Foguetes

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"E sua amiga? Ela vai participar disso tudo?" Perguntei, fechando minha mala.

"Não. Quer dizer, ela vai ser enfermeira voluntária, mas não vai participar como você. Só espero que se eu me machucar feio, que ela cuide de mim." Niall me disse, com um sorriso no canto da sua boca.

"Parece que você ainda gosta dela." Eu disse, não sabendo mais o que falar e tentando soar o mais indiferente possível.

"Parece." Desta vez seu sorriso bobo ficou mais evidente.

Reuni todas as forças que tinha, forcei o melhor sorriso que consegui e falei com uma voz orgulhosa "Será que tem alguém apaixonado?" Ele revirou os olhos, como se a resposta fosse óbvia e mudou de assunto.

"Por que você não vai poder ir jantar conosco mesmo?"

"Vou visitar minha mãe. Depois de todo esse tempo. Eu estava evitando fazer isso, mas agora não posso mais, afinal vamos embora amanhã cedo." Assim que olhei no relógio, tive de me despedir do Niall e seguir para o hospital, que não era tão distante de ônibus quanto era a pé.

Antes de entrar no quarto, precisei de alguns segundos antes de enfrentar o que estava por vir.

Abri a porta e lá estava ela, dormindo tranquilamente. Me sentei em uma cadeira ao seu lado e segurei sua mão, assim ela acordou e me olhou.

"Oi." Foi tudo o que eu consegui dizer.

"Oi?" Ela disse com voz fraca. "Depois de todo esse tempo sem me visitar, eu esperava um pedido de desculpas da minha própria filha." E sorriu um sorriso cansado.

"Você lembrou!" E com isso, caí em seus braços. Meus olhos lacrimejaram de alegria e, quando a soltei, ela os secou. "Achei que você tivesse esquecido de mim."

"Ah, Scar, claro que não. Eu sei que eu nunca demonstrei, e eu sinto muito, mas você é importante demais pra mim." Ela adimitiu. "Agora, antes que você vá, havia algo que eu queria te contar. Mas não consigo me lembrar do que era."

"Espera, você sabe que eu vou para uma Base? Quem te contou?"

"Seu pai, logo após os testes de memória. Ah sim. É sobre ele. Scarlett, você deve tomar cuidado com ele."

Eu rio da brincadeira sem graça dela. "Tem certeza que estamos falando da mesma pessoa? Meu pai, seu marido?" Digo, abrindo mais meu sorriso e acariciando seus cabelos.

"Mas é claro. Posso ter ficado com amnésia de certos fatos, mas não virei demente. Ele não é quem nós pensamos e quando eu descobri, tentei te avisar, mas então ele fez isso comigo."

"Do que você está falando? Seu acidente obviamente não foi culpa dele. Ele devia estar trabalhando quando você... Mamãe, acho que você está delirando."

"O que ele disse pra você?" Ela me perguntou, incrédula.

"Que não passou de um acidente."

"Não, mas é claro que não! Ele está por trás de tudo! Seus tios descobriram o que ele estava fazendo, mas então seu pai matou sua prima, como ameaça."

Do que ela está falando?

"Tudo o que?"

"Tudo o que tem a-" Alguém abre a porta de repente e faz com que ela se cale imediatamente.

"Ah, graças a Deus, Scarlett! Pensei que estivesse aqui. Procurei por você em todos os lugares. Por que não atendeu o celular? Ah, olá amor." E veio dar um beijo em minha mãe, que olhava para mim com um olhar de súplica para que eu acreditasse nela.

"Eu só tive que vir visitar a mamãe uma última vez antes de ir. Certo, mamãe?" Ela acenou com a cabeça, em silêncio.

"Bom, devemos deixar ela descansar. Despeça-se e então iremos." Disse ele, retirando-se.

"Você tem que acreditar em mim. Ele está enganando todas nós."

"Certo, mamãe... E-Eu preciso ir." Sorri, abracei-a e, antes de me esquecer, tirei uma foto com meu celular de nós duas, uma mais recente e me retirei.

Assim que cheguei em casa, imprimi a foto e a guardei com as coisas que levaria. Dei uma última andada pela casa, dei uma olhada no mural de projetos do meu pai. Muitos dos quais eram foguetes. Ele construía foguetes amadores, já que era um hobbie que ele adorava. Quando eu era pequena ele tentava fazer com que eu gostasse daquilo, mas nunca tive interesse algum.


"No três você aperta o botão." Disse ele, dando os últimos retoques na miniatura. "Quer colocar o combustível?"

Sacudo a cabeça com bastante vontade.

"Venha então, antes que sua mãe a veja." Com isso eu abandono o controle e seguro o pequeno injetor.

"Certo, vamos testá-lo agora." Afirma ele, claramente animado. "Um... Dois... Três!"

"AAAAAAAAHHHHHH" Grito enquanto aperto o botão vermelho. Claramente sou uma criança muito animada.

O foguete começa a sair do chão, com bastante rapidez. Ao alcançar 50 metros, meu pai começa a gritar "conseguimos!" Eu não entendo. Conseguimos o que? Esse foguete obviamente tem que chegar ao espaço e nesse ritmo não sei se ele vai conseguir.

Foi só eu pensar nisso que a miniatura começa a falhar. Com isso, seu combustível acaba e ela volta a cair.

Espera. Está caindo. ELA VAI ME MATAR. "AAAAAAAAAAAAHHHHHHHH" grito, correndo de volta para a casa, onde é seguro. Meu pai logo me alcança e sem querer caímos no chão juntos. Olhamos para cima e vemos o foguete cair a alguns metros.

Não sei por que, mas meu pai começa a rir, gargalhar. Para o acompanhar, eu sorrio e seu rio acaba me contagiando. "Conseguimos 74 metros!" Ele afirma com a maior felicidade do mundo.

Eu me sinto incrivelmente satisfeita e alegre por ele, mesmo não sabendo o que aquilo significasse.

Vou sentir falta desses detalhes.

Louder -A Niall Horan Fanfic-Onde histórias criam vida. Descubra agora