Capítulo 6

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  Domingo pra mim foi uma tortura não comi nada, simplesmente fiquei sentada no chão o dia todo, relembrando cada segundo do pesadelo que assombra minha vida, não tive forças de sair do chão até porque é no chão que estive durante toda minha vida, estou no fundo de um poço e ninguém pode me tirar, sou uma morta viva, não existe nada de bom em mim, a não ser dor..dor é o que sinto todos dias, nessa minha vida miséravel, não adianta chorar, gritar, ela não vai embora a dor continua aqui me atormentando, me maltratando, quero que ela saia vá embora, quero morrer  simplesmente, estou cansada, não aguento mais e adormeço no chão mais uma vez.

   Acordo ainda no chão, sinto meu corpo todo dolorido, já é segunda. Tomo banho e me arrumo, não posso faltar a faculdade, desço mais não vou pra cozinha como de costume, sigo direto para porta de saída, ouço minha tia me chamar, mas não dou atenção simplesmente saio. Pego meu ônibus, é nessas horas que queria um carro, sento no banco e pego o espelho na minha bolsa vejo que estou um lixo, minutos depois chego na faculdade, vou direto pro refeitório, estou morrendo de fome já que não como desde ontem, compro um lanche e sento pra comer, ainda é cedo e tem poucas pessoas na faculdade, término de comer e fico sentada pra ver se consigo botar a cabeça em ordem.

   -Eiii o que aconteceu? Te mandei um monte de mensagens? E não me respondeu nenhuma, tava preocupada sabia?.- Diz Mônica. Me sinto feliz por tê-la em minha vida.

    -Briguei com minha Tia, por que...-paro e respiro fundo segurando o choro.- aquele motivo que você já sabe.

    -Porque não me ligou?.- fala me abraçando, retribuo o abraço, estava precisando.-Teria ido correndo até você.

    -O importante é que já passou..e temos que ir pra aula.

   -Ah hoje não vou pra primeira aula, tenho que terminar aquele trabalho do professor Alvares..depois você me passa a matéria?..Você está bem mesmo?. -Ela pergunta preocupada, acho que ela morre de medo que eu cometa algo contra mim.

   -Estou bem e depois te passo a máteria..Vou indo beijos.- digo levantando.

   Estou no corredor a caminho da sala, quando ouço uma voz me gritando, sei que é de Felipe, mas não quero que veja como estou, então apresso o passo, mas ele me alcança, é de se imaginar já que ele é enorme e tem as pernas longas.

   - Eiii! O que aconteceu ?- ele pergunta, não respondo e continuo andando, sinto ele puxar meu braço e me virando para que fique frente pra ele.- O que acontenceu?.-Fala um pouco mais sério, e observando meu rosto.

   - Nada! não aconteceu nada!.-Respondo.-Me solta por favor?

   - Eu fiz alguma coisa?.-ele pergunta preocupado.

   - Não.- digo seca.- Agora dá pra me soltar?

  - Seus olhos estão inchados, você estava chorando? O que aconteceu ANNE?.-diz mais sério ainda.

  - SERÁ QUE VOCÊ NÃO ENTENDE,O SIGNIFICADO DA PALAVRA NADAA!.-digo gritando.

   Todos ao redor nos olham, mas ele parece não se importar e continua me encarando com a expressão séria...das vezes que o que o vi nunca tinha visto ele assim (apesar de o ter visto apenas duas vezes) ele realmente está preocupado comigo, sinto uma coisa diferente dentro de mim, que nunca senti antes. E então por um impulso simplesmente o abraço como se aquilo fosse a última coisa que eu faria na vida, ele retribui o abraço e me aperta forte. Sinto como se nesse abraço estivesse protegida, é primeira vez que sinto isso desde de aquele dia... proteção, não quero que isso acabe, quero sentir isso pra sempre, quero me sentir segura, se eu pudesse eternizar algo nesse momento seria esse abraço, ficamos assim alguns minutos, sei que todos no corredor estão nos olhando mais não me importo.

   -O que aconteceu Anne?- ele sussurra no meu ouvido e começo a chorar.-Por favor me diz.

   -Não fala nada por favor, só me abraça!.- ele se solta do meu abraço, pega minha mão e me puxa, não luto contra isso apenas me deixo levar pela sua mão.
   

Ainda Há Esperança?Onde histórias criam vida. Descubra agora