XXV

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Marcus Gunnarsen⚽️
Jacob era meu amigo mais alegre, sorridente e feliz, talvez por esse motivo também ele arranje briga onde não há . Mas hoje, agora, nesse exato momento, essa mesma pessoa "alegre pra caramba" estava desabando na minha frente.

-Jacob me explica isso direito cara.

-Não...Dá...-Ele falou em meio a soluçadas e enquanto tentava limpar o rio que se formava em seus olhos com a blusa.

-Seja homem cara, respira fundo e fala tudo de uma vez.

-Eu estava lá perto da área VIP "de boa" com o Brandon e o Johnny quando uma vagabunda chegou perto da gente e tirou a desgraça dos meus óculos, aí eu tentei inúmeras vezes pegar ele de volta mas aquela infeliz falou que só me devolvia se eu pegasse ela, só que eu estava desesperado porque não estava enxergando nada e o Brandon e o Johnny não me ajudaram a recuperar o meu óculos...

-E então você pegou a menina?

-Sim!Aí a Lauren viu e pegou o Matty lá dentro da área VIP.

-Ela foi falar com você depois?-Perguntei e ele voltou a chorar novamente. Ok, eu acabei de mexer com uma zona complicada.

-Eu vou me matar...-Ele falou tirando os óculos.

-Como assim Jake?

-Eu vou me matar com o que fez eu estar morrendo por dentro e, meu amor com a Lauren morrer...-Agora ele tira uma das lentes de seu óculos.

-Jacob, para de falar besteira!-O repreendi mas não deu certo.

Jacob quebrou a lente ao meio e só conseguiu fazer um pequeno corte antes que eu tirasse o vidro de sua mão.

-Cara, você não "tá" bem, vamos para casa.-Falei o puxando para a saída.

Eu tinha a mais absoluta certeza que não seria uma coisa muito agradável para mim ou para ele se alguém o visse assim. Então fizemos um dos caminhos mais longos mas finalmente estávamos na saída.

Usei os últimos "2%" que restavam de bateria do meu celular para chamar um Uber que nos levaria para a casa do Johnny.

Quando entramos no veículo, Jacob não fazia questão de falar nada, na verdade, eu também não. Ele estava fitando alguma coisa pela janela então não o atrapalhei. Pensei em várias coisas que eu podia falar para ele e para a tia Meredith quando chegasse em casa mas nenhuma delas era boa o suficiente para ser colocada em pratica.

Quando chegamos pedi que o motorista aguardasse enquanto eu pegava o dinheiro.

-E o que eu faço se você entrar em casa e não sair?-O motorista falou meio emburrado.

Ele era um senhor de idade e provavelmente não estava com paciência nenhuma de levar dois pivetes de 15 anos até suas casas.

Pensei seriamente no que eu entregaria nas mãos dele, pois assim como eu podia entrar em casa e não sair mais, enquanto eu entrava, ele podia muito bem sair correndo com o meu celular por exemplo.

-É...Se eu não voltar em meia hora o senhor pode ficar com...O JACOB!-Sim, eu fiz isso.

Afinal, o que um velho de 60 anos ia querer com um adolescente de 14 anos deprimindo que pretendia se jogar do primeiro prédio que visse? Exatamente...Nada.

Já que eu tinha a chave, porque a tia Meredith me acha um dos mais responsáveis, entrei na casa do Johnny e fui até o quarto dos pais dele. Tampei os olhos para ter certeza de que eu não perderia minha inocência naquele dia e chamei:

-Tia! Tia?-Alguns segundos houve resposta.

-Marcus? Ah sim, olá querido. Mas por que está com os olhos tampados?

Tirei a mão do rosto rapidamente e dei um sorriso amarelo.

-Nada demais. A senhora pode me fazer um favor?

-Quantos você quiser querido, o que aconteceu?

-Longa história, mas resumindo tudo, a senhora me empresta dinheiro?

-Quanto mais ou menos?

-20 dólares. É que eu esqueci minha carteira com o meu irmão.

-Tudo bem.

Ela me entregou uma nota de 20. Fui correndo até a entrada e dei o dinheiro ao homem que enfim destravou as portas do carro e liberou Jacob.

Subi com ele até o quarto do Johnny e ele se jogou na cama, ou melhor, tentou, porque errou a mira e quase caí no chão.

Fui até a mochila dele e peguei qualquer par óculos.

-Se eu te der, você promete que não vai estragar?-Falei mostrando a armação e ele assentiu com a cabeça.

-Marcus...O que eu faço agora? -Ele me perguntou retomando o assunto de onde havíamos parado.

-Bom, o que VOCÊ acha que deveria fazer?

-Tentar explicar para a Lauren o que aconteceu. Mas se ela não me ouvir?

-Então você faz o que ela fez com você.

-Partir "pra outra"?

-Talvez...

-Mas eu amo a Lauren! De verdade, não dá para simplesmente partir para outra!

-Fale isso á ela, se ela não ouvir, não era para ser Jacob. Você não quer a ver feliz?

-É a coisa que eu mais quero.

-Então!

-Você sabe que é por isso "que tu é o cara" né?

Assenti com a cabeça e ele veio me abraçar.

-A gente se abraça? Quer dizer, você já me abraçou? Tá deixa.

Ele se afastou meio envergonhado e me agradeceu.

-Valeu "aí" cara.

-Não por isso.-Falei antes de ir até o armário do Johnny em busca da minha mochila e pegar meu pijama.

Eu já estava em casa mesmo e ainda por cima devendo dinheiro então o melhor a fazer era tomar um bom banho e descansar.

Assim que saí do meu banheiro, bom, banho para mim é uma coisa sagrada que merece pelo menos uns 10 minutos do meu dia então não me julgue, ouvi tia Meredith dando gritos estridentes no quarto do Johnny então corri para ver o que era.

-VOCÊS DOIS SÃO MALUCOS? VOLTARAM SOZINHOS DE CARRO SEM AVISAR PARA NINGUÉM POR CAUSA DE UMA CRISE DE UM GAROTO DE 14 ANOS?-Ela respirou fundo-Ok, não vou gritar, "Dá rugas Meredith, dá rugas"-Ela repetiu para si mesma.

-Desculpa, é que o Jacob estava muito mal, eu achei o melhor a fazer. -Disse enquanto tentava secar o cabelo com a toalha.

-Tudo bem meninos, mas agora eu vou ter que ir buscá-los.-Ela falou indo em direção á saída.

-Eu hein, mulher maluca.-Jacob pontuou rindo.

-Verdade.

-Marcus...

-Eu.

-Vai cortar o cabelo!-Ele falou enquanto arremessava um travesseiro em mim.

Ouvimos o carro

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