Medo bobo

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Dois dias haviam se passado. Dois dias sem uma ligação de Nina. A cada segundo que se passava me arrependia do que tinha acontecido. Parecia um sonho, eu tinha bebido naquela noite, mas minha imaginação não poderia ser tão fértil para criar aquelas imagens, aquela conversa. Eu esperava, profundamente, que eu não perdesse Nina para sempre.

Cheguei em casa depois de mais um dia de treino e decidi tomar um banho relaxante, precisava colocar os pensamentos em ordem caso Nina não tivesse a coragem de me ligar. Antes de ir tomar banho, decidi colocar uma música para tocar e coloquei no volume alto, para que pudesse escutar do banheiro. Assim que sai do banho, consegui colocar apenas uma cueca boxer, antes do telefone fixo começar a tocar, atendi e a minha surpresa ao reconhecer a voz foi grande.

– Olá Ander! Tudo bem com você?

– Ei Nina! Estou bem e você? Achei que você não fosse me ligar...

– Sobre isso, me desculpa por demorar... tive que resolver umas situações antes de te retornar depois do... beijo. – eu reconhecia aquele tom de voz de Nina, era uma mistura de medo e desejo, mas estava realmente surpreendido com a coragem dela de me ligar.

– E em qual resposta você chegou? – nesse momento a campainha do meu apartamento tocou – Só um minuto Nina, estão tocando aqui na porta, deve ser aquela vizinha insuportável do andar de cima vindo reclamar do som aqui de casa.

Ao abrir a porta dei de cara como uma Nina tímida, com um sorriso de lado que ao ver como estava vestido me secou dos pés à cabeça. Suas bochechas começaram a ficar avermelhadas, mas ela parecia bem decidida ali, enquanto na minha cara devia estar estampado um ponto de interrogação.

– Que eu te amo! – Nina falou com o telefone ainda no ouvido. Se já estava surpreso com aquela visita inesperada, aquela frase me deixou sem ação. – Me desculpa por não ter percebido antes. Eu sempre te amei Ander, mas nunca achei que você me visse com outros olhos. Me desculpe por ter sido tola.

Ainda estava sem saber o que falar, só me virei de costas e fui andando em direção ao sofá. Nina entendeu o convite para entrar e me acompanhar. Ela sentou no sofá enquanto sentei na mesinha de centro e a encarei.

– Acho que posso ter uma parcela de culpa, mas você não demonstrava abertura. Não sei se você se lembra, quando teve a minha formatura do colégio eu te convidei para ser o meu par, naquele dia eu ia te contar o que eu sentia.

– Isso já tem mais de 9 anos, Ander! – Nina falou surpresa – Desde aquela época você gostava de mim? – balancei a cabeça afirmamente.

– Só que você me empurrou para a Olívia.

– Não acredito nisso. Eu também gostava de você naquela época, mas eu era muito esquisita, nenhum cara me olhava com outros olhos que não fosse o de amiga. Assim, quando Olívia me contou que gostava de você, eu fiquei triste, mas coloquei na minha cabeça que se eu não podia ter você, que a pessoa que fosse te fazer feliz fosse a minha amiga. Então, inventei aquela viagem dos meus pais. 

    Você sempre foi o meu melhor amigo, Ander. Eu não queria destruir a nossa amizade falando sobre os meus sentimentos, então me escondi atrás de relacionamentos fadados ao fracasso. Naquele mesmo baile, o Murilo me contou sobre os sentimentos dele, mesmo eu não correspondendo eu sentia um carinho grande por ele. Então, quando ele me beijou eu deixei, mas foi só quando eu vi você beijando a Olívia que eu decidi dar uma real chance a ele. 

    Ander. Eu tinha medo do que eu sentia por você, medo do que as pessoas pensariam, afinal você era um atleta em ascensão e eu apenas uma futura estudante de Fisioterapia, tinha medo de você me esnobar, medo de não ter esse sentimento correspondido. Hoje eu vejo que esse era um medo bobo e que nada nem ninguém me fazia/faz feliz como você.

Nina levantou do sofá e aproximou os nossos rostos, seus lábios estavam a centímetros dos meus, nossos olhos estavam conectados. Ela deu aquele sorriso sapeca que eu tanto amo e juntou as nossas bocas em um beijo urgente. Eu me levantei e grudei o seu corpo no meu, queria sentir ela o mais próximo de mim. Meus braços corriam pelas suas costas enquanto os dela estavam em volta do meu pescoço, suas unhas arranhavam a minha nuca em um carinho que só aumentava o meu fogo, eu precisava ter mais dela.

Peguei sua perna e coloquei na lateral do meu quadril, coloquei minhas mãos em sua bunda lhe dando apoio para que ela se prendesse em meu colo. Passei a beijar o seu pescoço enquanto andava em direção ao meu quarto, sua blusa ficou no meio do caminho. Assim que alcancei a porta, prensei as costas de Nina enquanto tentava virar a maçaneta. Quando consegui abrir a porta, entrei e com um chute a fechei.

Continua?

Antigo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora