábios, eu não podia mais ser apenas o seu amigo. Me afastei e olhei naqueles olhos acastanhados, que refletiam puro desejo.

– Nina, eu preciso ir. Quero que você pense sobre o que aconteceu e me ligue. – sussurrei em seu ouvido, dei um beijo em seu pescoço, abaixo da orelha, me afastei e fui embora, sem olhar para trás.

Antigo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora