Sinto a mão da minha amiga segurar a minha, aperto a sua de volta. Agradeço que esteja aqui comigo ou quem sabe o que seria de mim. Mari beija minha bochecha e aproxima mais o rosto do meu, permaneço de olhos fechados.
― Seria idiotice perguntar se está tudo bem, mas...
― Eu vou ficar bem, relaxe. ― Aperto sua mão uma vez mais para confirmar minhas palavras.
― Nos vemos em breve ― avisa Breno. Então ouço a porta da ambulância finalmente ser fechada.
― Graças a Deus! ― sussurro.
Deus do céu, minha semana que tinha tudo para ser perfeita se transformou em algo surreal. Não tem mais como ir a entrevista, terça preciso entregar meu TCC ou vou perder anos de estudos e não quero nem pensar nessa possibilidade.
― Essa ruga na sua testa me diz que está pensando no futuro e não no agora, pare de se preocupar que tudo se resolve no seu devido tempo ― aconselha minha amiga.
― Mari, você vai entregar meu trabalho de conclusão ― começo baixinho. Sinto-me letárgica. ― Assim que tudo isso se definir vou ligar para a Claudia e ela vai entender, com certeza ostentarei um atestado médico e isso será o suficiente para explicar minha ausência.
― Tudo bem. Que tal ligar para o chatonildo do seu namorado primeiro? Tenho certeza de que ele vai correr aqui para ficar do seu lado e claro me culpar por toda essa bagunça. ― Seu tom de voz deixa claro o quanto anseia por isso.
― Não agora, melhor esperar o diagnóstico do médico. Sabe como ele é ansioso e trabalha melhor com respostas diretas. Não quero deixa-lo preocupado estando tão longe.
― Bom, acho que deve ligar logo e contar tudo porque não aguento mais ignorar as chamadas dele ― murmura.
Abro os olhos, chocada.
― Como assim, Mariana? O Guga ligou?
― Ele é muito insistente ― resmunga.
― Fala de uma vez, Mari ― exijo, desperta.
Ela bufa.
― Enquanto você estava sendo atendida pelos paramédicos, peguei seu celular que não parava de tocar na minha bolsa e era ele ― diz revirando os olhos. ― No meu estado de nervos acabei dizendo que você havia sido atropelada quando saímos do barzinho e ele soltou os cachorros pra cima de mim sem sequer me ouvir narrar os detalhes, então desliguei na cara dele. Já estava nervosa o bastante para ter de lidar com mais um chilique do Gustavo por ter te levado para se divertir um pouco ao invés de te largar naquele sofá num momento em que precisava justamente sair e espairecer ― solta tudo num só fôlego.
Sei que ela sempre sai em minha defesa e só pensa no meu bem, até mais que eu mesma, porém tem vezes que só quero matá-la por ser tão impulsiva.
― E você só me diz isso agora, ainda mais com a cara mais lavada do mundo? Só posso imaginar como ele deve estar, longe e sem notícia alguma. Você sabe bem como o Guga é protetor comigo.
― Ah, eu sei muito bem. ― ironiza.
― Sério, essa implicância de vocês é ridícula.
― Ele que é um chato ― defende-se.
― Essa noite definitivamente não tem fim... Me passa a droga do celular, Mari ― peço.
Vejo ela desviar os olhos dos meus e espero a próxima notícia enquanto conto até dez mentalmente.
― Então, ele descarregou depois da terceira chamada.
― Droga! ― resmungo. ― E o seu?
― Deixei em casa. ― A olho soltando dardos bem no meio da sua testa. ― O quê? Sai para me distrair, não esperava ligação de ninguém, estou com você que é a única que realmente se importa comigo, são motivos suficientes para deixá-lo.
Volto a fechar os olhos e contar até mil, porque até dez é pouco. Juro que estou anestesiada diante de tanta coisa, a dor no tornozelo passa a se tornar uma mera lembrança de como tudo começou. É possível ficar pior? Tenho até medo de fazer essa pergunta em voz alta.
Ao chegar no hospital, fui encaminhada direto para a emergência onde um médico muito solícito iniciou meu atendimento. Mari ficou na recepção preenchendo o formulário de cadastro exigido sobre mim.
E lá vou eu passar por uma bateria de exames para descobrir que vou passar um tempo de molho. A única vantagem será pôr minhas leituras e séries em dia. Preciso pensar no lado positivo ou vou surtar.
...
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Entre a Máfia e o Amor - Spin-off de Carpe Noctem
RomanceObra Registrada na Biblioteca Nacional Plágio é crime! Portanto, crie suas próprias histórias. Tenha suas próprias idéias ;) História registrada na biblioteca nacional!!! Plágio é crime. Portanto, crie suas próprias histórias. Tenha suas próprias id...