Capítulo 1: De Volta à Heaven Wood

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JÁ ERA POSSÍVEL SENTIR O FRIO INCONFUNDÍVEL DO INVERNO inglês. Konstantin cochilava com a cabeça no meu ombro, estávamos no carro de Eddie, ele e mamãe iam nos bancos da frente e eu e Kon atrás.

Eu também gostaria de dormir, estava exausto, mas não conseguia. Desde que entrei no avião em Cork, estava tão energizado pela notícia que não consegui pregar o olho por um minuto sequer. Konstantin, por outro lado, dormia como uma pedra.

Conforme passávamos pelas ruas cinzentas na noite de Londres, tantos pensamentos invadiram minha cabeça que ela começou a doer. Fiquei confuso ao perceber que Edward tomara o desvio para Heaven Wood.

— Não vamos à Cambridge? — Perguntei.

Ele e mamãe se entreolharam.

— Não, não vamos e isso é tudo que vou dizer até chegarmos lá — Eddie disse tentando, sem sucesso, conter um sorrisinho.

Não me senti no clima para entrar no jogo deles e começar a bombardeá-los com perguntas, apenas continuei quieto observando pela janela todas as paisagens que eu conhecia tão bem.

Max acordou, eu estava de volta à Heaven Wood, não consegui decidir qual das duas opções parecia mais surreal, já que eu não esperava voltar tão cedo, muito menos esperava que Max acordasse tão depressa.

— Querido, você está bem? — Perguntou mamãe, que devia estar me observando há alguns minutos.

— Estou, só estou pensando. Não se preocupe.

Depois que passei pela abstinência e iniciei meu tratamento, ela e Edward ficaram mais pegajosos que de costume. Sempre no meu pé, perguntando se eu estava bem, se precisava de algo ou se tomei meu remédio na hora certa. Isso era bom e ruim ao mesmo tempo. Bom, por que significava que eles me amavam e sempre estariam preocupados comigo e ruim, pelo mesmo motivo.

Além disso, não tive recaídas, me sentia até envergonhado por ter me deixado levar por Lenn James. Mas apesar de tudo, ele fazia falta. Nós nos entendíamos tão bem, dois caras ferrados sobrevivendo às desgraças da vida...

***

Alguns minutos depois estávamos na Rodovia Zero Acidentes, onde tudo aconteceu. Nada parecia ter mudado, exceto pelas marcas do acidente no asfalto, que ainda não tinham sumido completamente. Percebi que apesar da melancolia, lembrar disso já não me causava tanta dor, Max havia acordado e independentemente do que acontecesse depois, ele estaria bem, pois estaria vivo.

Meu coração acelerou quando Eddie entrou no nosso antigo bairro, ele tinha um sorriso presunçoso, assim como mamãe, mas não consegui entender por que estavam fazendo isso. Meus olhos estavam secos, eu precisaria de muitas horas de sono para me recuperar.

Edward reduziu a velocidade e estacionou no gramado da nossa antiga casa, ela ainda tinha o mesmo aspecto, embora algumas coisas estivessem diferentes, como a nova cor da parede.

A porta abriu e Karola saiu da casa com Henry, vindo ao nosso encontro. Os dois estampavam sorrisos imensos. Eu estava feliz, mas naquele momento me bateu uma saudade repentina de Drake, afinal ele também era da família e não estava ali.

Saí do carro e fui recebido por um abraço forte dos dois ao mesmo tempo. Eu também sentia falta deles, não podia negar.

— Você está horrível — Karola disse, então me abraçou outra vez.

Um Amor Incondicional [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora